Sacarrão (1989); Almaça (1993); (1997); (1999); Pereira (2001); (2010); Fonseca (2015); Gamito-Marques (2023)
Sacarrão 1989 - Biologia e sociedade (também em 1985 e 1987)
- Muita da nossa formação cultural e científica em Portugal, no âmbito das ciências naturais, é de origem francesa, e isto talvez explique, em parte, a nossa apatia pelo darwinismo 261
- O pensamento essencialista tem fortes raízes nos países católicos, como a França, como Portugal e outros, de tradição platónico- “aristotélica, e uma parte da aversão ao evolucionismo darwiniano poderá provir daí. 263
- Sacarrão é bem crítico ao estado de Portugal na época
- Em Portugal a revolução industrial tardou a penetrar, fazendo-o em minguadas infiltrações, pelo que o País não sofreu as transformações de fundo que essa remodelação da sociedade provocou noutros lugares. Por isso não surpreenderá que o darwinismo científico (não a sua vertente vulgar ou deformada) mais não tenha sido do que mera curiosidade, e apenas episodicamente divulgado. Nem existia clima intelectual e económico para o compreender e assimilar, nem a nossa sociedade marasmática precisava dele ou simpatizava com ele.
- ...tendo ficado o Portugal do século xix como que num mundo à parte do que se passava na Europa em matéria de industrialização, ciência e empreendimento burguês, a influência do darwinismo, da sua imagem do mundo, não podia, isolada dessa metamorfose social, modificar em Portugal a vida intelectual, a mentalidade das élites, o ensino, a cultura e a Universidade, num país onde poderosas forças conservadoras e reaccionárias se opunham a todas as ideias de mudança. Tocou certas camadas, certos aspectos, mas sempre em escala minima, superficial, com alguma cultura importada e imitação de figurinos estrangeiros, em particular franceses, ainda que houvesse, é certo, alguns homens inovadores, com imaginação e inteligência, que todavia clamaram num deserto de indiferenças. 268
- Torna a ressaltar a desinfluência francesa 268-9
- Pós 65, via Spencer e Haeckel. Sobretudo em política social. "Darwinismo deturpado, debilmente científico ... mal definido ou falso". 269
- Misturado ao positivismo e materialimos anticatólico. É cooptado pela igreja na forma de evolucionismo teísta 269
- Universidade não promoveu o evolucinismo nem no século XX. 270
- Não houve revolução industrial, ou seja, não houve estímulo a ciência natural. Influencia religiosa da igreja e dos jesuítas 271
- No sistema universitário
- ntre nós não se rejeita activamente o darwinismo; não houve, nem há, aversão profunda a ele. O que me parece existir é uma enorme indiferença, como que um alheamento de quem não compreende o seu significado, ou o pressente como algo de inútil ou de incómodo que é útil afastar. 272
- No sistema escolar pouco se ensina sobre e era ainda pior no Estado Novo. 273-5
- Peristente índole classificatória na biologia portuguesa ao longo de suas fases
- Missionários das descobertas entre xiv e xv
- Reforma pombalina ao fim de XVIII
- ara a zoologia, esta fase foi pobre e de curta duração. Mas há o exemplo excepcional do naturalista-explorador Alexandre Rodrigues Ferreira, enviado para o Brasil, de onde remeteu colecções para o Gabinete Real da Ajuda, e também a fundação de um Gabinete de História Natural na Universidade de Coimbra, com a criação e oficialização dos estudos de História Natural dos três reinos, para cuja direcção foi chamado Domingos Vandelli, da Universidade de Pádua, que a exerceu até à data da sua morte, em 1816. Mas o ensino na Universidade de Coimbra não produziu os frutos esperados. E a maior parte do labor de Rodrigues Ferreira ficou perdida pelo descaminho e destruição das colecções enviadas. Para a botânica é justo lembrar os nomes do abade José Correia da Serra e de Félix de Avelar Brotero, que tiveram acção relevante. 275
- Terceira fase no XIX. Barbosa du Bocage em Lisboa, Paulino de Oliveira em Coimbra e Augusto Nobre no Porto. "Os interesses convergiram para a inventariação faunística, para a identificação das espécies, para as diagnoses, as listas de nomes, as colecções exóticas, Por um lado, era a continuação da tradição do século xviII, que não se cumpriu entre nós na altura própria, e, por outro lado, era uma consequência do colonialismo do século xIx. " Classificação como fim em si mesmo. 275-6
- Influência quase inexistente na universidade 276
- Bocage ignorou o darwinismo. "Nem o combateu, nem o defendeu, nem os seus trabalhos o refletiram". 277
- FAF parece ter sido o único zoologo que demonstrou maior interesse por Darwin 278 [mas era um 'deturpado' também]
- Mesmo o classificacionismo pouco informado e colonialista começou tarde em portugal (segunda metade do xix). 279
- A classificação nasceu, entre nós, do colonialismo, dependeu dele e quase só viveu para ele”. Atrasámo-nos. Ficámos sobretudo arquivistas. A classificação absorveu quase todas as energias dos poucos cultores de qualidade, mas ficou, em regra, estática e constituiu a base e a cúpula de todo o nosso sistema educacional e investigativo no liceu e na Universidade no sector das ciências naturais, em particular na botânica e na zoologia. 280
- Museus subutilizados 281
- Indiferença ao centenário da morte 282 Darwin industry 283
- Por ocasião do centenário, Itália e Espanha (também na grécia e frança) pós fascistas, aproximaram darwin a marx mais ainda do que países comunistas 283-4
- Portugal se parece com esses países, porque não houve interesse também ali? "A indiferença pelo darwinismo deve estar, provavelmente, relacionada com o nível de desenvolvimento cultural e científico. .... Às razões históricas da nossa indiferença pelo darwinismo parece-me constituir um problema interessante, merecedor de análise. " 284-5
Almaça 1993 - Evolutionism in Portugal
- Padre Valente vs Mendes-Correi em 1935. Ambos esquecem o deísmo de Darwin. 5
- Descreve a scala naturae ao longo do tempo 6-11.
- Darwin contra teleologia, usa higher e lower mas sabe que não tem definição. Haeckel, por outro lado, influenciado por Lamarck, tem a teleosis 11
- It was mainly through Haeckel's works that Portuguese evolutionists had access to evolutionism. Hence, the scale of perfection and its corolaries «less perfect/ more perfect» or «lower/ higher» have been present, though not permanently, in their papers. 11 [dá exemplos de osório, mendes correia e Sacarrão e Giraldes entre 1880 e 1950]
- Lamarquismo em Darwin (bem presente já na primeira edição) e Haeckel. "Early Portuguese evolutionists adopted Haeckel's enlarged approach of darwinism." 13 Dá exemplo de Giraldes, mas acho Osório mais exemplar:
- According to Osório (1890, p. 36), the genealogical theory, theory of descent or lamarckism completes darwinism. In his opink Darwin had not emphasized the huge importance of the environment in evolution and darwinism might be enlightened by use and disuse (law of adaptation), a legitimate corollary of the doctrine of Malthus, and inheritance of acquired characters (law of heredity). [Também considera a teoria de Wagner como um bom complemento] 14-5
- Descreve a lei biogenética e a briga entre a teoria da planula e de gastrula15-17. Chega em Burnay (que se considera darwinsita) que em 1883 discutiu a controvérsia. Vai contra a Gastrula de Haeckel, mas diz que a Planula de Lankester é parcilamente correta, propondo sua própria gastrulação 17-8.
