Martins, Harrison

Martins (2005) - História da ciência: objetivo métodos e problemas
  • Define o estudo da história da ciência como um estudo metacientífico ou de segunda ordem com metodologia própria e linguagem mais alinhada à filosofia da ciência.
  • Abordagens:
    • Conceitual ou interna: discute fatores científicos relacionados a determinado assunto. Feita a partir de uma comparação do texto em questão com outros textos do mesmo autor e com os de outros autores da época.
    • Não-conceitual ou externa: discute fatores extracientíficos de um determinado assunto. Feita a partir de documentos paralelos ao texto principal levando em conta o mundo no qual o autor vivia.
  • As abordagens são complementares e geralmente a primeira precede a segunda.
  • O historiador da ciência em formação deve estudar para conseguir uma boa base para futuras pesquisas, evitar modismos, balancear a amplitude de seu tema de pesquisa, ser original, estar aberto a conhecimentos de diversos campos.
  • Autora defende que a historiografia da ciência e historiografia da história possuem métodos diferentes.
  • Ao se escolher o tema, devemos levar em conta o interesse pessoal pelo assunto, assim como o domínio sobre ele e sua amplitude, o interesse da comunidade acadêmica, a existência de documentos.
  • Os documentos podem ser fontes primárias ou secundárias originais ou inéditos sempre tomando o devido cuidado com documentos muito antigos ou traduções. Fontes terciárias (bibliografias) são meios de chegar às primeiras.
  • Tradução vista com desconfiança metodológica porém válida. Coerente com um universo de pesquisa. Concepção arrojada que inclui a tradução no universo de pesquisa.
  • Para a história da ciência internacional há fontes terciárias como o Current e Cumulative bibliography da Isis, bases de dados e livros específicos. Para a história da ciência periférica pode-se utilizar o comut ou outros serviços. O artigo faz referência a bases de dados lusófonas que infelizmente nunca saíram do papel.
  • Evitar história descritiva, maniqueísta, whig, isolada. Também deve-se evitar ser Prig (ou desmerecer os adventos da história da ciência moderna), ideologização e apuds.
  • O autor inicia afirmando que a formação de historiadores da ciência profissionais e suas sociedades próprias levaram a alienação da história dos cientistas. A noção de que cientistas não se importam com sua história é recente e serve como uma defesa de território dos historiadores da ciência.
  • Advoga que as pesquisas devem ser diacrônicas e sincrônicas.
    • O método  sincrônico estuda o acontecimento naquele momento, sem preocupação com suas repercusões. Natural a historiadores da ciência anti-whig. Indutivo. Paralelo linguístico: Gramática.
    • O método diacrônico traça a origem e desenvolvimento das ideias. Tendendo ao whig. Dedutivo. Natural aos cientistas. Paralelo linguístico: Linguística comparada.
  •  O anti-whigismo pode ser encontrado em Kuhn. Filosofia que defende que o historiador não precisa ou deva saber sobre a ciência moderna para estudar sua história. "[This philosophy implies that modern knowledge and science] conceals rather than reveals, and that history should be chronicled by an empty rather than a full mind."
  • Butterfield (1968) é anti-whig. Brush (1974) adiciona que a história da ciência whig explora apenas a história vencedora e encara as teorias paralelas ou perdedoras como entraves.
    • Definição de whig por Butterfield: "to impose a certain form upon the whole historical story, and to produce a scheme of general history which is bound to converge beautifully upon the present." O extremo whig é retrospectivo e retroplanejador, descarta do presente o que não contribui pro passado. Pecado "teleológico".
    • Definição de anti whig: "Real historical understanding is not achieved by the subordination of the past to the present, but rather by our making the past our present and attempting to see life with the eyes of another century than our own." Harrison afirma que esse é o método Baconiano de observação indutiva do mundo com a mente vazia. Ele comenta: "according to this proposition, understanding the past precedes rather than follows historical inquiry, which mitgh be true if we had time machines." O extremo antiwhig acha a ignorância uma virtude e vira prig (narrow-minded superiority). Pecado de não ser científico, impede a comunicação com os cientistas modernos devido a terminologia.
  • A história da ciência recente sofre dos dois lados: o anti whig prefere estudar mais o passado devido a sua ignorância do presente e o cientista temendo o estigma de whig apenas escreve reviews dos desenvolvimentos contemporâneos.
  • Entretanto, Harrison afirma que os cientistas tendem a deixar a metodologia histórica de lado e investigar a história recente mesmo assim. "Better to have [distorted] eye-witness accounts than historians' guesses centuries later."
  • Comentário interessante sobre a questão da linguagem científica: Reconstructing the past requires vigilant commentary on differences between past and present sciences and languages. Abandoning the vantage point of modern science while retaining the advantage of modern language distorts the historical reconstruction.
  • Bela discussão sociológica sobre o significado das citações para o entendimento diacrônico da história por cientistas: In scientific research, where ideas form and dissolve in a state of flux and at any moment present countless potential futures, scientisit retain their bearing by contrasting past and present ideas. Awareness of temporal depth in science forms an intefeal part of scientific research. The references in any scientific work constitute the visible evidence of its relations with preceding scientific work. Scientists grope their way, seeking to divine where they are going from where they are coming; they reach into the future as well as the past, and their diachronically extrapolated coneptual networks are not whiggish sins but the essence of science in action." Cientisitas precisam de instrução para melhor estudar seu passado, mas não podem ser excluídos dela uma vez que a dimensão temporal é integral à pesquisa científica.

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