Eugenio Amado, Edusp e Editora Itatiaia/Villa Rica

MARTINS FILHO, 2001

EDUSP
  • Fundada em 1962 com o propósito de suprir carências no mercado editorial e possibilitar publicações das pesquisas da USP, então com 28 anos.
  • Em 1964, Ferri já propõe o esquema de co-edição. Plano era comprar um terço da tiragem e resguardar as editoras privadas. "afinal, ela era uma editora com um projeto editorial pr´prio ou uma agência financiadora?" 24
  • A edusp demorou até 1989 para conseguir um corpo editorial próprio.
  • Co-editora e financiadora de 1964 a 1988.
    • Se, por m lado, o sistema de co-edição trazia vantagens ao funcionamento da Edusp, como afirmava sua direção, por outro criou e sedimentou desvios de obstácvulos que permaneceram presentes em sua estrtura até o final dos anos 1980. E tudo devido a uma premissa equivocada. Esse sistema poderia parecer o melhor dos mundos para os firigenstes da editora, á que possibilitaria a ela a publicação incessante de títulos e mais títulos, sempre em parceria com editoras privadas de renom. A troca parecia justas, mas não era. O sdistema de coedição de fato permitiu a publicação de cerca de dois mil títulos ao londo de quase trinta anos - um número realmente expressivoc - , mas acabou por colocar a descoberto seu calcanhar-de -aquiles, sobretudo, a inecistência de um acervo editorial prórpio, a ausência completas de contratos d edireitos autoriais e as falha sde distribuição e comercialização. 29
  • Co-edição: Editora privada encaminhava e pagava a taxa para pagar o parecer. O parecerista era escolhido pelo presidente da Edusp. A comissão usava o parecer para a aprovar ou não a publicação. Em caso de aprovação, a editoria decidia quantos exemplares compraria (com desconto de cerca de 30-40%, desconto d elivraria não de distribuidor). Quase sempre era um terço da tiragem cobrindfo os custos gráficos e editoriais eliminando o risco da editora privada.
    • Por mais absrudo que possa parecer, os trabalhso produzidos por docentes da USP só entravam na Edusp via editoria privada. Era vedada a pblicação de teses. é espantoso como em uma universidade com tão ampla produção a editora se negasse até mesmo a examinar su aprópria produção para 'difarçá-las', extraindo qualquer característica a cadêmica que pudesse ' denunciála'", com o professor e críticas Antonio Candido de Mello e Souza, que teve grande sdiscussões com a comissão editorial da eduspr por causa dessa determinação "antitese". 34
  • Martins filho critica o projeto editorial "fixista" da Reconquista do Brasil, que é celebrado por Monteiro. Martins filho acredita que a edusp tinha capacidade de fazer melhor. Edusp não tinha preocupação criadora, existia como financiadora para as privadas.
  • Todo essa programa de co-edição serviu para gerar acervo para a seditoras privadas às custas da edusp que não tinha contratos que garantissem republicação das obras por ela mesma. Além disso, os livros venderam bem, de modo que o auxílio era desnecássrio, e a usp pderia ter os editado sozinha se tivesse outra modelo de negócio e pessoal para trabalhar.
  • A visão da época era essa. A editora pública deveria servir de suporte às editoras privadas.
  • Na prática, a edusp funcionava mais como livraria.
  • Martins Filho não considera Mário Guimarães Ferri um editor, pois mesmo direigindo a maior editora universitária do país ele não deu personalidade  a ela.
    • É uma pena que o professor Ferri não tenha pensado em assegurar os títulos publicados para o acervo da universidade - aifnal, o que também caracteriza o perfil de uma editora e sua política editorial é o sue acervo, Se tivesse assegurado de alguma forma os direitos sobe esse títulos para a Edusp, ele poderia realmente ser lembraod também cmo editor, semlehante ao que fvem acontecendo com dirigentes que o sucederam na presidencia da edusop. Mas isso não aconceteu. Entre os quase dois mul titulos em que a edusp coloco sua marca, nessa éoa, menod e 5% pertencem efeticamentà editora da Univerdade de São paulo. Ter um npumero tão expressivo assim tde títulos em caálogo é algo que causaria inveja a qualquer editra. Se houvesse um simples contrato de coedião ou de subcessõa dedireitos, a Edusp poderia ser uma das maiores editoad do Brasil e a simples reedição de, difgamos 10% de todos os t´´tiutlos anteriormwente publicados rdarias umr etorno financeiro que a tornaria indpeende de verba sorçamentárias, proporicionado sua completa auto-sustentação. 40
  • As consequencias da coedição só ficaram evidentes muitos anos depois. A coedição foi modificada para ficar mais justa para o lado da Edusp. A partir de 1985 começaram as mudanças. Incluindo uma publicação de teses (embora a determinação de publicação fosse feita fora da Edusp). A partir de 1988 as mudanças em direção a profissionalização se aceleram sob a gestão de João Alexandre Barbosa.