- Sacarrão começa utilizando o conceito nos 1950s, mas depois vai totalmente contra e qualificando a gastrulação como algo mais esquemático 18-21
- Neolamarckismo
- As stated by Mayr (1982), neo-Lamarckian theories — Lamarckism without a teleological trend to perfection — were widely accepted in the early twentieth century by gradualist evolutionists. NeoLamarckian theories seemed a good alternative to selectionism as, to many evolutionists, it was hard to believe that a differential reproductive process could be responsible for the production of highly integrated biological structures. Hence, many european and american evolutionists of the early twentieth century adhered to neo-Lamarckian theories. 21
- Mendes-Correia 1915 "According to Mendes-Correia, natural selection does not explain the origin of variation nor the regressive evolution of useless organs. Furthermore, natural selection does not really act on the minor variations (p. 66). " Apresenta as altoernativas de Weissmann, isolamento geográfico e saltacionismo, mas o neolamarkcismo seria a mlehro alternativa. 22
- Neo-Lamarckism sustains, contrarily to neo-Darwinism, a proved reciprocity of relationships between living beings and their environement and explains through a logical process of adaptation, the emergence and persistence of variation, that is, the raw material of evolution. Mutation does not contradict the essence of neo-Lamarckism since a slight modification of protoplasmic chemistry, resulting from an adaptative process, may correspond to a visible morphologic modification (p. 68). NeoLamarckism is of the utmost importance in Anthropology, providing the guide-lines for the evaluation of such fundamental subjects as man's origin, inheritance, education, and eugenics. Adaptation, inheritance of acquired characters, influence of physical conditions, and food — all of these are neo-Lamarckian concepts known to everyone who deals with man's evolution or human races (p. 69). 23
- Sacarrão
- Sacarrão was primarily an essentialist. He always accepted the correlates of the scala naturae. Expressions like less perfect and more perfect, lower and higher animals are familiar in his articles and books (Sacarrão, 1948, 1988). He had been educated according to the idealist morphology and was, in his research on cephalopod embryology, influenced by Naef and other idealist morphologists. Hence, Sacarrão developed a typological approach to embryology which is explicit in his first writings. In his research on the telolecithal eggs, for example, Sacarrão (1948) refers to the embryological scheme-type of each phylum (p. 74), the pure telolecithal type (p. 75), the mean type of the species (p. 82), the most evolved type (cephalopods) of molluscs (p. 96), etc. 23 / saltationist adapted to gradual evolution [(neodarwinist, preadaptionist influenced by Cuenot)] 24
- Conclusão:
- Since early Darwinism, evolutionism has always been present in the Portuguese academic milieu. In the nineteenth century, evolutionism was evaluated as a higher subject to scientific reflect and almost restricted to academic theses. In our century evolutionism impregnated research and teaching. Reaching Portugal mainly through its Haeckelian perspective, evolutionism was sometimes submitted to naive interpretations.
- Essentialism and misinterpretation of the role of natural selection have prevented a thorough understanding of evolutionary mechanisms. Population genetics and the evolutionary synthesis reached Portugal rather late. Therefore, modern evolutionists relied on neo-Lamarckian theories or on saltationist evolution, mutation and preadaptation being to them the major evolutionary events. 26
Tem ainda 1993b Bosquejo histórico da zoologia em Portugal.
Almaça 1997 - Early evolutionism in Portugal
- Lamarquismo ignorado em PT no XVIII. Chegou junto com o Darwinismo a partir de 1860. 5
- Universidades importantes do espalhamento do darwinismo em conjunto com a mídia progressista 5
- Centros de criação. Manutenção do centro único de "criação" de Noé até o meio do XIX. Daí passa-se para os centros múltiplos e criação disjuntada capitaneado, entre outros, por Candolle. 6-8
- Tradução
- It appears that Darwin's book was mainly known in Portugal through French translations issued in the 1860s. Hence, when Manuel Paulino Oliveira presented his doctoral thesis to the University of Coimbra on 20th november 1861, Darwin's enlightening conclusions on the causality of geographical distributions were overlooked 8
- Nota 2: Citations of English edition of Rhe Origin of Species by Portuguese evolutionists staterted in the 1880s. Until then, only French translations of Darwin's seminal book were apparently read. This is understandable since French literary and scientific publications had a sifnificant influnece on Portuguese intellectual life until World War II. In Portuguese scientific libraries, French translations of the Origin by Clémence Royer, Edmond Barbier, JJ Moulinié, etc., issued from the 1860s onwards, are common. 19
- Oliveira coloca novas possibilidades como escape das catástrofes, criação de novas espécies e sobrevivência com modificação. Paleogeografia apoiava múltiplos centros devido a diversidade botânica, sobrevivência de uma catástrofe a outra em múltiplas áreas e dificuldade de explicar o aparecimento de todas as espécies em uma única área. "The main objective of Oliveira thesis was to prove that many centres of creation had existed" baseando-se muito em Candolle. 9-10
- Reflexões sobre tese de doutoramento na época (importante para Miranda Azevedo).
- A special comment is required on this and other dissertations which will be considered below. Doctoral dissertations were not intended as the presentation of original research, but rather as a way of testing the culture and intellectual capacity of candidates. They had to prepare a monograph, documenting and justifying their response to a question put by the Council of the University some months before. Hence the academic nature of such papers where the points of view of different authorities were contrasted and discussed in order to get at the (better) truth. Oliveira”s thesis clearly shows the inconvenience of such a system. Oliveira was a distinguished naturalist, deeply attached to fieldwork and analytical methods. However, in his thesis, he had to present a jurídical reasoning about natural phenomena, piling hypothesis on hypothesis, without any kind of personal, even limited, direct research. In a way, biological research and teaching, despite the significant reform of the Portuguese university in the late eighteenth century, still remained attached to theoretical and deductive methods. 10-11 [também em Almaça 1999, p. 18-9]
- Julio Augusto Henriques. Primeiro naturalista a apoiar o darwinismo claramente. Tese de doutoramento em 1865 sobre mutabilidade das espécies.
