Barraco & Zillig, Tort, Bizzo, Sclater, Bishop.

- Barraco & Zullig

• Esta é uma reportagem publicada no site da Scientific American Brasil;
• Aqui os autores visam tornar Fritz Müller mais conhecido do público brasileiro a partir de uma breve biografia do cientista;
• Müller era conhcido de Hermann Blumenau (amigo de seu avô), fundador da colônia de homônima em Santa Catarina. Já tinha vontade de imigrar para cá desde cedo devido aos relatos de Blumenau.
• Durante os primeiros anos aqui trabalhou como colono, construindo sua própria casa. Também pesquisou a fauna, flora, a população indígena e praticou sua formção como médico;
• Manteve correspondência com Darwin por 17 anos (1865-1882), porém nunca se conheceram pessoalmente;
• Leu a Origem em 1861 e aceitou suas hipóteses sem delongas, era ateu, portanto não possuia ressalvas ideológicas que o impedissem;
• Começou a estudar crustáceos de modo a produzir fatos que corroborassem Darwin, suas conclusões foram então publicadas em Für Darwin (1864);
• "Cabe ressaltar que o uso de caracteres adquiridos compartilhados [...] entre espécies vivas de crustáceos foi uma grande inovação introduzida por Müller. [...] Nelson Papavero relata que Müller foi, certamente, o primeiro a criar uma filogenia séria, com base em observações concretas e exaustivas de material vivo, diferentemente de Darwin, e depois, Haeckel, que propuseram árvores filogenéticas teóricas."
• Darwin teve acesso ao livro em 1865, considerou-o uma honra e providenciou a tradução para o inglês;
• David West afirma que a Lei da Biogenética ("ontogenia recapitula filogenia") foi proposta primeiro por Müller, e depois copiada por Haeckel (1866), que só reconheceu isso em 1872. Porém na autobiografia Darwin afirma ter mencionado a Lei primeiro já em 1859:
• "Hardly any point gave me so much satisfaction when I was at work on the Origin, as the explanation of the wide difference in many classes between the embryo and the adult animal, and of the close resemblance of the embryos within the same class. No notice of this point was taken, as far as I remember, in the early reviews of the Origin [...] Within late years several reviewers have given the whole credit of the idea to Fritz Muller and Häckel, who undoubtedly have worked it out much more fully, and in some respects more correctly than I did. I had materials for a whole chapter on the subject, and I ought to have made the discussion longer; for it is clear that I failed to impress my readers; and he who succeeds in doing so deserves, in my opinion, all the credit."
• Os autores comentam também o mimetismo mülleriano, no qual borboletas não palateveis se assemelham entre si. Ele mostrou que a vantagem desse mimetismo é inversamente proporcional ao quadrado do número de indíviduos.
• Müller foi o único colaborador de Darwin no Brasil.

- Tort, entrevista (2010) 

• Tradução de uma entrevista entre Bascoulerge e Tort feita por Zoppi;
• A entrevista começa com explicações de conceitos darwinianos;
• A principal contribuição de Tort para os estudos Darwinianos foi sua análise do aspecto antropológico das teorias de Darwin. Segundo ele, Darwin não acreditava que sua teoria continuasse agindo sobre o homem após a formação da civilização, segundo a sumariazação de Tort: "a seleção natural seleciona a civilização, que se opõe à seleção natural". O autor afirma que isto está em Descent of Man.
• Assim Tort desenvolveu o "efeito reversivo da evolução", ou seja, a "eleminição tendencial da eliminação."
• Tot parece idealizar muito Darwin afirmando que ele foi um completo opositor do Darwinismo Social, porém é relativamente comum encontrar passagens machistas ou racistas nos escritos de Darwin;
• Tort afirma que Darwin se declarava agnóstico como meio de evitar conflito, porém é muito radical, e cai em erro, ao definir Darwin como ateu convicto a partir da autobiografia, não há evidência disso nesse texto. Darwin se posiciona como agnóstico, mesmo em um texto que esperava que só seria lido por seus filhos;
• Em seguida o autor discorre sobre a relação dos conceitos darwinianos e a psicanálise;

- Bizzo (1992)

• Bizzo discute neste artigo a relação que Darwin tinha com relação à raça humana em suas teorias;
• Darwin já pesquisava o assunto nos anos 1850, lendo e anotando os livros de Prichard (sobre a história da humanidade) e Latham (sobre migrações humanas);
• John Greene acredita que Darwin já pensava em abordar a raça humana no "Big Book", devido a certas evidências no rascunho, enquanto outros historiadores, como Gruber, acreditam que Darwin queria evitar este assunto;
• Bizzo acredita que quatro fatores imperdiram ou podem ter impedido Darwin de prolongar sua teoria aos humanos no "Big Book":
1. Darwin expandiu o capítulo 6 (aquele que deveria conter a discussão com relação a raça humana) explicando o princípio do divergência com intenção de antecipar críticos. Assim não sobrou espaço para elaborar seus pensamentos com relação ao homem;
2. Problemas de saúde. Segundo Bizzo Emma tinha que ajudar a escrever algumas partes durante esta época, pois Darwin não conseguia escrever;
3. A pressa gerada pelo ensaio de Wallace seguido pelos conselhos de Lyell e Hooker de que os escritos deveriam ser publicados logo. Darwin então resumiu o "Big Book" e o publicou como a Origem.
4. A morte de Charles Waring. Bizzo discute longamente esse ponto, de acordo com ele era comum pensar que crianças com problema de desenvolvimento eram reversões ao estado selvagem, que na época acreditava-se ser os povos mongóis. Reversões não eram as mais aptas a sobreviver frente a seleção, assim Bizzo conclui:
• "Thus, when Darwin was writing the chapter on natural selection he may have thought that his son was a sort of “reversion to the wild state” and not the “fittest” individual facing natural selection. We may also think that the way he “avoided” the discussion of reversion in the Origin supports this suggestion [...] Darwin knew what natural selection would do with members of a race that had “any modification if in the slightest degree injurious,” and that it would “scrutinize every habit, instinct, constitutional difference, every organ external & internal.” It would therefore have been extremely hard for him to write about natural selection acting on humans that summer just after the death of his own mentally handicapped child."