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MONTEIRO 2008

O último grande editor brasileiro faleceu há um mês. Pedro Paulo Moreira, editor há 50 anos, era dono da Itatiaia e construiu uma grande empresa vendendo livro. Todos os outros de sua geração faliram, quebraram, desistiram. Todos: José Olympio, Caio Prado, Ênio Silveira.  Menos ele, que começou vendendo as coleções de José Olympio de porta em porta. Todo escritor pensa que os editores ganham rios de dinheiro com seu trabalho. Enganam-se: publicar um livro é um risco, nunca se sabe se o livro vai vender, e do preço de capa ganha 10% o escritor, o distribuidor, o livreiro, a gráfica, o capista, o revisor etc. O preço do papel é cotado em dólar por um mercado internacional. A media também é muito cara, a propaganda, o prestígio do livro. Livro é loteria: Você pode publicar uma obra-prima e não vender nada, ou enriquecer vendendo uma obra medíocre e passageira. O mercado de livro é muito sensível às crises econômicas. O leitor só compra livro quando o dinheiro sobra (exceto o intelectual). Por isso, quando penso em Pedro Paulo vejo um vencedor da tempestade. Ele era dono de várias editoras além da Itatiaia, como a Martins, a Briguiet, a Garnier, a Villa Rica, etc. Tinha cerca de 5 mil títulos no seu catálogo. Pedro Paulo faleceu aos 82 anos, vítima de um desastre de automóvel numa das estradas da sua querida Minas Gerais. Era o último grande editor brasileiro vivo. Editou o nosso "O amante das amazonas". O seu catálogo está em:  http://www.villarica.com.br/ [NÃO FUNCIONA MAIS]

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MACHADO 2008 (P. 45-7; 193-4)

  • Garnier 45-7
  • Itatiaia (193-4)
    • Aqui consta fundação de 1952, não 1954. Auge na década de 1960. A livrarias foi point de diversas figuras culturais mineiras. A livraria foi perdendo força a partir dos anos 1970-90, especialmente após a morte de Edson.

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VIEIRA; COBELO 2010 

VIEIRA, Maria. A. da C.; COBELO, Silvia. Tradução do Dom Quixote: entrevista com Eugênio Amado. Caracol[S. l.], n. 1, p. 152-161, 2010. DOI: 10.11606/issn.2317-9651.v0i1p152-161. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/caracol/article/view/57642. Acesso em: 20 jan. 2022.