- "Henriques denies the trend towards progressively perfect organisation (Lamarck's progression dans la composition) and, consequently, the existence of animal and plant progressive series. " .... "Though species diversity had increased progressively, evolution did not proceed according to any degree of increasing perfection. ". Baseia-se na tipologia quadrupla de Cuvier reforçada por Von Baer 11
- Variabilidade limitada relacionada a aspectos exertnos. Junto com herança explica SN, mais vagarosa que SA. 11
- "Henriques does not accept any of the evolutionary causations suggested by Linnaeus (hybridisation), or Buffon (degeneration), or Lamarck (use and disuse), or even by Saint-Hilaire (direct effect of external conditions). The only evolutionary causation is natural selection, whose modifying efficiency can be inferred from artificial selection and increasing diversity." 12
- SA, SN, Paleonto, Biogeo 12-3
- Já inclui o homem. 13
- Dissertação de concurso em 1866, tema Antiquidade do Homem. Conecta com evolução 13
- Arruda Furtado, republicano positivista principal divulgador de Darwin em Portugal. 14
- Narra as cartas. 14-6
- Conhece o Origin em 1878 e já usa o paradigma em pesquisa aplica a fauna açoriana. Baseado no endemismo vai contra os centros de criação. Primeiro panfleto de divulgação vem em resposta a um padre seguido de uma série de publicações em jornais. Haeckel e Buchner. Nominalista. 17-18
- Conclusão sobre FAF
- Arruda Furtado's popularising role was to be significant in Portugue intellectual circles of the time, which were mainly republican and positivi His influence in the restricted scientific environment, especially amongst t naturalists of the National Museum of Lisbon with whom he was on intima: terms, is doubtful because his premature death prevented him from makin; much impact. It is, however, possible that he awoke the interest of Eduardo Burnay and Baltasar Osório in the evolutionary themes which they later developed in their dissertations (Almaça, 1993). 18
- Conclusão geral
- Darwinism reached Portugal in the 1860s and — unusual for its early stages — was devoid of Lamarckian evolutionary causality right from its first appearance (Henriques, 1865). The universities played an important role in alerting the Portuguese to evolutionism a role which would be expanded by the progressive political movements only in the following decade. Thus it was that, in 1878, Giraldes published the text of a conference which he had not yet given (Almaça, 1993) and, in the 1880s, pro-evolution initiatives multiplied: Arruda Furtado, Eduardo Burnay, Júlio de Matos, etc. However, enthusiasm for the new concept of life did not stop there. Until the second decade of the 20th century, evolutionism was the Jeitmotiv of university dissertations in Biology. Which means that, for about half a century, Portuguese universities exhibited remarkable openness and curiosity about this innovation which so radically transformed their former view of the worid. 18
- Não disucssão de Lamarck contemporaneamente devido a uma possível crise intelectual decorrente da invasão napoleônica até 1830. 11
- Origin chega em meados dos 1860 por traduções francesas 15
- Reformas educacionais ao longo dos 1830s. São criadas a Escola Politécnica de Lisboa e a Academia Politécnica do Porto. Em 1860 vem o movimento republicano, "a principio socializante e federalista, depois moderado e cientista pela inspiração positivista e littriana de Gambetta" influenciando a divulgação do darwinismo 15
- O positivismo, com efeito, conhecido em Portuga ; partir da década de sessenta, atraíu a maioria c « intelectuais de esquerda, republicanos próxim ; da tendência federalista (Catroga, 1993). Sugerir 5 um reformismo político assente no racionalismo científ; , não admira que os centros universitários da épc ; actuassem como fontes da sua irradiação e q significativas figuras da intelectualidade portuguesa corn Júlio de Matos, Bernardino Machado, Teixeira Bastos. Arruda Furtado e outros exibissem uma sólida adesão essa filosofia. Júlio de Matos foi um dos directores de O Positivismo, revista que se publicou entre 1878 e 1881. Arruda Furtado colaborou nesta revista e em jornais como A Era Nova e A República Federal, abertos à mesma corrente. 16
- Lamarquismo divulgado junto com o darwinismo. Darwinismo perde essa característica de herança adquirida apenas a partir de Weissmann em 1883. Haeckel dificultou as coisas "nele são difundidas as teorias sobre a evolução sem a devida contrastação, que não ecra nada fácil na época, entre Lamarquismo e Darwinismo. " 17
- Atraso português (retoma traduções), porém curiosiodade com relação a evolução. Coimbra parace ser o "principal foco de irradiação do positivismo em Portugal", incluindo entre cientistas. 18
- 1861: "um ou mais centros de criação vegetal?" para tese de Manuel Paulino d'Oliveira. 1865: "As espécies são mudáveis?" para tese de Júlio Henriques. 20
- "propondo-se Henriques, fundamentalmente, demostrar que: (a) a variabilidade é a regra nos seres vivos; (b) a biogeografia não apoia o criacionismo; (Cc) o aparecimento dos grupos animais não seguiu nenhum gradiente de perfeição." Marca de Darwin, mas citado só uma vez. 21
- Henriques conclui que as espécies não são fixas. Fala de SA. 22-3
- Explica a scala naturae (parece que em mais detalhes quando comparada a 1993) 25-31
- Cuvier e Henriques. 31
- As quatro classes desenvolveram-se paralelamente, não sucessivamente, e os animais não se, sucederam segundo o seu grau de perfeição — são as conclusões de Henriques (37). Além disso, não: há distinção completa entre as faunas e floras dos, diferentes estratos como alguns autores defendem; há, espécies que atravessam os diferentes períodos (42). E, muitas vezes, quando referem a extinção de espécies, os autores estão, de facto, a considerar o. desaparecimento de simples variedades (43). Isto deslocava a questão para o conceito de espécie ch importância da variabilidade, tema a que Henriques dedicou a segunda parte da sua dissertação. 32
- Definição de espécie pelo critério de semelhança como exequível e objetivo. 35
- Aceita Darwin (inclusive aplicando-o ao homem que fica racializado 37, 39), mas
- Porém, neste caminho, Lamarck tem de ser rejeitado. Não existe desenvolvimento progressivo, nem mesmo uma série animal. O que há, de facto, são quatro tipos de organização independentes e observáveis tanto. nas espécies actuais como nas fósseis. E nem sempre os animais menos perfeitos precederam os mais perfeitos 36
- Burnay em 1883 toma o evolucionismo como ponto pacífico 41
- Gastrula de Haeckel vs Planula de Lankester 44-8
- Perante as críticas das duas constrói sua própria teoria 50-51
- Burnay defendia que a primitiva forma didérmica teria uma boca, mas que teria surgido por delaminação (66). Então, Burnay concluiu que, logicamente, a “teoria” correcta seria a da “gastraea delaminada” ou a da 'plânula estomatizada”, hipóteses sinónimas (66) que removeriam os obstáculos, tanto de uma como da outra. 50-1
- Osório darwinista dos escorpiões, porém lamarquista. 54-5
- As alterações das condições do meio ocasionariam a alteração das necessidades, que, por seu lado, modificariam os hábitos. Tal modificação causaria maior uso de certos orgãos, que, por isso, se desenvolveriam mais. A acumulação hereditária das diferenças devidas ao uso provocaria a transformação da espécie (33-36). Darwin não teve em devido peso “a acção directa do meio”, isto é, da alimentação, do clima, etc., independentemente da selecção natural” (36). 55
- Também se apropria de Moritz Wagner como alternativa à seleção natural. 55-6
- O darwinismo no seu tempo 66
- Força de Cuvier pode ter impedido Lamarck em portugal. 66
- Pode, portanto, concluir-se que o Darwinismo apenas começou a afirmar-se na sua pátria de origem a partir da primeira década após a publicação de “A origem”. 74
- Rejeição francesa contrária ao número de retraduções. 75
- Farley 1974 cita o efeito de Littre na rejeição por causas empíricas. 76
- Antropológos leram mais devido a controvérsia mono vs poligenismo.
- Também fala de trads na alemanha. 77
- "Foi ele [Haeckel] o responsável pela introdução no Darwinismo do conceito de espécies “inferiores” e 'superiores”, que não existem na teoria, fazendo também nela convergir aspectos sociais e intelectuais." 78 [conferir isso em Montgomery 1988]
- Itália traduziu mais cedo. 79 Implicações ideológicas 80
- Espanha 80-3. Bastante resistência por todos os lados, entra junto com a revolução liberal e expansão do positivismo. Tbm trads, mas só a partir de 1877 [ver Nunez 1969].