- Sclater (2006)

• Aqui Sclater discute a questão de Darwin conhecer ou não Mendel, seu objetivo é mostrar que as ideias de Mendel não tiveram efeito nenhum sobre Darwin; 
• O autor diz que, de acordo com Orel, as ideias de Mendel permanceram na obscuridade, pois a revista não era de alta circulação, por Mendel ter desistido de realizar experimentos após 1868 e por falta de apoio de Nägeli, que não encontrou importância nos resultados de Mendel.
• Nas listas que compilam os livros da biblioteca pessoal de Darwin Mendel não aparece nenhuma vez;
• As fontes secundárias pelas quais Darwin poderia ter conhecido Mendel também não são promissoras. Uma é o catálogo de artigos da Royal Society publicado três anos antes da morte de Darwin e com uma parca referência a Mendel. As outras fontes são o livro de Hoffman (1869), onde Mendel é citado sem grandes pompas e não foi notado por Darwin também, e o livro de Focke (1881) onde Mendel é discutido com mais detalhe;
• Anteriormente, Dover havia proposto um mistério: "Porque Darwin havia sugerido o nome de Mendel em um artigo sobre hibridização de plantas para a Encyclopaedia Britannica?" De acordo com after, Darwin não listou referências para o verbete, apenas enviou o livro de Focke com os dizeres na correspondência "ajudará muito mais do que eu posso".
• O autor conclui dizendo que Mendel demorou muito tempo a ser considerado, e que mesmo que Darwin o tivesse lido a chance de reconhecer a significância dos resultados era mínima. De qualquer forma, Mendel não aparece em nenhum dos trabalhos de Darwin, não aparece em sua correspondência e possui uma presença irrisória em sua biblioteca;

- Bishop (1996)

• Neste artigo, Bishop explora a visão pelo lado de Mendel, defendendo a tese de que Mendel era anti-transmutacionista e até mesmo especificamente anti-darwiniano. Alguns paralelos podem ser encontrados com o artigo de Sclater.
• Mendel não cita Darwin diretamente mas ele mesmo afirma que o objetivo de seu trabalho é contribuir com o debate evolucionista que está ocorrendo no momento;
• Segundo Bishop há evidência no histórico de Mendel e em seus próprios trabalhos (um sobre Pisum e o outro sobre Hieracium);
• Mendel possuía uma cópia da segunda edição da Origem, seu primeiro biógrafo diz que Mendel não só adquiriu todos os livros seguintes de Darwin como também livros relacionados;
• Di Trocchio, devido a uma série de fatores abordados também por Bishop, afirma que os famosos experimentos de Mendel não foram realizados fisicamente, apenas no papel. Seu artigo quanto a isso será estudado mais profundamente por mim no futuro;
• Ridley afirma que o processo mendeliano sozinho não produz mudanças evolucionárias;
• Segundo Bishop, Darwin trabalhava com evolução, população e hereditariedade e Mendel espelhou esses temas em seus trabalhos. Bishop afirma que o programa de pesquisas de Mendel deve ter adotado uma perspectiva populacional independentemente ou seguido as pegadas de Darwin;
• "In fact, Mendel's paper can be seen as an attempt to provide a theoretical explanation for the phenomena of reversion and transformation, both of which were held to support the orthodox doctrine of special creation."
• Mendel seguia Kölreuter e Gärtner que, segundo Bishop, eram partidários da "ciração especial" e citados por Darwin como adversários na Origem. 
• Um contemporâneo de Mendel, Niessl, já afirmava na época que as visões de Mendel eram opostas a Darwin e Wallace;
• Os caracteres discretos enfatizados por Mendel iam de total encontro contra as características graduais enfatizadas por Darwin;
• "As Arnold Ravin (1965) has pointed out, Mendel's theory was based upon the assumption of equality throughout all stages of the life cycle: equal gametes that unite at random to form equal zygotes that grow into equal plants, reproducing equally generation after generation. This, of course, is the antithesis of Darwin's theory of differential survival and differential reproductive success"
• Bishop também demonstra que Darwin nunca deu muita atenção a herança Mendeliana ou a evolução discontínua, tratava-as como casos menores dentro de sua teoria;
• É levantado a hipótese de Mendel ter escolhido apenas alguns caracteres, desconsiderando o resto, que seriam inexplicáveis por suas contas;