  • Filho do tradutor Milton Amado. Primeiro tradutor de Quixote.
  • Eugênio Amado:
    • Nasci em Belo Horizonte, em 1942, graduei-me em Geografia e sempre trabalhei no Instituto de Geociências Aplicadas (IGA), de 1965 até 2003, na função de perito em contenciosso de limites municipais/estaduais. Iniciei os trabalhos em tradução quando perdi meu pai, em 1974, e me deparei com uma tradução sua inacabada - Viagem no Interior do Brasil de Johnn Baptist Emanuel Pohl. Na época, propus à editora Itatiaia concluir a tradução e a partir desse momento passei a incorporar também as atividades de tradutor. 156
  • Aprendeu as francês espanho e ingles meio autodidaticamente.
  • Pedro Paulo Madureira queria um quixote para si e chamou Eugenio por seu pedigree e mérito. Trad de 1983.
  • Em 2005 revisou o próprio texto preferindo uma obra mais estrangeirizada. Reafirma isso quanto aos provérbios em 160.
  • Seu paratexto anonimo tenta convencer o jovem a ler o livro. Público mais dificil, segundo ele.
  • Sobre notas:
    • Há dois tipos de notas: uma que é feita com o objetivo de esclarecer o leitor e outra que é feita por mera vaidade. Costumo redigir as notas depois de ter feito a tradução e quando me dou conta de que provavelmente o leitor não entenderá aquela passagem sem a ajuda de uma nota. 159-60
  • Adiciona que a internet permitiu que ele aumentasse as notas.
ADENDO
  • Prêmio Jabuti de tradução de obra científica em 1979 pelas Viagens pelos rios amazonas e negro (Wallace) e em 1981 pela Força do Conhecimento (Ziman).
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  • Itatiaia compra a Livraria Martins Editora e então passa a reeditar os títulos da antiga Biblioteca Histórica Brasileira em sua Reconquista do Brasil em parceria com a Edusp.
  • Elogia o tratamento estético da Itatiaia, assim como Hallewell.
    • Nos volumes traduzidos da coleção Reconquista do Brasil são tomados alguns cuidados que não eram frequentes na década de 1970, nem o são hoje. O nome do tradutor geralmente está na página de rosto e normalmente a edição em que se baseou a tradução é informada no verso da página de rosto ou por Ferri, na Apresentação do livro ou em seu Prefácio. Esses paratextos do diretor da coleção trazem com frequência apreciações sobre as traduções. Em Um naturalista no Rio Amazonas, de Bates, ele informa que a tradutora “Dona Regina Regis Junqueira é muito cuidadosa” e ele apenas teria introduzido “algumas modificações de ordem técnica e poucas notas de rodapé” (BATES, 1979, p. 11). Na tradução de Viagem ao Brasil, relato do casal Agassiz, ele inclui uma biografia e uma bibliografia do tradutor, acrescentando que teve “apenas que fazer alterações em assuntos de natureza científica” e incluir algumas notas trazendo “esclarecimentos e informações visando a atualizar conhecimento que, com o decurso do tempo, especialmente em assuntos de ordem taxonômica, sofrem modificações” (AGASSIZ; AGASSIZ, 1975, p. 7). Em Viagem ao interior do Brasil, de Gardner (1975), faz observações similares, além de informar que o tradutor faleceu e quais os livros que traduziu. 223
  • Na Brasiliana os tradutores aparecem mais que o editor.
    • Ferri, por outro lado, parece ter lido todas as traduções, porque em muitas delas há notas em que não só faz comentários sobre a informação dada pelo autor, como faz observações sobre a tradução. Por exemplo, na tradução do relato do viajante britânico Richard Francis Burton, em um momento em que o autor diz que no Brasil come-se muita carne de porco, como no Oeste dos Estados Unidos e na China, “onde o povo é quase que feito de carne de porco”, ele assinala, em nota: “essa forma bizarra de descrever uma situação real é do próprio original. (M. G . F.)” (BURTON, 1976, p. 101). 224
  • Não há projeto editorial de tradução na Brasiliana, talvez pela coleção contar com poucas trads. Os traduroes ficam mais livres para inserirem os paratextos que quiserem.
  • Na Reconquista raramente o tradutor tem voz, com exceção de eugencio amado. O editor, Ferri, fala mais.


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SANTOS et al. 2011.
Editoras Mineiras. In: Editoras Mineiras: panorama histórico v1. 2ed. 39-46
  • Um pequeno trecho de Mutareli antes:
    • A primeira editora de Belo Horizonte, a Livraria Itatiaia Editora, fundada na década de 1950 por Pedro Paulo [Moreira] [1926-2008] e Edison Moreira, tinha, na década de 1980, uma produção de 70 títulos por ano. A seguir, informação encontrada na página do sítio da editora Itatiaia: 
      • Fundada em 1954, em Belo Horizonte, a editora Itataia possui um catálogo com mais de mil títulos, que inclui os clássicos da literatura mundial em edições integrais, passando pela zootecnia, etnografia, zoologia, folclore, ciência, entre tantos outros. Destaque para a Coleção Reconquista do Brasil, uma primorosa coletânea de textos, que já conta com mais de 200 títulos, que reconstrói e informa os primórdios do nosso país, sendo fundamental para aqueles que buscam uma melhor compreensão do Brasil.
    • Em sua história d´O livro no Brasil, Hallewell afirma que a editora Itatiaia “destaca-se pela preocupação com o aspecto estético da produção de livros”. Segue mencionando a existência de outras editoras em Belo Horizonte na década de 1980: a Comunicação, a Vega, a Interlivros e a Livraria Editora Miguilim. 19
  • De volta a Santos et al.
    • Começou na Livraria Cultura Brasileira e depois na Editora José Olympio. Após ser demitido da segunda fundou a Livraria Itatia Editora com seu irmão Edson Moreira (1919-1991) em 1954. Em 1959 lançou a coleção Buriti e em 1973 sua coleção mais famosa, a reconquista do brasil.