- Darwin em Portugal 84
- Critica a cc portuguesa de 1860. Atraso geral justifica demora do Darwinismo. Fala de Chine e Japão [ver Freeman 1986 e Shimao 1981] 85
- Henriques aplica darwin ao homem em 1866. Foi aprovado, oque indica boa recepção em oposição a rejeição universitária em lugares como Italia, Espanha e Noruega [ver Lie, 1985] 86 assim
- A singularidade da Universidade portuguesa está, não só em ser ela própria a fomentar a discussão do Darwinismo, como também em manter acesa, durante cerca de cinquenta anos, essa inclinação. Com efeito, os temas evolucionistas tiveram a primazia nos concursos para docente universitário que se sucederam à dissertação de doutoramento de Júlio Henriques (1865): concurso para professor substituto da Universidade de Coimbra do próprio Júlio Henriques (1866); concursos para professor substituto de Zoologia da Escola Politécnica de Lisboa de Eduardo Burnay (1883) e Baltasar Osório (1890); concurso para assistente de Ciências Biológicas da Universidade do Porto de Américo Pires de Lima (1913). Deve notar-se que, nestes concursos, a escolha do tema já era do próprio candidato. Não soubessem eles ser bem recebida pela instituição a questão escolhida e, certamente, seleccionariam outra. 87
- Porém, voltando às dissertações de Burnay e Osório, há mais particularidades a realçar. A primeira é que ambas dão a evolução como facto assente e partem para a resolução de questões de filogenia. A influência de Haeckel e da elegante simplicidade com que este define i a lei biogenética — simplicidade tão enganosa nas suas consequências —, são notórias nos dois naturalistas É portugueses. Burnay, preso ao conceito morfológico da gástrula, viu nela a recapitulação que validaria a hipótese da Gastraea. Todavia, valorizando mais a forma do que o processo de gastrulação, tão ligado à hipótese como - o seu resultado final, tenta escapar às dificuldades, À hibridando duas teorias alternativas.
- Outra singularidade, vejo-a na forma perspicaz como . Osório tratou a “migração e isolamento” de Moritz Wagner. Quase chegava à teoria da especiação alopátrica, não fôra a incapacidade de bem entender a selecção natural e, daí, querê-la substituída por, em vez de reforçada com, a “migração e isolamento”. 88
- Traduções ao retorno: não há discussão em 1861 em Paulino, porque só tem tradução francesa em 1862. Henriques, Burnay e Osório citam tudo em Francês 88-9
- Popularização do darwinismo em portugal entre 1865 e 1890. Giraldes 1877 já resvala em social, Matos em 1879 contrapõe com o positivismo, Ferrari em 1879 também social, Burnay no jornal do comércio, e FAF nos açores.
PEREIRA 2001
- Exalta o numero de trads do origin.42
- Flexibilidade na definição de Darwinismo, se não não se encontra um deles. Termo politípioco e heterogeneo segundo La Vergata e Gayon. 43-4
- Evitava evolução pelo uso embriológico, mas Lyell usava o termo para Lamarck. No descent o primeiro uso e na sexta edição do Origin já está mais generalizado. 47
- Spencer generalizou a lei do desenvolvimento embrionário em uma fórmula filosófica universal. Isso já em 1852, ou seja, a evolução de spencer tem raízes mais embriológicas e menos darwinianas. 47-8 "a evolução orgânica spenceriana conserva um sentido pré-darwiniano, de tendência para a optimização perfectibilista, fundada no determinismo fisicalista (matéria, movimento, força). Em suma: no sistema filosófico spenceriano, a mecanização da selecção natural diminui o seu estatuto de criadora da evolução orgânica."
- Survival of the fittest
- No entanto,foi Herbert Spencer, nos seus Principles of biology (1864-1867), quem tomou a iniciativa de identificar o seu princípio da “sobrevivência dos mais aptos” com a selecção natural darwiniana: “S 165. This survival of the fittest, which I have here sought to express in mechanical terms, is that which Mr. Darwin has called natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life”(4). Em termos muito sumários, para o engenheiro-filósofo, a evolução orgânica resultava de dois processos simultâneos(*): a adaptação (ou em termos mecânicos, a equilibração directa do organismo com o meio) e a selecção natural, ou em termos mecânicos, a equilibração indirecta. 49
- No principles of biology tentava unir lamarck e darwin 49
- Haeckel
- Mas, sintomaticamente, Darwin nada diz sobre o determinismo monista-evolucionista do universo, da terra e da vida, perfilhado por Hackel, nem particularmente sobre o valor filosófico e político que Heckel atribuia à sua naturalização mecanicista do homem e da sua história. Por outro lado, se a obra darwiniana de 1871 remete o leitor para as árvores genealógicas de Heckel(?), ela mostra-se cautelosa quanto à lei biogenética fundamental(*) e a todas as restantes leis da autoria do natu- ralista alemão, como sejam,a lei da evolução (divergência e progresso), as leis da hereditariedade e da adaptação, etc. Quer isto dizer que, mesmo no campo das induções e das deduções científicas, a obra de Darwin, The descent of man, não coincide exactamente com a Natiirliche Schópfungsgeschichte de Haeckel.O que separa Darwin de Hackel não é apenas o intento filosófico do naturalista alemão, mas é também a distância entre a teoria original de Darwin e a versão hxckeliana da mesma, ainda que esta não questionasse a selecção natural, enquanto mecanismo capital da evolução orgânica. 56
- Conry não acredita que o descent seja tão científico quanto o Origin. É uma obra ideológica. Tort discorda 58-9
- Ver carta de 1872 a Henry Fick na qual Darwin fala da aplicação do que expressa no final do Descent. 64
- Posição bastante lúcida e matizada quanto ao pensamento aplicado de darwin 65-6
- Darwin em portugal, dificuldade de penetração devido a inventariação inacabada da fauna e flora portuguesa. 67 Alguns Darwinistas contudo foram JA Henriques que começou a defender darwin em 1865 e o aplicou ao homem em 1866; JB Reis; Arruda Furtado; LW Carrisso; Bernardo Aires; Cortesão; Carlos Ribeiro; Bernardino Machado; Meirels Garrido; Silva Bassrto; Oliveira Martins; Julio de Matos.
- Tradução
- Tem algum significado o facto da obra darwiniana de 1871 ter sido traduzida antes da obra capital de 1859. A tradução da primeira foi publicada em 1910(4) e a da segunda em 19130). Tardiamente, sem dúvida, mas não esqueçamos o “francesismo”(!) português da época que dispunha das primeiras traduções francesas das obras de 1859 e de 1871, desde 1862 e de 1872, respectivamente(?). À volta de 1910, houve um surto de pequenos artigos e notícias de difusão do darwinismo antropos -histórico para o grande público(?), mas, como veremos, as letras portuguesas, com Teófilo Braga, Oliveira Martins e outros, já tinham assimilado, com originalidade, a revolução darwiniana, claramente, desde finais da década de setenta do século XIX. 75-6
- Braga escapa de Royer 78
- Em 1909 foram a cambridge para as comemorações EFP Basto (no lugar de Henriques); AF Lacerda; FS Teles. Outros: Raul Proença; Miguel Bombarda; Guedes Quinhones.
