Postagens

Mostrando postagens de março, 2020

Kragh, XV - The biographical approach

Imagem
Biografias são parte da história da ciência embora seu prestígio em relação aos historiadores da ciência profissionais varie ao longo do tempo. Podem prover relatos distorcidos da HCC devido ao foco em apenas uma pessoa. Entretanto, esse foco não deve ser diretamente ligado a falta de objetividade. Podem se degenerar em hagiografia, isto é, historiografia preta e branca e whig. O direcionamento a um público amplo faz com que questões mercadológicas afetem as características da obra. O autor pode dramatizar a vida do cientista e criar situações sem muita base factual. Apesar de parecer unicamente internalista, biografias podem ser externalistas. O sujeito biografado pode ser visto como um meio para entender as correntes intelectuais que o transpassam. .Perspectiva integrada: Modo de unir o espírito da época ao indivíduo que é "a unidade através da qual essas correntes [filosóficas, políticas, sociais e literárias] passam por um mesmo 'filtro', são mistura

Kragh, XVI - Prosopography

Imagem
O autor discute a história da prosopografia, sequencialmente: Galton, Ostwald, de Candolle até Merton. Afirmando que é uma técnica ainda periférica na HCC.  As fontes importantes para esse campo são biografias coletivas, tabelas de descobertas, protocolos, anuários, registros acadêmicos entre outros. Estudos sociológicos sobre a estrutura de grupos de pesquisa e seu desenvolvimento utilizam técnicas prosopográficas. Chegando a conclusões de que o sucesso de uma disciplina depende  também de como é propagandeada, afirma-se ainda que essas questões sociológicos de divulgação e recrutamento são mais importantes do que a verdade da tese defendida para o desenvolvimento de uma ciência. "Science does not live on by itself, on the strength of its intellectual qualities alone." Os dados e delineamento dos prosopográfos não são alheios a questões subjetivas ou qualitativas. Ainda, o estudo coletivo de biografias configura um estudo da aristocracia da ciência mas há um

Kragh, XIV - Experimental history of science

Imagem
Belloni propõe um reconstruções de experimentos como um método suplementar de entendimento da história da ciência enquanto outros afirmam que a peculiaridade dos experimentos é irreproduzível. Kragh diz que os pontos de vista não precisam ser contraditórios. Esse método de estudo é particular da HCC, pois as ideias estudadas dizem respeito aos aspectos naturais. Reconstrução histórica e reconstrução racional são diferentes. No segundo, o raciocínio é repensado a partir de outra racionalidade e criticado, impraticável, segundo Kragh, para a HCC que não deve julgar o passado com a medida do presente. Entretanto, experimentos reproduzidos podem conter elementos de reconstrução racional. O autor explica: "Repetition of experiments can only involve the physical actions that form "the raw kernel of experiments [...] The real experiment is an integral whole in which theoretical expectations and interpretation of data are also involved." Pode ajudar a distinguir

Kragh, XIII - Scientists' histories

Imagem
Não é possível saber se as anotações privadas de um cientista refletem o jeito que se comportou. Falta de memória, tendência de racionalizar eventos após seu acontecimento e outras razões para apresentar os eventos de maneira diferente afetarão relatos retrospectivos. Cientistas podem produzir relatos conflitantes ao longo da vida. Os textos ainda podem não refletir os pensamentos do autor ou conter pensamentos que seriam formulados de maneira diferente em outras situações. "Não importa o quanto o cientista acredite no que escreve, os pensamentos expressados publicamente terão vida própria na história da ciência", no entanto, pode ser necessário ir além do que o cientista escreveu para acessar seus pensamento e entender uma possível dissonância entre o texto e e seu comportamento. Textos não podem ser analisados no vácuo. Eles tem um fim e um público que os afetam. Na história contemporânea fontes podem ser produzidas pelo historiador (embora igualmente sujeitas

Kragh, XII - Evaluation of source materials

Imagem
A atribuição do documento deve ser questionada, assim como a relação do está ali e com o que o autor realmente pensava. Kragh diz que artigos publicados não são uma "fonte apropriada de informação detalhada sobre as visões de um autor" devido às interferências do processo de editoração, sendo os os manuscritos melhores para esse propósito. Não concordo totalmente com essa afirmação. O autor discute longamente questões de tradução científica. Traduções despertam os problemas relacionadas a historiografia diacrônica e anacrônica. Em uma concepção bem arrojada, o autor entende que uma reprodução exata não é uma tradução que deve ser usada para transformar a informação de uma fonte com o intuito de ser entendível em outro contexto. Tradução envolve interpretação e avaliação. Kragh e Popper são consonantes com tradução como reescrita. Traduzibilidade faz parte da teoria da ciência, por exemplo na tradução ou incomensurabilidade de teorias entre teorias distintas.

