Kragh, III - Objectives and justification

O autor discutirá diferentes acepções do que é considerado o objetivo final da HCC:

HCC pode ser útil ao cientista de hoje, isto é, pode inspirá-lo ou responder para ele alguma questão de sua pesquisa ou que a HCC deve ser um instrumento de avaliação dos conceitos e métodos modernos conforme interpretados e apresentados pelo historiador ao cientista. É difícil achar exemplos concretos disso e mesmo que eles sejam inspirados não é possível distinguir de uma inspiração literária ou religiosa.

Aumento do prestígio da ciência moderna frente aos obstáculos de sua história. Esse conceito foi utilizado mais para propagandear a potencialidade da ciência pura em gerar conhecimentos aplicados (tecnologia) e justificar seu orçamento, uma ciência vista como bem inevitável. É difícil achar exemplos concretos e é possível construir um argumento contrário a partir de estudos de caso (sobre a falta de relação entre ciência e tecnologia ou que ambos não contribuem positivamente para a sociedade): "In any case, no matter what the relationships between science, technology and society are and have been, history of science should not be misused as propaganda for the gospel of the scientific society".

Serve como pano de fundo para outras atividades metacientíficas, como filosofia e sociologia da ciência. A HCC é considerada por alguns como um elemento da Ciência da Ciência, que pode deslocar seu ideal histórico para um mais pragmático.

Duhem apresenta a função didática da HCC que apresenta o conhecimento científico de maneira mais interessante que sua versão finalizada e estéril. Kragh afirma que a HCC pode tanto ser usada para ensinar de forma menos dogmática quanto reforçar a ladainha da ciência e que os benefícios práticos desse modo de ensino são exagerados.

Para Sarton, a HCC servia para unir as ciências e as humanidades (ver C. P. Snow (1959), Two cultures) e para restaurar a humanidade da ciência frente ao movimento crítico que se formou nos anos 60. Kragh acredita que a HCC não deve ser usada para silenciar esses críticos, mas como um modo de perguntar porque a ciência de hoje é dissociada de sua humanidade.

Em contrapartida, existem aqueles que acreditam que a HCC não precisa de justificativa pragmática, sendo a ciência outro aspecto da humanidade que atrai a atenção da história e portanto visa revelar o passado.

Atualmente, a história da ciência adotou práticas de outros campos (movimento do "novo ecletismo") que levaram a mudança do foco em cientistas para aspectos mais amploes da ciência. O campo ganha mais ênfase na história do que na ciência.

O autor defende que a ciência contemporânea pode ser melhor entendida com o auxílio da históira e que a possibilidade de aprender algo com o passado para planejar o futuro não significa aceitar a historiografia pragmática, isto é:

In particular, history of science can give us a useful reminder that the forms in which science is carried out today are not the only forms possible but a socially conditioned selection among many alternatives. Reference to known historical courses can give us information about which aspects of science are 'natural' or inherent parts of science per se; and, more to the point, information about which aspects are not but are culturally determined and therefore part of the social context of contemporary science. It is history of science in particular which has taught us that the positivist belief in a value-free, culturally independent science is a myth. And it is history of science, more than anything else, philosophy included, that has taught us that the scientific method, perceived as an absolute, canonized doctrine, is an artefact.

Cacciopo et al (2004): Scientific realism holds that scientific theories are approximations of universal truths about reality, whereas scientific instrumentalism posits that scientific theories are intellectual structures that provide adequate predictions of what is observed and useful frameworks for answering questions and solving problems in a given domain.

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