- Lamarck em Portugal breve 82-4
- Conclusão do darwinismo pt
- Resumindo: em 1882, exceptuando o artigo de Júlio Augusto Henriques, todos os restantes, mesmo o de Arruda Furtado, acentuam a projecção de Darwin na cultura humanística, partindo da leitura biológica do ser histórico e social do homem feita pelo naturalista inglês. Em 1909, reflecte-se vivamente,entre nós, a competição entre a Inglaterra e a França pela paternidade da “revolução copernicana” nas ciências da vida e do homem. Mas, independentemente dos méritos atribuídos a Lamarck e a Darwin, o que ganhou uma força significativa em Portugal foi o uso da teoria biológica da evolução enquanto arma científica na luta político-cultural. 85
- Ora, é na percepção deste divórcio entre a ciência e a metafísica(l) que se enraíza todo o trabalhofilosófico anteriano, na esperança de ultrapassar o absurdo da incomunicabilidade entre as duas potências mais elevadas do pensamento e que, no fundo, eram obra do mesmo espírito humano. 90
- Viana de Lima. 91
- Para Quental a filosofia deveria se erguer no limiar da metafísica e da ciência. 93
- a teoria geral da evolução, hoje com tanto vigor e brilho formulada por Hackel e seus concorrentes ou discípulos, longe de ser, como vulgarmente se imagina, uma descoberta das ciências naturais e um resultado directo da análise científica, é, pelo contrário uma verdadeira hipótese filosófica, que, produto da elaboração especulativa de perto de três séculos, acabou por se manifestar no domínio das ciências”(!). É como se Antero dissesse que aquilo que há de significativo na ciência não é científico mas filosófico. Portanto, aquilo que o filósofo . deve procurar na substância científica é a ideia multissecular de evolução que, hegelianamente, pela força da sua necessidade interna, se objectivou nas ciências da natureza. O facto de a ideia de evolução, intrínseca e | necessariamente teleológica, se ter objectivado na teoria darwiniana em moldes anti-finalistas, não tinha de ser problema para Antero. Podiatratar: -se de uma contradição necessária, própria da dialéctica do ser e do saber, a caminho da sua inteligibilidade metafísica suprema. 98
- Progresso
- “... a evolução,isto é, o movimento como hierarquia ou desenvolvimento, implicando a ideia de um tipo, que as formas, evolvendo,tendem a realizar, implica por isso mesmo uma finalidade(...). Quem diz evolução diz progresso. Ora, progresso que não tende para cousa alguma, que não tem um tipo e um fim, não se compreende. Se não há tipo, não há “medida ou termo de comparação na série, não há por conseguinte hierar- “quia: há variedade de formas paralelas e equivalentes, mas não desenvolvimento. No meio dessa multidão de formas inexpressivas, tudo será gualmente perfeito ou imperfeito: haverá ainda transformismo, mas não haverá evolução progressiva”(2). É exactamente isto. A ideia natural de evolução ou descendência com modificações não comporta a ideia de “tipo” paradigmático, em função do qual as formas concretas se dispõem hierarquicamente. 99
- Materialismo monista (positivismo também) é pseudo-filosófico. 100 Evolução é trigo, monismo é joio. Defesa da espontaneidade da matéria 101
- Vocação não-filosófica da ciência. 103, 105
- Canto e Castro 105-7
- Crítica a Haeckel
- Antero denunciava a cumplicidade do monismo materilaista de Haeckel com uma metafísica unívoca, linear e, afinal igualmente teleológica. Para a dadeira razão filosófica, o paupérrimo finalismo naturalista à Heckel não podia identificar-se com o sentido superior da teleologia que é aquele que aponta para a ideia de Bem e sua realização. O finalismo naturalista imprimia no mecanismo evolucionário uma “intencionalidade que não se traduzia na comunhão Ôntica de todos os seres elevados espiritualmente e humanizados pela razão e pela vontade humanas. A causalidade final no monismo materialista era conflitual, aparentemente de acordo com as leis darwinianas da concorrência vital, da luta pela vida e da implacável selecção natural. Necessariamente, a tradução social, ética e política( ) da metafísica de Haeckel tinha de obedecer aos cânones do mecanicismo antihumanista. .... a subordinação da teoria científica da evolução ao monismo hackeliano convertia a sua essência — a imprevisibilidade(*) — numa forma de progressismo finalista. Ora, dada a projecção de Hasckel e seus discípulos na época, não admira que fosse corrente assimilar o darwinismo ao cientismo e imputar-lhe umavisão perfectibilista da vida(!) que, na verdade, não está explícita nem implícita na obra darwiniana. 115
- Antero viu mais longe. Percebeu claramente as diferenças entre 6 darwinismocientífico e o monismo hackeliano(2). Compreendeu a ausên- cia de sentido na evoluçãonatural; aceitou a cientificidade da teoria e, por isso mesmo, defendeu que nada de substancial se podia extrair da redução da existência à fórmula struggle for life, .... mostrou como é que a construção de Hackel deixava de ser científica sem poder afirmar-se como filosófica; explanou como é quea generalização das leis do mundo orgânico e a sua aplicação ao universo histórico-social se resolvia numa “pseudo-filosofia”, isto é, numa ideolo- gia teórica. A matriz científica da sua totalizante Weltanschauung saía distorcida dessa lógica ilegítima(*) que nem respeitava a especificidade do método e do objecto das ciências da vida orgânica(”), nem salvaguardava a possibilidade da verdadeira filosofia. 116
- Perfectibilidade não está explicito em darwin [será? acho que darwin sofre do mesmo mal de haeckel] 116
- Evolução darwinana fecunda: "o transformismo aboliu as fronteiras entre as ciências da vida e as ciências do homem; abriu o caminho à conversão da antropologia “numa verdadeira ciência natural”(2); presidiu à transformação de outras disciplinas em ciências da evolução natural dos seus objectos como é o caso, entre outros, da linguística que se renovou com o estudo da evolução natural das línguas." 122, mas não a evolução mecânica 123
- Filosofismo cientista 123
- A crítica formulada por Antero à “filosofia da natureza dos naturastas”- não visava hostilizar o seu reducionismo mecanicista, mas comreendê-la como “uma verdade fundamental, mas circunscrita, positiva entro dos seus limites, mas incompleta na medida da estreiteza desse limis" 125
- Competências do cientista e do filósofo 126
- o darwinismo não é excluído do verdadeiro campo prolemático da síntese filosófica anteriana. Antes, faz parte integrante desse ampo, mas sem mudar de estatuto. Figura nele enquanto matéria-prima or meio da qual a razão filosófica se dá a conhecer a si mesma,na sua bsolutidade, sempre, irrecusavelmente, histórica. A teoria científica da volução está, pois, dentro do campofilosófico mas, não é uma filosofia. 129
- Questões intelectuais e morais. Análise literária aprofundada de algumas obras. Nada de muito interessante para mim.
- Pampsiquismo.
- Cc e metafisica
- cada passo para diante no terreno da especulação provoca logo no campo dasciências uma remodelação das suas teorias gerais, assim como a fundação de mais uma ciência, ou simplesmente o levantamento de mais uma secção no edifício de qualquer delas, propondo à especulação um mundo novo de factos, obriga filosofia, que tem de os interpretar superiormente, a aprofundar ou definir melhor os seus princípios” 146
- Antero não rejeita o saber científico, não procura corrigi-lo, mas também não o sacraliza. Para o filósofo-poeta, a realidade da ciência é uma prova capital da exitência de atividad epensante e, portanto, do espírito que espontenamente pensa e que, além de inafar positivamente o modo de funcionamento das coisas, não pode deixar de se preocupar com o porque e o apra que de todo o ser. Nenhuma ciência pode impedir o espírito de es´pontenament eperguntar pelo fundamento e peo fim de todo o ser e de todo o saber, muito em especuial do saber científica, há que este detinha na época um poder cultural, social e p9olítico, tendecialmente hegemonico, o que, portanto, constituia preocupação para toda a filosofia da liberddade, mormente, entre nós, para a filosfdia anteriana. 149 ... Eleva a ciência.