Kragh, XI - Sources

Imagem
Fontes são materiais humanos do passado, seja um escrito ou uma relíquia (entretanto, é o historiador que transforma a relíquia em uma fonte através de interpretação). A informação que a fonte provê é o intermediário entre a fonte-objeto e o historiador, entre o passado e o futuro. A fonte é fixa, mas ela pode prover informações distintas ou mesmo conflitantes. Fontes simbólicas dão informação propositadamente, enquanto fontes não simbólicas fazem o mesmo não intencionalmente. Fontes primárias são aquelas do tempo estudado, com relação cronológica direta com aquela realidade histórica. Fontes secundárias são posteriores e se constroem sobre fontes primárias. Esse conceito só se aplica à fontes simbólicas. A distinção não é estática: "Since a source is only a source in a specific historical context, the same source object can be both a primary or secondary source according to what it is used for". A possível taxonomia (modificada por mim que não concordo com algum

Kragh, X - Ideology and myths in the history of science

Imagem
Quando evidências documentais são distorcidas, ignoradas ou alocadas de maneira desproporcional para servir a determinado propósito a história se torna ideológica. A ideologia raramente é admitida pelo ideologista ou pelo grupo ao qual serve. Ideologias não são conservadoras ou progressistas, podem ser direcionadas para glorificar o status quo ou a mudança. Ideologias externas são direcionadas ao público leigo e políticos, geralmente ligadas a política científica e histórias da ciência nacionalistas ou religiosas. Ideologias internas são usadas de maneira mais sutil, geralmente ligadas com a legitimação de uma corrente. Mitificação, por cientistas e para cientistas, da ciência ou de um cientista é uma prática interna, formação de um mito fundador. Kuhn acredita que essas histórias disciplinares são parte do paradigma, forma uma "história de trabalho" retrospectiva, prática e com vistas para o futuro que instrui os cientistas que a praticam ou que querem se juntar a

Kragh, IX - Anachronical and diachronical history of science

Imagem
História anacrônica é o estudo do passado de acordo com os conhecimentos do presente, visa entender o seu desenvolvimento até o presente. Ideal para avaliar acontecimentos em relação com o presente. Fatos científicos e teorias são tidos como universais. Em muitos casos é necessária, pois questões de pesquisa interessantes podem ser respondidas, "de maneira geral, perguntas porque-não não tem lugar em uma historiografia puramente diacrônica". O estudo diacrônico visa estudar o passado levando em conta apenas seu contexto imediato. Ideal para avaliar acontecimentos em seu contexto. Uma história puramente diacrônica torna-se descritiva, inacessível e pouco relacionada com o presente (chega-se ao ponto de uma discussão anti-anti-whig). Kragh afirma que a história diacrônica deve ser um ideal, uma vez que "o historiador não pode se divorciar de sua própria época e não pode evitar completamente o uso de padrões contemporâneas". Diacronismo puro não serve ao propósi

Kragh, VIII - Structure and organization

Imagem
Periodização é resultante da historiografia e não da história. Normalmente a periodização é cronológica, linear. Outras periodizações podem ser de valor didático, mas devem ser usadas com cautela para o estudo histórico. O detalhamento de cada período cabe ao historiador, não existem períodos a priori que mereçam mais atenção do que outros. Tradicionalmente, ciências naturais (especialmente a física) recebem mais atenção pela HCC, mas também não há motivo para quais ciências mais estudo do que outras. Mott Greene faz um comentário bem pensado e crítico, no qual eu me encaixo de certa maneira: It seems ... to border on irresponsibility to allow a student to write the nth thesis on the reception of Darwinism somewhere, or the n+1 thesis on Newtonian minutiae, while an entire branch of science (and, moreover, one with similarly engrossing philosophical implications) is all but unexplored. In such a field, a student would have the chance to produce original and valuable historical

Kragh, VII - Hypothetical history

Imagem
História contrafactual pode ser entendida pela expressão mais popular história alternativa. Um argumento contrafactual é baseado em um preceito reconhecidamente falso, "se X não tivesse acontecido, então Y também não" ou "se X não tivesse descoberto Y, Z não seria inventado." Kragh compara esses argumentos à hipóteses, pois também são argumentos com função heurística cujo valor de verdade também não é conhecido a priori. É mal vista por historiadores, pois separa os fatos escolhidos do contexto histórico holístico e imprevisível no qual se inserem. Kragh é da opinião contrária, acredita que história contrafactual ou hipotética tem valor histórico, especialmente quando formuladas de maneira mais atenuada, por exemplo: "If non-X, then non-Y' is the same as saying that X is a necessary condition for Y and is thus a rather strong assertion. 'If X had not occurred then Y would not have occurred in the way it did' is a weaker, but often more reas

