Collins e Pinch, O Golem (1993). Cap. 2

"We have no reason to think that relativity is anything but the truth - and a very beautiful, delightful and astonishing truth it is - but it is a truth which came into being as a result of decisions about how we should live our scientific lives, and how we should license our scientific observations; it was not a truth forced on us by the inexorable logic of a set of crucial experiments."

CAPÍTULO DOIS - Dois experimentos que "provaram" a teoria da relatividade.

  • A construção do mito de fundação de teoria da relatividade de Einstein envolve dois experimentos tidos como "cruciais". Estes são o experimento com o éter de Michelson-Morley e as observações de um eclipse solar organizadas por Eddington em Sobral e Príncipe.
  • Os autores afirmam que a ligação entre os experimentos de Einstein e Michelson foram cunhados por proponentes da relatividade anos depois, enquanto o próprio Einstein não tinha muito interesse neles.
  • Os autores definem algumas questões importantes para a realização do experimento:
    • Os raios de luz devem ser divididos e refletidos em ângulos perpendiculares (num interferômetro);
    • As franjas resultantes devem ser observadas múltiplas vezes conforme gira-se o instrumento. A rotação é feita com o intuito de detectar a direção do vento de éter;
    • As observações devem ser repetidas em diversos momentos do dia e do ano devido a rotação e translação terrestre;
    • Preferencialmente, o instrumento deve ser feito em um ambiente aberto e em altitude, para permitir fluxo livre do éter;

  • Muitos experimentos foram realizados. O primeiro, em 1881, foi criticado por negligenciar o efieto do evento no instrumento em si. O experimento de 1887, embora mais elaborado, também não deu resultado. Os autores afirmam:
    • "As they completed this work, Einstein's papers were becoming recognised for what they were and setting the scene for the reinterpretation of the 'null' result as one of the most significant findings of experimental physics."
  • Um terceiro cientista, Miller, afirmou ter medido o éter na década de 20. Os autores relatam:
    • "Thus, although the famous Michelson-Morley experiment of 1887 is regularly as the first, if inadvertent, proof of relativity, in 1925, a more refined and complete version of the experiment was widely hailed as, effectively, disproving relativity. This experiment was not conducted by a crank or charlatan. It was conducted by one of Michelson's closest collaborators, with the encouragement of Einstein, and it was awarded a major honour in the scientific community [prêmio da AAAS]."
  • Entre muitos ouros, Michelson respondeu o experimento de Miller e não obteve resultados. Miller fez uma tréplica na qual critica a metodologia de seus opositores. Nos anos 50 concluíram que os experimentos de Miller haviam sido afetados pela temperatura;

  • Collins e Pinch sumarizam: 1) "uma 'massa crítica' de vozes experimentais claramente expressadas podem superar as objeções de um crítico independentemente de sua eloquência." 2) "O significado de um resultado experimental, portanto, não depende apenas do cuidado com o qual o experimento é desenhado ou executado, também depende se as pessoas estão prontas para acreditar."
  • E concluem sobre este experimento:
    • "Michelson and Morley could not have proved relativity, because as late as 1963 the results of the experiments, considered on their own, outside the context of the rest of physics, were not yet clear."
  • Sobre as obsevações comandadas por Eddington os autores explicam:
    • "As in so many delicate experiments, the derivations, though unclear at the time, came to be seen to be correct after the observations had 'verified' Einstein's prediction. Science does not really proceed by having clearly stated theoretical prediction which are then verified or falsified. Rather, the validity given to theoretical derivation is intimately tied up with our ability to make measurements. Theory and measurement go hand-in-hand in a much more subtle way than is usually evident."
  • Os autores chamam de "concordar em concordar" para descrever o processo tautológico que aconteceu durante estes experimentos. Eddington utilizou a teoria de Einstein para interpretar e escolher seus resultados e confirmar a predição de Einstein, enquanto a predição foi confirmada devido aos resultados de Einstein.
  • O que ocorreu foi que parte dos resultados apoiavam a predição de Newton, enquanto outros apoivam Einstein, o que levou Eddington a fazer algumas escolhas questionáveis, como utilizar apenas números favoráveis à relatividade;
  • Os autores concluem dizendo que este experimento foi apenas indecisivo, ou apenas indicou um valor muito alto para concordar com a teoria e se perguntam: "Isto é por que a ciência precisade de momentos de comprovação decisivos para manter sua imagem heróica?"
  • Os autores apreciam e celebram como "admirável científico" a comunidade científica ter chegado a um consenso tão rápido, sem a influência de agentes coercedores.
  • Há um disclaimer no final que demonstra o profundo respeito e crença de Collins e Pinch na veracidade da teoria da relativade. O ponto deles é apenas descontruir os "experimetos cruciais" que foram construídos socialmente.

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