- História depende de biologia para teófilo braga. Panbiologismo. Continua a cientificização de Comte. 155-6
- Teófilo não questiona o postulado comtiano. segundo o qual, o progresso é o desenvolvimento da ordem e, por isso todos os factos históricos obedecem a uma causalidade teleológica, aind que, por vezes, pareçam casuais. Deste modo, na teoria teofiliana di história, o futuro não está em aberto, como no genuíno darwinismo 160
- S sexual no amago da dinâmica social 157
- Monogamia = supeiroridade ariana 158
- Arianos = estágio científico (Semíticos metafísico) 162
- No Systema de Sociologia marca uma sociologia étnica racialista. Raça mal definido, mais retido a morfolgia 163-4
- Consideração de Pereira:
- É evidente que Teófilo não pode equacionar o problema fora das noções de progresso e de perfectibilidade substancializadas em moldes comtianos, o que não é, de forma alguma,original, pois todas as construçõescientistas(4) desta época comportavam uma moldura filosófica. Ela servia para dar unidade às proposições científicas em jogo mas, ao fazê-lo, por regra, alterava o sentido que essas proposições, leis ou enunciados tinham no seu campo científico originário. 164
- Mestiçagem existe, mas não afeta a essência, assim "defender a permanência do tipo antropológico e, simultaneamente, recorrer à lógica darwiniana da descendência com modificações significa usar abusivamente os elementos científicos, como é característica do cientismo" 164 ... A hierarquização dasraças humanas e, particularmente, na “raça branca” o postulado da inferioridade do semita em relação ao ariano, não procede directamente da obra de Darwin(2), mas a partir da revolução darwiniana, institui-se uma ciência racial) que dá cobertura a esta fórmula judicativa, corrente nas teorias raciais da história, a partir dos anos oitenta do século XIX, sensivelmente." 165
- No Povo Português (1885) [tem um Patria portuguesa (1894) também, não confundir] > Demótica = Paleontologia humana + Etnografia. Persistyência, recorrência e sobrevivência 166
- Naturalismo antimetafísico 170
- "será ousado afirmar que o naturalismo histórico é de tipo darwinista?" Teixeira Bastos, seu discípulo, diz que sim 170-1
- Relação com Haeckel
- a nosso ver, a novaideia de história(4) que Teófilo constrói não é compatível com o espírito ultraseleccionista e eugenista(”) do darwinismo histórico da filosofia monista de Hackel; embora, como demonstrou Amadeu Carvalho Homem, o pensamento de Teófilo seja tributário, numa medidasignificativa, do materialismo monista 171
- "Toda a produção intelectual teofiliana é obra de militância político- -cultural, ética e estética, enformada pelos cânones filosóficos do posi- tivismo comtiano," 172
- Visão do tempos (1894-5). Poética naturalista da humanidade ainda positivista. "Pretendia ser a tradução subjetiva da objetividade cien´tifica" 172-3
- Não toma posição monogenista ou poligenista. 175
- Ciclos: 1) Faalidade, terra espaço e homem 174; 2) Luta pelo conhecimento natural 179; 3) Liberdade, luta continua. revolução, "struggle for life" das nações 181
- Mastodonte 188
- Conclusão geral
- Assim, pode afirmar-se que a luta pelo futuro ideal não é imune à presença activa do aleatório, em particular dos “acasos do meio”(*) e das contingências adaptativas às exigências do evolver. Portanto, se é verdade que Teófilo recusa o factor acaso, enquanto causalidade metafísica, julgamos que, pelo menos na sua poética da história(!), há lugar para a noção naturalista de acaso, enquanto aleatoriedade, embora o seu estatuto na economia geral da sua sistemática seja deveras secundário.
- A alusão à aleatoriedade evolucionária e a frequência de expressões na epopeia comoa “luta pela vida”, “conflito vital”, “luta ardente”, “conflito da vida” e outras, não perturbam sistemática positivista, designadamente lei dos três estados e a classificação hierárquica das ciências. Mas, de algum modo, significam que o positivismo se adaptou à nova lógica da vida e não foi suplantado na concorrência ideativa finissecular. Essa adaptação não implicava uma metamorfose dos princípios básicos da filosofia comtiana e, em especial, do Amor. É que, se historicamente a consistência ontológica do Amor da Humanidade se reduzia ao estatuto de sentimento frustrâneo ou, como diz o poeta, de “suave ilusão (...) no conflito vital”"(2), nem porisso asleis da natureza o condenavam a uma existência imaginária. Darwin tinha, justamente, observado que a era da simpatia universal() não estava fora dos horizontes da selecção natural. 189-190
- Aplicação à Portugal e ao cruzamento das raças (Pátria Portugueza) 190 Portugueses arianos, Espanhois semitas. 197
- Rças
- ... o arqueólogo da Patria nunca questiona a raça, em sentido biológico(!), enquanto causalidade estrutural do processo histórico, o que estava de acordo com a matriz cultural-epistemológica dominante na época que conjugava a herança do romantismo historiológico com as repercussões antropológicas do paradigma darwiniano. Mas, Teófilo reclamava-se do registo estritamente naturalista; por isso, distinguiu a história das raças da história das línguas; por isso, não trabalhou com a distinção entre “raças antropológicas” e “raças históricas”(2) embora, em 1908, se tenha ocupado da noção de “raças sociológicas”(). Na verdade, Teófilo não podia, em coerência, fazer questão de distinguir a categoria antropológica de raça da noção de raça histórica porque isso significaria admitir que, na expressão de Henri Berr, “les hommes échappent à cette chrysalide: la race”(4). Ora, se no curso histórico, os homens se libertassem do determinismo biológico, tornar-se-ia absurdo defender umahistoriologia naturalista(?). E não esqueçamos que, para Teófilo, mesmo a ética do altruismo que será norma nos tempos históricos futuros, está inscrita no sangue celta da raça francesa, conforme está explícito em Visão dos tempos. 199
- Pereira Conclui
- Sem dúvida, a elaboração de um código naturalista de leitura da história e sua aplicação à história portuguesa, incluindo a história da cultura e da literatura, foi uma das primeiras preocupações do pensamento teofiliano a ganhar corpo. Com efeito, esta orientação impregna um comjunto de trabalhos produzids de 1868 até 1871, daa de Epopeas da raça mosárabe, e é retomada, a aprtir de 1878, na sua Histpria unive3rsail alcançand o seu nível de eleboração maims complexo em A patria portugueza, publicada em 1894. 199
- "Portugal é um patria porque é uma raça", não desenvolvida pois falta evidência, "somoslevados a afirmar que o reconhecimento teofiliano da diversidade física e psicológica da população portuguesa foi um dos factores impeditivos da transformação da sua teoria racialista da história numateoria racista da história" 201-2
- Se compreendeu a vantagem da diversidade viu mais e mais longe. Rocha Peixoto detestava. "nosso autor exorcizou esse problema sem sair do naturalismo histórico, na medida em que soube converter a miscigenação num trunfo biológico e civilizacional. " 203
- Críticos do germanismo teofiliano.