Kragh, VI - Explanations

Imagem
Descrição pura é escrita cronista, não história pois esta demanda explicação. Existem duas interpretações principais, os que preferem explicações causais e os que preferem explicações mais históricas. Na visão de Knight, eventos interessantes devem ser explicados com relação a norma estabelecida de cada época (identificar as normas por si só já constitui um trabalho interessante). Hempel desenvolveu um modelo explicativo (chamado de dedutivo-nomológico) causal lógico e preditivo no qual se os dados (eventos) e leis (comportamentos do cientista) forem conhecidos isso consistirá uma explicação para o que deve ser explicado. O modelo é normativo e não pretende ser descritivo. Kragh critica esse modelo pois muitas ocorrências científicas são idiossincráticas e o processo de descoberta é criativo, não necessariamente lógico, porém "as descobertas científicas podem ser entendidas, explicadas e analisadas de modo que pareçam ser bem fundamentadas e racionais de acordo com as

Kragh, V - Objectivity in history

Imagem
A maior parte da crítica em relação à objetividade na história diz respeito a historicidade do fato e não sua veracidade, mas também não há nenhum critério absoluto para determinar quais fatos são historicamente interessantes ou não (embora certos contextos sejam circundados por acontecimentos não ignoráveis). É comum que os céticos igualem o conhecimento objetivo e conhecimento científico para, a partir daí, posicionar a subjetividade do conhecimento histórico. Kragh acredita que o conhecimento científico sofre das mesmas insuficiências que o histórico (seleção subjetiva de fatos, significância relativa a uma determinada teoria, aproximações da verdade ao invés de verdades absolutas, observações refutáveis). Mesmo o critério de observabilidade direta é contestável na ciência, uma vez que o conhecimento científico nasce de um processo de seleção e avaliação de observações como evidências de variável confiabilidade. O autor critica a visão da não cientificidade da história a p

Kragh, IV - Elements of theory of history

Imagem
Para os positivistas, a história descreve o passado com base em fatos e funda-se nas seguintes questões: 1) o passado é uma realidade objetiva; 2) o historiador deve reconstruir o passado e não interpretar, avaliar ou tirar conclusões sobre o presente ou o passado a partir a partir dos fatos históricos; 3) é possível obter conhecimento objetivo a partir do passado e o observador (imparcial) pode ser separado do observado; 4) a história é um aglomerado de fatos a serem descobertos a partir do estudo crítico de documentos, o historiador só pode emitir conclusões se estiver em posse de todos os fatos relevantes. Atualmente, a distinção entre "fatos passados" (todo o passado) e "fatos históricos" (informação considerada relevante pelo historiador para compor o passado) desafia a noção simplista do positivismo de que a história é feita simplesmente de fatos objetivos. Os fatos históricos não existem previamente, mas são construídos. Fatos do passado podem ganha

Kragh, III - Objectives and justification

Imagem
O autor discutirá diferentes acepções do que é considerado o objetivo final da HCC: HCC pode ser útil ao cientista de hoje, isto é, pode inspirá-lo ou responder para ele alguma questão de sua pesquisa ou que a HCC deve ser um instrumento de avaliação dos conceitos e métodos modernos conforme interpretados e apresentados pelo historiador ao cientista. É difícil achar exemplos concretos disso e mesmo que eles sejam inspirados não é possível distinguir de uma inspiração literária ou religiosa. Aumento do prestígio da ciência moderna frente aos obstáculos de sua história. Esse conceito foi utilizado mais para propagandear a potencialidade da ciência pura em gerar conhecimentos aplicados (tecnologia) e justificar seu orçamento, uma ciência vista como bem inevitável. É difícil achar exemplos concretos e é possível construir um argumento contrário a partir de estudos de caso (sobre a falta de relação entre ciência e tecnologia ou que ambos não contribuem positivamente para a socied