  • Itatiaia primeira editora de Minas. 1954 (MUTARELLI, 2011).
    • Ao que tudo indica, a coleção Reconquista do Brasil teve origem na aquisição por parte da Itatiaia do acervo da Editora Martins,9 que se encontrava na época em processo de liquidação, acervo que incluía a Biblioteca Histórica Brasileira. Mas, a julgar pela amostra que obtivemos, a coleção Reconquista do Brasil incluía, além dos itens do acervo da Martins, reedições de títulos da coleção Brasiliana, publicados pela Companhia Editora Nacional, na década de 1930, assim como edições originais (inclusive traduções). 43
    • A propósito de parcerias, a experiência de coedição representada pela coleção Reconquista – a exemplo de outras editoras – constituiu, no dizer de Plínio Martins Filho11 “[...] um claro favorecimento à editora particular em detrimento da editora universitária pública”, fruto de uma visão equivocada que entendia competir às editoras públicas testar a aceitação dos autores pelo mercado, abrindo caminho para os empreendimentos privados. Não se tratava, segundo o autor, de coedição, mas de financiamento público dissimulado: a Edusp, após opinar na escolha da obra, comprava e pagava antecipadamente 30% da tiragem, financiando, dessa forma, toda a edição 44
  • Dois grupos de tradutores: os não mineiros de títulos reeditados e os mineiros produzindo novas traduções. Milton e Eugenio fazem parte do segundo.
    • Ainda assim, a tese defendida por Lia Wyler, em Línguas, poetas e bacharéis, referindo-se ao contexto brasileiro em geral,16 encontra demonstração exemplar nos resultados deste trabalho, pelo menos no que se refere aos dois últimos elementos da tríade: os poetas e os bacharéis. A distribuição cronológica dos tradutores das obras que emergiram em nossas buscas é eloquente nesse sentido: os tradutores eruditos, que predominaram na primeira metade do século XX, foram cedendo lugar, paulatinamente, aos tradutores especialistas na virada para o século XXI; o início da profissionalização desponta nitidamente na década de 1970, muito dignamente representado em terras mineiras por Milton Amado, Eugênio Amado e, principalmente, por Regina Regis Junqueira 51
  • Eventualmente comprou a Garnier, ficando com os arquivos de Machado de Assis inclusive.
  • Comprou as editoras Jacson e Martins também. Abriu o selo Villa Rica.
  • Livraria familiar, esposa Leny Moreira era revisora. Poucos funcionários.
  • Pedro Paulo da destaque a Eugênio Amado como tradutor. 43
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Neto (2021) (ver também Borges 2019)
  • Baptiste Louis Ganier (1823-1893) chega em 1844. Em 1893 a livria passa para seu irmão François Hyppolyte e em 1834 é vendada para a Ferdinad Briguiet. Nos 1950s ela é comprada pela difel e em 1973 pela itatiaia. A itatiaia garnier é vendida para os irmãos teles da Rede leitura em 2018.
  • Em 2021 emplaca sete títulos nos mais vendidos. Sendo chamada de fênix.
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Ao falar sobre as livrarias e editoras no Brasil do século XIX, o primeiro nome a ser mencionado é frequentemente o de Garnier. Ou melhor, o de Baptiste-Louis Garnier (1823 – 1893), francês que veio para o Brasil em1844 após ter trabalhado na livraria Garnier Frères, pertencente a seus irmãos mais velhos, Auguste e Hippolyte. O negócio cresceu a partir da compra de estoque, mobiliário e direitos de publicação de editoras que encerravam atividades. Isso possibilitou inclusive a abertura de uma filial espanhola, a Garnier Hermanos (1849), em que os jovens franceses sucederam ao livreiro Vicente Salvá.

A Garnier fundada por Baptiste-Louis no Brasil era também uma filial da livraria parisiense. Instalou-se na Rua do Ouvidor, ponto nevrálgico do comércio e da vida intelectual do Rio de Janeiro, e ocupou dois diferentes endereços da Rua do Ouvidor. O segundo, no n. 71, ficava em frente à Livraria Universal, que pertencia aos seus maiores concorrentes, os irmãos Eduardo e Henrique Laemmert. Como era comum na época, a loja começou vendendo produtos variados, como charutos e perfumes. Depois se concentrou nos livros, que tratavam dos mais variados assuntos: textos religiosos, obras sobre Direito, Filosofia, Política, livros para crianças, romances estrangeiros traduzidos – aos quais se juntariam as obras de escritores brasileiros, tais como Machado de Assis, José de Alencar e Olavo Bilac – e ainda obras de teor erótico anunciadas como “literatura para cavalheiros”, aqui comercializadas mais abertamente que na França.