- Julio de Vilhena mais latinista, antisemita e fracófilo 205-211
- Racialismo/Racismo
- será legítimo considerar racista(4) esta | leitura do processo histórico peninsular? Se se considerar epistemologicamente ilegítimo aplicar um termo novecentista() a um trabalho oitocentista, a resposta é negativa. Além disso, é de sublinhar que o estudo de Júlio de Vilhena não é, de modo algum, marginal, relativamente às certezas fundamentais da sua época(!) e, por isso, não podemos julgá-lo racista sem, ao mesmo tempo, denunciar toda a antropologia de oitocentos e, especialmente, a antropologia pós-darwiniana, como bem observou Claude Blanckaert 212-3
- JJ melo contra a hierarquia das raças 213
- Correia Barata, naturalista darwinista arianista 214
- Acusava TB de abuso da teoria darwiniana 222
- Onde está a descendência com modificações (Darwin), se toda:a argumentação de Correia Barata se orienta no sentido de provar a descendência sem modificações? .... Onde está a descendência com modificações (Darwin), se toda:a argumentação de Correia Barata se orienta no sentido de provar a descendência sem modificações? 226 [isso é mencionado anteriormente no caso de teófilo braga eu acho]
- Questão de Royer 215-6
- Ecletismo teórico de tipo darwiniano do transformismo continental 216
- Darwinismos
- tal fidelidade era muito improvável, não só no caso de Correia Barata, como em todos os autores que praticaram o naturalismo histórico depois da revolução darwiniana. Se, por um lado, a história humana extravasa a lógica evolucionária da vida e revela ser irredutível às leis da história das plantas e dos animais, por outro lado, desde a década de 60, os darwinismos multiplicaram-se e muitos nem conservavam da teoria de Darwin o tópico nuclear da sua revolução científica(2 [ver mayr quanto aos darwinismos]), isto é, a selecção natural.
- É que, as ideologias não são obra, apenas,de literatos. O cientista que faz ciência, também podecair no cientismo(*). Por isso, é pertinente recordar o seguinte: sendo ponto assente que as interpretações racialistas da história seriam cultivadas mesmo que a revolução darwiniana nãose tivesse efectuado(4), o certo é que essasleituras do processo histórico não podiam prescindir de um fundamento científico, num tempo dominado pela razão mecanicista, indutiva, experimental e comparatista. Se não há dúvida que a obra de Darwin se pauta pela prudência, e, em regra, pela suspensão de juízos afirmativos da desigualdade e da hierarquia das raças humanas, por outro lado, é incontroverso que Darwin, desde a primeira hora(!), não excluiu a espécie humana do mundo vivo e que, portanto,as leis da histori= cidade deste se aplicam também à humanidade. Se Darwin nada podia contra o uso e abuso da sua teoria pela dinâmica cultural cientista da sua época, por outro lado, também não podia demarcar-se dela, pois, de facto, nem mesmo podia argumentar que as leis do mundo vivo não contemplavam a espécie humana e o seu devir histórico, sob pena de arruinar a sua obra.
- Por tudo isto, a naturalização da história da humanidade, em moldes darwinistas, era inevitável e não surpreeende que este reducionismo, de insofismável pobreza de sentido, tenha sido praticado, de forma mais radical, por cientistas da natureza do que por outros agentes culturais ligados a áreas diversas das humanidades e das ciências sociais. Mas se é verdade que os autores com formação científica podiam fazer uma hermenêutica naturalista da história mais sofisticada e hermética, aparentemente mais científica, como no caso vertente, também é verosímil que isso não os impedia de desenvolver uma consciência crítica relativamente à transposição do código darwinista de leitura da história natural para a história humana. Mas, se o fizessem seriam marginalizados. Pelo menos, os cientistas que enveredaram por esse caminho, foram, em regra(2), marginalizados pelos seus pares. 227-8
- Oliveira Martins
- Resposta a Braga 237
- Antero o vê como um determinista natural 239, 241, tem certo fundo em 1873, mas fica mais claro depos 244-5
- Teoria de história
- De facto, a lógica darwinista da vida surge, no texto martiniano, como uma base explicativa da dinâmica histórica. Mas, nota-se em todo o curso textual uma espécie de fuga de sentido, porque este código científico não permitia elucidar a natureza singular da historicidade(?). Em causa estavam os limites do mecanicismo darwiniano que se traduziam na impossibilidade de prever uma dimensão capital do tempo histórico: o futuro. No entanto, esta limitação do código darwiniano é vista por Oliveira Martins como um trunfo teórico relativamente aos códigos filosóficos da história, de matriz metafísica(?). Com efeito; a teorização darwiniana, ao introduzir a noção de imprevisibilidade(*) no devir natural, afirmava um princípio epistémico inovador, demarcando-se, quer do mecanicismo absoluto, quer dos teleologismos providencia listas e metafísicos, o que, em certa medida, respondia às preocupações de Oliveira Martins, insatisfeito com as teorias finalistas(!) da história. 250-1
- lei zoológica da selecção. Observa-se em cada grupo de sociedades que a mais bem dotada a todos os respeitos acaba por submeter a si as vizinhas pelas assimilar ou destruir, substituindo-se-lhes. Observa-se que esta raça ariana a que pertencemos, eminente entre todas, foi confiscando para si as conquistas dos povos que encontrou no seu caminho épico, impondo o seu domínio por toda a parte onde a levou o destino de uma expansão que já hoje abraça o globo inteiro”(*). O que se lê é, exactamente, ponto por ponto, em termos conceptuais e lógicos, a cadeia argumentativa do princípio darwiniano dá selecção natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida 252
- Raça ariana como tipo 251-2, 256
- Futuro não dogmático 257 "é que a sorte não nos foi propícia" 261
- Neste ensaio martiniano nada nos autoriza a afirmar que o autor tem uma concepção hierarquizada dos ramos da raça ariana, o que significa que, através do factor acaso, o pensamento martiniano se distanciou da classificação hierárquica dos diversos ramos da raça ariana, defendida, especialmente, por Heckel(2). Masesta distância, que testemunha a independência mental de Oliveira Martins, não põe em causa a sua proximidade relativamente à lógica darwiniana da vida. Pelo contrário, como resulta da nossa exposição, a teoria martiniana da história é mais concordante com o texto darwiniano do que com a versão “ultradarwinista”(!) do evolucionismo, construída por Hackel. É que, Oliveira Martins, além de entrar em linha de conta com o factor acaso, salvaguardando a natureza imprevisível da história, qual eco da história natural darwiniana, coloca na base do sucesso expansivo do arianismo as leis naturais da propagação e da apropriação. ... Deixou claro que a sua ideia de evolver não coincidia com a evolução dialéctica hegeliana; nem com a evolução positivista de Comte; nem com a evolução fisicalista de Spencer. E, embora não se identifique com o darwinismo tout court (2), O certo é que a sua ideia de evolução ganha contornos no quadro do paralelismo entre a concepção evolucionária da história da terra e da vida e da história do homem. Numa como noutra, “a evolução resulta de uma sucessão de revoluções mais ou menos aparentes”. 261-2
- Sociologia comparada. 266
- Tendência socialista 269
- Raça e raça histórica 272-4
- Conclusão
- Para nós, é claro que, na obra de Oliveira Martins, o mecanismo da selecção natural constitui a inteligibilidade mínima do processo de universalização da história. E, tal como em Darwin,a selecção também é compreendida como um mecanismo de preservação do mais vantajoso e de fixação do novo, não sendo, porisso, reduzida à função negativa de eliminação das raças, ditas, menosaptas na luta pela vida e pela existência histórica. 274
- Portugal 274
- Ramalho Ortigão.
