Gingras, Capítulo 1

Gingras (2016)



Livro publicado pela Editora UERJ, traduzido por Carlos Deane (sem informação se a tradução foi do original francês ou da tradução para o inglês) e prefaciado por Carlos Vainer.

O autor, Yvres Gingras, é um historiador e sociólogo da ciência canadense além de ser o coordenador do OST e do CIRST.

As origens da bibliometria
  • Gingras inicia com terminologia. Para ele, a ciêntometria é a medida quantitativa do conjunto das atividades ciêntificas incluindo os investimentos, a formação profissional e a produtividade, enquanto a bibliometria é considerada como um subconjunto da anterior e se preocupa apenas com as publicações científicas (quaisquer que sejam) e suas propriedades. O autor adiciona que atualmente os termos são intercambiáveis, pois o estudo da dinâminca científica faz uso de dados bibliométricos.
  • O autor retoma o contexto dos ano 1920 e 1930 de gerência de bibliotecas, sobrecarregadas pela crescente quantidade de revistas científicas, que deu origem as primeiras metodologias bibliométricas. Agora era importante a análise das referências da publicação, e não mais a publicação por si só, como meio de atestar sua relevância no mundo científico e justificar seu arquivamento pela biblioteca.
  • O autor menciona o conceito de meia vida ou semivida bibliográfica, transposto da meia vida dos elementos radioativos, e explica:
    • "Ao analisar a distribuição da idade das referências nas revistas, percebe-se que ela segue uma curva de decréscimo exponencial graças à qual se define uma espécia de semivida, contando o número de anos que é preciso remontar no tempo para cobrir 50% do total das referências, o que mede a duração da vida útil da literatura num domínio dado (fig. 1a) [...] É possível, desse modo, estabelecer a semivida das citações, o tempo na direção do futuro e não na do passado, e definir assim o número de anos que deve decorrer antes que seja atingida a metade do número total de citações recebidas (fig. 1b)." [Figuras abaixo].
Retirada de Gingras (2016), p. 26

  • Gingras apresenta uma síntese da criação do SCI. Algumas páginas depois menciona Derek de Solla Price, e informa que este foi o primeiro a utilizar o Índex para usos sociológicos e não apenas bibliográficos, segundo Gingras "Price coloca em evidência a distribuição bastante desigual das citações, lei de potência análoga a de Lotka para a distribuição da produtividade numa população de pesquisadores."
  • O autor afirma que apenas nos 1970, após o fortalecimento das políticas científicas, que a Bibliometria tomou impulso como área de pesquisa, sendo até então de interesse de um pequeno, mas diverso, grupo de pesquisadores que, por diferentes razões, se interessavam na dinâmica das publicações científicas.
  • Assim, surgiram nos anos 1980, as metodologias de avaliação científica. Métodos empresarais de avaliação focados em indicadores e já aplicados no setor público (Knowledge managment e Benchmarking) fizeram uso dos dados bibliométricos para desenvolvimento de indicadores e parâmetros de avaliação científica, os dados, acredivam els, serviam como meio de diminuir a subjetividade da avaliação.
  • Gingras termina com um resumo das trajetória deste campo:
    • "Como conclusão desse balanço histórico, podemos dizer que, dos anos 1920 até a década de 1950, a bibliometria se apoiava em métodos manuais, limitava-se a pequenas amostras e servia antes de tudo de ajuada à gestão das coleções de revistas nas bibliotecas. A utilização, no ínicio dos anos 1960, do banco de dados informatizados do Science Citation Index abre o caminho para análises em grande escala da dinâmica da transformação científica. Essa inovação sobrevém também o momento em que a definição das políticas nesse domínio necessita cada vez mais de indicadores capazes de medir o nível de desenvolvimento científico dos países. Essa conjunção favorece enormemente, no decorrer dos anos 1970 e 1980, o estudo da dinâmica da ciência na escala das disciplinas e das especialidades, bem como nos níveis nacional e internancional. Após ensaios modestos nos anos 1980, só durante os anos 1990, finalmente, a bibliometria se tonra uma ferramenta usual de avaliação dos pesquisadores. Submetidos a esses novos métodos quantitativos de avaliação, estes últimos descobrem repentinamente a bibliometria, que associam então mecanicamente a avaliação. Muitos reagem negativamente a essa quantificação simplista de suas atividades de pesquisa e criticam os limites de tais métodos, redescobrindo então fraquezas já conhecidas havia décadas pelos peritos do domínio. Outros, menos críticos, passam a inventar indicadores, combinando, de modo mais ou menos fantasioso, dados bibliométricos para confeccionar equações capazes de identificar os melhores pesquisadores. Esses desvios da bibliometria avaliativa acabaram por lançar descrédito sobre um conjunto de métodos, indispensáveis, contudo, para quem queira analisar a dinâmica global das ciências."

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