CHESNEAUX, As Armadilhas do Quadripartismo Histórico.

CHESNEAUX, Jean. As armadilhas do quadripartidarismo histórico. IN _____ Devemos fazer tábula rasa do passado? São Paulo: Ática, 1995.

"O quadripartismo nada mais é que uma das versões, e não a melhor, do velho sonho de um 'discurso sobre a história universal'".
  • Neste texto, Chesnaux critica o modelo francês de organização da história, que submete a mesma a uma divisão em quatro grandes pilares: História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea.
  • Segundo o autor, esse modelo nada é além de "um verdadeiro aparelho ideológico de estado".
  • Primeiramente ele serve a um propósito pedagógico ao estruturar o ensino secundário.
  • Também estrutura as cátedras universitárias, seu ensino e programas de pesquisa, de modo que futuros professores de história tem um conhecimento desproporcional da história européia em relação a história indígena ou das américas, por exemplo.
  • O autor fala que especialização em determinadas áreas dentro da história (religião, economia, etc.) se consideram dignas ou respeitáveis quando estão dentro de um dos quatros pilares (história econômica grega ou história demográfica moderna).
  • Há a influência ideológica e política, exemplificada pelo eurocentrismo e favorecimento da visão ocidental. Além disso esse modelo destaca o Estado e o imperialismo e "enraízam no passado certo número de valores culturais essenciais para a burguesia dirigente". 
    • A Idade Média é contada com foco no Cristianismo; 
    • a Modernidade traz os valores da burguesia ascendente e procura despolitizar a história, de mo que possa "se desdobrar à vontade sem que intervenham esses importunos que são as lutas poçíticas de massa, as crises e as rupturas."
    • a Conteiporaneidade reforça a dominação ocidental incluindo a história não européia, a media que autoriza o historiador ocidental a contar (ou possuir) a história das Américas, Ásia e China.
  •  Segundo o autor, o quadripartismo:
    • "[...] já é inadequado no plano intelectual para a Europa e até no interior do discurso histórico clássico. Ele recorta em partes arbitrárias certas zonas históricas homogêneas e originais [...] relega a segundo plano os fenômenos mais interessantes, as mudanças profundas, os elos históricos [...] dificulta o estudo dos fenômenos específicos no tempo longo [...]".
  • A despeito de sua visão marxista, Chesneaux diz:
    • "[...] os grandes modos de produção definidos por Marx são uma tipologia, uma contribuição à teoria das formações sociais. Representam casos limites, significativos, que só estão plenamente realizados em condições históricas muito particulares [...] É muito pouco para tentar reconstruir, com base no velho quadripartismo, um "discurso sobre a história universal" renovado pelo marxismo".

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