Kragh, VIII - Structure and organization


  • Periodização é resultante da historiografia e não da história. Normalmente a periodização é cronológica, linear. Outras periodizações podem ser de valor didático, mas devem ser usadas com cautela para o estudo histórico.
  • O detalhamento de cada período cabe ao historiador, não existem períodos a priori que mereçam mais atenção do que outros. Tradicionalmente, ciências naturais (especialmente a física) recebem mais atenção pela HCC, mas também não há motivo para quais ciências mais estudo do que outras. Mott Greene faz um comentário bem pensado e crítico, no qual eu me encaixo de certa maneira:
    • It seems ... to border on irresponsibility to allow a student to write the nth thesis on the reception of Darwinism somewhere, or the n+1 thesis on Newtonian minutiae, while an entire branch of science (and, moreover, one with similarly engrossing philosophical implications) is all but unexplored. In such a field, a student would have the chance to produce original and valuable historical work, rather than toting bones from one graveyard to another.
  • Uma discussão sobre a Revolução Científica é apresentada. Duhem e Crombie acreditam na continuidade das ideias da antiguidade passando pela idade média até a o século 17, seria uma revolução longamente planejada. Koyré, por outro lado, afirma que uma revolução preparada ainda é uma revolução e que a ciência do século 17 é, de fato, digna de mais atenção. A perspectiva teórica de cada historiador sobre o que é ciência afeta seu reconhecimento do período. Para Kragh, o conceito de Revolução Científica é uma necessidade da história contemporânea e da periodização histórica. Kragh acredita que desde que o conceito vitoriano ideal não seja seguido, não importa o nome do período.
  • Outro ponto de contendo é o foco da HCC nas história das ideias bem sucedidas. Essa tendência passa a impressão de que a HCC é constituída de grandes descobertas que são o suficientes para o crescimento da ciência e são automaticamente reconhecidas. Na realidade é comum que descobertas sejam ignoradas.
  • Sucesso parece ser o principal critério de significância histórica, seja por razões de importância de uma descoberta ou por razões sociais. O foco exclusivo em sucesso pode levar ao anacronismo e dificultar o estudo de HCC contemporânea.
  • O autor discute o papel da transmissão na história da ciência:
    • The way in which scientific ideas are conveyed is a natural part of the social history and geography of science. It is also of importance to the cognitive contents of science. When science is conveyed from one milieu to another, it occurs by means of a selection process that decides which parts of science shall survive and which ones shall not.
  • Kragh ainda enfatiza que não apenas cientistas são objetos da HCC. Propagadores, vendedores, organizadores, etc.
  • A história pode ser dividida em vertical e horizontal:
    • Horizontal: Desenvolvimento de um tema por um longo período de tempo, geralmente aplica a história de uma disciplina. "Filme de uma parte estreita da ciência." Isola uma disciplina particular de suas contemporâneas podendo cair em anacronismos por se apoiar em um consenso de continuidade disciplinar, além disso pode se tornar um relato de fatos desinteressante sobre a disciplina devido a sua limitação artificial de escopo. Outra questão é a interdisciplinaridade de trabalho dos filósofos naturais, especialmente antes da institucionalização da ciência. Mais adequada para estudar as ciências recentes mais institucionalizadas.
    • Vertical: Estudo interdisciplinar de um período temporal mais reduzido, de modo e não estudar a ciência isoladamente, mas em conjunto com outros aspectos sociais. "Foto da situação geral." Sobre dos mesmos problemas de arbitrariedade de escolha de tema e período que a história horizontal.
  • Tese dos temas históricos invariantes: Tese que advoga que os problemas históricos são variações de um número finito de ideias-unidades ou temas que se manifestam amplamente em todos os aspectos culturais. Por tentar integrar diversos elementos culturais e seguí-los ao longo do tempo funciona como uma alternativa as visões vertical ou horizontal. Holton afirma que os cientistas ao longo da história são influenciados por um themata não científico, inconsciente e insondável (ver Lovejoy, Sachs e Holton). Kragh faz ressalvas ao dizer que essa metodologia não deve ser usada cegamente, mas como um princípio heurístico, além das dificuldades em determinar uma ideias-unidades. É difícil ignorar a mudança dos conceitos ao longo do tempo (mesmo que permaneçam com o mesmo nome) e a crença na invariância pode forçar uma visão do presente para eventos passados, porém em um visão mais vertical (a invariância de ideias para determinado cientista) não há tanto problema.

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