Veja um anúncio da Garnier, recortado de jornal e doado por um particular à Divisão de Iconografia.

Durante as primeiras décadas, a Garnier fazia todas as impressões na Europa. Andréa Borges Leão, da UFC, aponta que os catálogos nos primeiros anos da década de 1850 eram inteiramente em francês; isso se devia não apenas a questões de logística mas também a uma estratégia de vendas, visto que os fluminenses de classes abastadas associavam a França a qualidade e bom gosto. A partir de 1857 houve certa autonomia entre as casas editoras da França e no Brasil, mas não se desvincularam por completo. Segundo alguns estudiosos, a Livraria Garnier de Paris foi a primeira a expor livros sobre um balcão para que pudessem ser folheados pelos clientes, e a prática foi adotada no Rio de Janeiro por Baptiste-Louis.

Em 1859, a Garnier passou a editar a “Revista Popular”, de caráter informativo e recreativo. Reproduzia publicações estrangeiras sobre vários ramos da ciência, mas também tinha, entre outras, seções de música, literatura, moda e economia doméstica, que buscavam atrair o público feminino. O periódico era quinzenal, com 68 páginas e encartes ilustrados; as vendas eram feitas por sistema de assinatura, e a distribuição era feita em várias cidades brasileiras, bem como em Lisboa e Paris. A revista durou até 1862, quando passou a ser chamada “Jornal das Famílias”. Com esse título foi publicada até 1878, contando com colaboradores ilustres como Machado de Assis, Joaquim Norberto de Sousa Silva e Joaquim Manuel de Macedo.

Conheça a Revista Popular, disponível na Hemeroteca Digital.

Conheça também o Jornal das Famílias.

Segundo Laurence Hallewell, Baptiste-Louis mantinha um revisor em Paris, para cuidar das provas tipográficas dos livros em português. Só em 1873 adquiriu material de composição e máquinas impressoras e fundou a Typografia Franco-Americana, com a colaboração do amigo Charles Berry. Já então tinha obtido os direitos de publicação dos mais célebres escritores da época, e apresentara ao leitor brasileiro as obras de Honoré de Balzac, Alexandre Dumas, Charles Dickens e outros. Entre os muitos brasileiros encontram-se Macedo, José de Alencar, Olavo Bilac e João do Rio, sem esquecer Machado de Assis, que, além de publicar pela Garnier, trabalhou para a editora como revisor. Era também assíduo frequentador dos encontros literários que tinham lugar na livraria.

Veja, digitalizado a partir do microfilme, o livro “Chrysalidas”, de Machado de Assis, publicado pela Garnier em 1864. O exemplar pertencente à Divisão de Obras Raras tem dedicatória do autor a Francisco Ramos Paz.

Uma primeira leitura dos contratos da Garnier naquela época pode dar a impressão de que os autores eram explorados pelo editor. Lúcia Granja, da UNESP, argumenta que os contratos eram redigidos de acordo com o que se praticava na Europa; as questões relativas a direitos autorais não eram tão regularizadas quanto hoje, e muitas vezes o editor pagava uma quantia que lhe dava o direito de publicar quantas tiragens quisesse. Segundo comparações feitas pela pesquisadora, Gustave Flaubert recebeu por “Madame Bovary”, publicada pelo editor francês Michel Lévy, menos do que vários colegas brasileiros publicados pela Garnier. Por outro lado, alguns escritores tinham contratos diferenciados, recebendo um pequeno percentual da venda de cada exemplar.

Veja o contrato assinado entre Garnier e José de Alencar para a publicação de algumas de suas obras. O documento integra o acervo da Divisão de Manuscritos.

Baptiste-Louis faleceu em 1893, após prolongada doença. Segundo crônica de Machado de Assis na “Gazeta de Notícias”, ao ser levado para o funeral, o editor “saiu de casa pela primeira vez para ir a outro lugar que não a livraria”, na qual trabalhara por meio século. A empresa foi herdada por seu irmão Hippolyte, que enviou um representante ao Brasil para ficar à frente dos negócios; depois passou a um sobrinho, Auguste Garnier, que também enviou um gerente. Já nessa época, as transformações políticas e sociais dos primeiros anos da República vinham causando mudanças no panorama editorial, e as atividades da Garnier tinham diminuído muito, até que em 1934 a livraria foi vendida a Ferdinand Briguiet. Com o nome de Briguiet-Garnier, durou até 1951, quando passou a ser propriedade da DIFEL. Por fim, alguns de seus ativos foram adquiridos pela editora Itatiaia.

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