Kragh, V - Objectivity in history


  • A maior parte da crítica em relação à objetividade na história diz respeito a historicidade do fato e não sua veracidade, mas também não há nenhum critério absoluto para determinar quais fatos são historicamente interessantes ou não (embora certos contextos sejam circundados por acontecimentos não ignoráveis).
  • É comum que os céticos igualem o conhecimento objetivo e conhecimento científico para, a partir daí, posicionar a subjetividade do conhecimento histórico. Kragh acredita que o conhecimento científico sofre das mesmas insuficiências que o histórico (seleção subjetiva de fatos, significância relativa a uma determinada teoria, aproximações da verdade ao invés de verdades absolutas, observações refutáveis). Mesmo o critério de observabilidade direta é contestável na ciência, uma vez que o conhecimento científico nasce de um processo de seleção e avaliação de observações como evidências de variável confiabilidade. O autor critica a visão da não cientificidade da história a partir desses conceitos de objetividade científica, uma vez que eles não existem. A reprodutibilidade também é contestada, já que não é um preceito fundamental para várias ciências.
  • Há ainda a discussão sobre a objetividade empírica do presente versus um passado inacessível, pois se o conhecimento do passado não pode ser objetivo também não deveriam produzir conhecimentos objetivos ciências como a paleontologia. Distinguir onde o conhecimento subjetivo do passado termina o conhecimento objetivo do presente começa é traçar uma linha arbitrária.
  • Kragh defende o abandono da objetividade absoluta empiricista por acreditar que ela seja um critério idealista. Para o autor, os critérios da ciência e da história estão sempre em fluxo.
  • Há o ponto de vista perspectivista, no qual a formulação do problema (pergunta, seleção, critérios de historicidade) é subjetiva, mas as afirmações resultantes são objetivas.
  • O ponto de vista da "cognição objetiva relativa" é definido:
    • As opposed to in relativism, the truth value of historical statements is not dependent on who formulates the statements, where, when and in what circumstances. The subjective factor cannot be eradicated completely from history. It is an integral part of historical cognition. But the kind of subjectivity under discussion here - the 'good subjectivity' as Schaff calls it - is not incompatible with objective recognition of historical occurrences. 'Bad subjectivity', on the other hand, destroys the credibility of history; it is the subjectivity that stems from the prejudices, personal interests, political sympathies, etc. of the historian. This subjectivity tends to produce ideology instead of knowledge.
  • O historiador pode tentar apontar a não objetividade de determinadas afirmações a partir de sua experiência historiográfica. Se a afirmação não tem falhas ela deve ser objetiva. Conter mentiras não afeta a objetividade, nem contradições ou preconceitos. Isto torna a afirmação contestável, mas não necessáriamente não objetiva. Segundo Hermerén, a falha deve tornar a afirmação enganosa e ser partidária (embora partidarismo também não seja sinônimo de não objetividade) e propõe um processo para determinar a não objetividade. Este critério não é universal entretanto, pois sempre será possível argumentar que determinado fenômeno é uma falha em um dos modos de ver a coisa e não o é em outro.
  • O conceito de verdade não é bem aplicável a história, pois "historical accounts do, of course, contain statements about the past but these are bound up with a narrative whole that cannot be broken down into a series of these statements [to be judged as true or false]".
  • Para os relativistas não é possível atingir o conhecimento histórico, apenas produzir relatos a partir das versões de cada ator. Nessa concepção o historiador não pode revelar o que houve no passado, mas Kragh discorda e afirma que não é raro que historiadores façam descobertas além ou contra as versões de cada ator. Ainda para os relativistas, o processo criativo do cientista não é passível de análise, importando apenas o processo de aceitação ou rejeição de crenças. Para Kragh, isso não precisa ser um princípio da pesquisa histórica.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Evolucionista Voador - Costa

Brown Sequard

TS - Jia Ye (2021)