Kragh, II - History of science

Imagem
Dois sentidos da história: H1 - Descrição dos fenômenos ou eventos que ocorreram no passado, não há acesso direto ao H1, apenas às partes que são transmitidas até nós. H2 - Análise da H1, pesquisa histórica e seus resultados. "O objeto de H2 é H1 na mesma medida que a natureza é objeto da ciência". Comumente chamada de historiografia, mas esse termo pode significar: 1) registro profissional da história; ou 2) filosofia e teoria da história em um sentido meta de modo que H2 seria seu objeto. O autor adiciona que história puramente descritiva não é historiografia, mas pode ser sujeita a uma análise historiográfica. A história se preocupa com os acontecimentos relevantes humanos, o uso de história de objetos não humanos é mais lato sensu . A partir daqui, o autor entra em uma discussão sobre a demarcação da história e questiona os critérios mais básicos (estudo da mudança ao longo do tempo, peculiaridade ou individualidade dos eventos). Dois sentidos de ciênc

Kragh, I - Aspects of the development of the history of science

Imagem
O autor faz uma genealogia da história da historiografia da ciência da antiguidade até o início do século XX. A ciência tem desde os tempos clássicos até o medievo uma tradição de se relacionar com seus antecessores. Os "cientistas" da época abriam caminho para novas ideias a partir de críticas a trabalhos mais antigos. Em tempos clássicos a história era voltada para o contemporâneo e tendia a desprezar acontecimentos anteriores. Testemunhas oculares eram tidas como as melhores evidências de modo que a perspectiva da história grega era limitada a uma geração. Também era um fator a concepção de tempo cíclico ou estagnado que não favorecia o estudo da história. Outro ponto que nos impede de entender esse período é a ausência de fontes primárias, embora trabalhos de Proclus e Simplicius podem ser denominados como história da ciência (HCC) do clássico-tardio. Dura os séculos 16 e 17 o termo "histórico" podia significar fatos concretos e "história"

Masetto

Masetto - Competência pedagógica do professor universitário, Caps 7-8 (2012). C.7 - Aulas. Aula como grupo com objetivos comuns de aprendizagem - Grupo de pessoas com os mesmos objetivos de aprendizagem. Dissolve-se a estrutura hierárquica e arquitetônica tradicional. Encontro e diálogo entre os presentes. Aula como (con)vivência humana e de relações pedagógicas - Professor como mediador. Aula como espaço aberto onde os alunos podem dialogar livremente. A vivência traz a realidade dos alunos e a devolve trabalhada e pensada de modo que o que foi aprendido é diretamente aplicado a vida de cada estudante. Espaço físico da aula - Pode variar. Podem haver deslocamentos e aulas ao ar livre dependendo do objetivo da aula. Maior conforto e interesse por parte dos alunos. Redefinição dos objetivos da própria aula - Retirada do estilo tradicional e da função tradicional do professor. Construção em conjunto com os alunos. Técnicas participativas - Evitar o abuso de aulas

Chauí

Chauí (1994) - USP 94: a terceira fundação Todos os documentos discutem as mesmas coisas. Há uma proximidade de assunto com distanciamento temporal. MATHIAS 1967- Pede unificação e centralização das faculdades sob uma tutela comum. Universidade própriamente dita. Luta pela escola pública. Busca a universidade, autonomia docente, departamentos sem cátedra, integração, interdisciplinarização. Participativa, social e democrática. Realizado na ditadura: integração se torna centralização; reformulação curricular e vestibular unificado por áreas tornam-se escolarização e massificação do teste de múltipla escolha; articulação entre pesquisa básica e aplicada e ensino se torna hierarquização entre pesquisa pública e privada e profissionais com prestígio segmentado. Paridade entre docência e pesquisa 1970-1980 SIMÃO E ADUSP 1979/1984 - Críticas ao centralismo, burocracia e falta de representatividade. Continuidade do projeto de Mathias interrompido pela ditadura. Autonomia vs servil

Martins, Harrison

Imagem
Martins (2005) - História da ciência: objetivo métodos e problemas Define o estudo da história da ciência como um estudo metacientífico ou de segunda ordem com metodologia própria e linguagem mais alinhada à filosofia da ciência. Abordagens: Conceitual ou interna: discute fatores científicos relacionados a determinado assunto. Feita a partir de uma comparação do texto em questão com outros textos do mesmo autor e com os de outros autores da época. Não-conceitual ou externa: discute fatores extracientíficos de um determinado assunto. Feita a partir de documentos paralelos ao texto principal levando em conta o mundo no qual o autor vivia. As abordagens são complementares e geralmente a primeira precede a segunda. O historiador da ciência em formação deve estudar para conseguir uma boa base para futuras pesquisas, evitar modismos, balancear a amplitude de seu tema de pesquisa, ser original, estar aberto a conhecimentos de diversos campos. Autora defende que a historio