Cambridge Companion 5 - C.K. Waters

Cambridge Companion to Darwin (2003)


  • Waters analisa o porque de tantos leitores de Darwin apoiarem a descendencia comum com modificação, mas não necessariamente ao mecanismo da Seleção Natural;
  • Waters relembra o processo de escrita conturbado da Origem, frisando que o produto final é um resumo do tratado que Darwin pretendia escrever. Waters explica que o resumo é mais parecido em forma e tom com os ensaios de 1842 e 1844 e considera que o fato da Origem ser mais simples do que um livro científico vitoriano seria pode ter influenciado para sua popularidade;
  • Para Waters a Origem funciona em torno de duas ideias principais:
    • A Árvore da Vida (responde o "que?") que pode ser subdividade em:
      • Transmutação, espécies que se transformam em outras em uma mesma linhagem;
      • Descendência comum, as novas espécies que podem surgir de um mesmo ancestral;
    • Seleção Natural (responde o "como?"), o mecanismo principal de especiação, mas não o único, subdivida em:
      • Variação;
      • Fitness diferencial;
      • Herança;
  • Segundo o autor, Darwin contrariou principalmente as ideias de herança e de que as espécies já eram perfeitamente adaptadas a seus ambientes;
  • O autor faz uma comparação entre as ideias de Darwin e Lamarck:
    • "This is what Jean Lamarck believed. His account of evolution included as many distinct spontaneous generation events as there are species. Each spontaneous generation event gave rise to a separate lineage, with each lineage evolving along one of two or three evolutionary pathways. On Lamarck’s account, amphibians have fish-like ancestors, but they do not have any ancestors in common with today’s fish. On Darwin’s account, however, today’s amphibians and today’s fish do have ancestors in common. The idea of common descent is logically distinct from Darwin’s idea that natural selection is the dominant mechanism of transmutation. Natural selection might occur without the splitting of one species into two and such a splitting might be brought about by a process that does not involve natural selection."
  • Waters faz uma análise das inspirações de Darwin com relação a sua estrutura argumentativa e acredita que ele se inspirou tanto em Herschel quanto em Whewell. Waters disseca o método Herscheliano, estabelecer a vera causa de um fênomeno a partir de três quesitos:
    • 1) A existência da causa;
    • 2) A competência que a causa tem de produzir o determinado fenômeno;
    • 3) A responsabilidade da causa pelos seus efeitos
  • É importante notar que Herschel insisitia que os dois primeiros quesitos deviam ser comprovados independemente do fênomenos que estão sendo estudados;
  • O autor propõe uma estrutura argumentativa geral para a Origem em uma tabela:

  • Há também uma comparação das analogias feitas por Darwin entre a Seleção Artificial e a Natural:


  •  Water mostra o ponto de vista de Ruse, que acredita que Darwin se inspirou em Whewell tanto quanto em Herschel e compara a descrição da ciência feita por ambos:
    • "Both Whewell and Herschel based their ideals for science on Newtonian physics. Both emphasised the importance of establishing a cause. But Whewell thought a cause could be established solely on the basis of consilience, the feat of showing that a wide variety of apparently separate phenomena can be explained as a result of the same cause." 
  • Discordando de Ruse, Waters acredita que Darwin tinha o ponto de vista de Herschel ao escrever a obra e não o de Whewell, porém há um problema na argumentação de Darwin. Partindo do pressuposto inicial de Waters, de que os leitores aceitam a evolução mas não a seleção natural, não haveria uma vera causa, que deveria ser a seleção natural, uma vez que os leitores puderam ler os argumentos e deixá-la de lado;
  • Assim o autor conclui:
    • "I will consider whether the Origin’s argumentation was sufficiently flexible to provide compelling arguments for evolution independently of natural selection. I will show that many of the arguments depend wholly upon natural selection (certainly those in the first part), but other arguments, if read from a Whewellian perspective, offer a strong case for transmutation and common descent regardless of whether natural selection is taken to be part of the vera causa." 
  • A partir dessa conclusão ele apresenta diversos exemplos de argumentos que Darwin usou para resolver ou explicar os efeitos da teoria sem ter que utilizar o recurso da Seleção Natural, faz também algumas análises da argumentação de Darwin; 
    • Afirma que o fato de Darwin ter começado o livro com a seleção artificial foi um recurso retórico valoroso;
    • Que a lei do uso e desuso como explicada  na origem é um exemplo de como Darwin resolvia as questões utilizando-se apenas da Descendência Comum e da transmutação, sem invocar a seleção;
    • Categoriza as soluções de Darwin para os problemas:
      • Soluções que se desdobram a partir da teoria básica da seleção natural;
      • Soluções que envolvem assuntos que são tratados a fundo na terceira sessão da Origem;
      • Soluções que envolver processos exteriores a teoria da seleção natural;
    • Com relação a terceira parte Waters enfatiza novamente que o mecanismo da seleção não aparece como um argumento crucial;
  • Colocarei aqui a conclusão completa do autor devido ao seu caráter extremamente didático e fluido, como é característico de todo o ensaio.
    • "The Origin of Species offers a flexible body of argumentation. Darwin apparently viewed this argumentation as a Herschelian demonstration of transmutation and common descent by means of natural selection. Read this way, natural selection is a vera causa. Under this interpretation, Darwin’s analogical argument takes centre stage, as Herschel said analogical arguments should, to establish the adequacy of natural selection independently of the evidence that natural selection was indeed responsible for various phenomena. But Darwin’s analogical argument was speculative. It included a leap of reasoning: that the magnitude of difference between the conditions of artificial selection and those of natural selection would lead to the magnitude of difference between artificially selected domestic races on the one hand and natural species on the other. The critics who Darwin took most seriously seized upon this weakness. Their criticisms seem to have assumed that if the argument from artificial selection was defeated, Darwin’s whole argument would collapse. But many of Darwin’s sympathisers tooka different view. They accepted Darwin’s ideas of transmutation and common descent without committing themselves to natural selection. This remained a common attitude well into the twentieth century. This chapter shows how the Origin could support such a conclusion. By taking transmutation and common descent to be the cause of the various groups of phenomena that Darwin dealt with in the third part of the Origin (and in various sections of the second part), they could view the structure of the Origin as a Whewellian consilience of inductions."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Evolucionista Voador - Costa

Brown Sequard

TS - Jia Ye (2021)