- “A decadência da raça pelos vícios da educação [jesuítica]”(2), apresentou e defendeu a ideia, segundo a qual, textualmente, “a história da nossa decadência oferece a mais perfeita confirmação das leis de Darwin". Militância laica. 285
- Evolução regressiva. Decadência naturalista. 286, 293
- Inquisição e Darwin 288-9
- Seleção militar minimizada 289
- De que vale a educação se o meio permanece o mesmo? 293-6
- Longa discussão sobre Chamberlain afastando-o de Ortigão.
- Diletantismo
- Mediador entre o cientista especializado e o ignorante. "Daí decorre a afirmação do valor pedagógico do diletantismo, mas também do seu valor cultural-evolucionário, no sentido em que a divulgação diletante do saber é um processo criador."
- Para Chamberlain,o interesse do diletantismo pela vida real imprime um sentido prático, o único verdadeiro, ao conhecimento científico. Éaconfiguração desse sentido que leva o diletante a romper as fronteiras da especialização académica, a colocar as diferentes ciências em inter-relação e a extrair do seu conjunto o sentido orientador da existência individual e social, isto é, a “verdade viva”(1). O diletante transforma o conheci-mento em sentimento, faz dele uma maneira de sentir (Gesinnung (2)), uma força viva consciente e inconsciente que determina a acção de acordo com os dotes individuais e raciais. Ele vivifica a ciência, convertendo-a num saber configurador do presente e do futuro. Assim se justifica plenamente que, nos rostos dos dois volumes dos Grundlagen, Chamberlain tenha inscrito em epígrafe estas palavras de Goethe: “Nous appartenons à la race qui de Pobscurité s'efforce vers la lumigre”. O verdadeiro espírito diletante está voltado para o futuro(?), esforça-se por compreenderos seus apelosàluz da substância histórica do passado e do presente. Se a história, interpretada cientificamente, isto é, em moldes naturalistas-biológicos-raciológicos, anuncia um destino glorioso para o germano, é dever do diletante colaborar com o sentido da história, vivificar a sua direcção e imprimir na consciência do germano a necessidade da disciplina racial.
- “Quem sabe se um papel importante não está reservado ao diletantismo na evolução da cultura e da mentalidade?" 311
- Augusto Coelho
- Baseado em Spencer. 317 "O meio é fator supremo da alma dos povos [ecoa Le Bon]" 318
- Vacher de Lapouge eugenista pessimista. antimiscigenação 324-5 Para Coelho, a SDN era providência que garantia o progresso dos povos. Nenhuma seleção artificial dá conta da SN. 325-6
- Apontamento
- o darwinismo historiológico, mesmo após a teoria gi E niana(”), não evoluiu num sentido exclusivamente seleccionis aro É leitura lamarckisante de Darwin continuava arevelar a sua operativi ça cultural que, de resto, até hoje, não diminuiu( 326
- Conclusão
- o mito nórdico construído pela antroposociologia usava de forma distorcida os conceitos darwinistas de luta pela vida, variação, adaptação, selecção natural, hereditariedade, raça, inscrevendo-os num horizonte eugenista, em nome do progresso histórico e da perfectibilidade humana. Mas, a teoria de Augusto Coelho não era menos ideológica, pelo facto de não alinhar com o fundamentalismo seleccionista da antroposociologia. O cientismo do nosso pedagogo é conformista, diria mesmo, providencialista, no sentido em que, na sua teoria da história, a selecção natural assemelha-se a um Deus bom que vela pelo progresso; nos limites do possível, atendendo à insuperável animalidade da espécie humana. 328
- Sociologia de Teófilo Braga.
- Renovação de matriz comtista. Leitura biologizante da sociedade. 331-3
- Malthus
- não é exactamente o princípio malthusiano que Teófilo considera sociologicamente operativo, mas é o princípio biológico da população, enquanto “motor(...) do transformismo” que tem autoridade epistemológica para garantir a reformulação da sociologia. 333
- Trad: traduz um pedaço do Struggle em 1877 "Teófilo não indica que edição utilizou e não sabemosse traduziu do inglês, do francês, ou de outra língua." 333-4
- Evita o termo seleção, mas o deduz 335
- “a sociedade modifica em formas especiais o conflito pela vida e a selecção do mais forte, como procede a natureza orgânica (...) a selecção social actua na diferenciação das castas, das classes e na divisão do trabalho”. Seleção social 335
- Teófilo considera “a regulamentação das relações sexuais no casámento, como base de toda a disciplina social”(?), mas distingue o casamento monogâmico do casamento poligâmico e atribui o primeiro às “raças progressivas” e o segundo às “raças improgressivas”(*). A poligamia é uma forma empírica de disciplinar a selecção da descendência mas constitui, na óptica teofiliana, o principal obstáculo ao progresso social. Este juízo emitido sobre a poligamia não é propriamente de inspiração darwiniana. Em obra alguma, Darwin hierarquiza as formas de aliança matrimonial ou estigmatiza moralmente qualquer dos múltiplos tipos de acasalamento que observou na natureza. Também a hipótese defendida por Teófilo da “promiscuidade das mulheres ou dos maridos “(º) nas sociedades selvagens não foi colhida na obra darwiniana 336
- Além de valorizar as diferenças individuais socialmente benéficas, Teófilo Braga defende que a evolução social é garantida pela selecção tendencialmente hegemónica das variações vantajosas, transmitidas hereditariamente, o que faz sentido à luz do pressuposto darwínico, segundo o qual, “a sexualidade é o fenómeno biológico que mais actua, depois da necessidade da alimentação, sobre a colectividade social” 338
- Darwinismo
- a teoria de Darwin não diz outra coisa relativamente ao problema das variações, incluindo os hábitos e os instintos sociais(*). Mas, sendo as fórmulas de Darwin, destituídas de uma carga política-programática bem definida(Descent 127-145), elas podiam ser usadas em diversos sentidos ideo-políticos. 338
- Política cientificia
- A política científica propõe-se disciplinar a luta pela vida, sendo esta a lei natural que rege a dinâmica social. Com efeito, Teófilo advoga a cientificação de todas as instituições empíricas que nasceram da necessidade insconsciente de corrigir o desequilíbrio entre a população e as subsistências. ... O naturalista inglês afirmava o poder evolucionário da selecção natural nas sociedades humanas, sem excluir as vantagens da eugenia positiva: .... ssim se compreende o valorestratégico da moral científica, no quadro da transição da política empírica para a política científica nas sociedades industrialistas, onde o maior número, na óptica teofiliana, revelava condições orgânicas para protagonizar o ideal de progresso na ordem com amor. 339-40
- Instinto de simpatia
- Teófilo sustenta que o instinto de simpatia se desenvolveu segundo a lei comtiana dos três estados afectivos da Humanidade, independentemente do instinto sexual, mas no quadro da luta pela vida. ... A concorrência vital é, assim, afirmada comoacondição de possibilidade da evolução material, mas também espiritual da humanidade. Ela sobredetermina o desenvolvimento do instinto de simpatia que, sendo a tendência natural de religação, se traduziu historicamente segundoa lei dos três estados afectivos-mentais da humanidade. Portanto, o progresso do espírito humano elevouoinstinto de simpatia a formas de sociabilidade tendencialmente racionais, que a ciência social teofiliana procurava codificar(?), não em moldes absolutos e categóricos, mas de acordo com o relativismo sociológico(?). Assim, a síntese afectiva, demonstrada ou científica, estabelecia “uma Arte de bem viver”(>) em cinco normas orientadoras de sentido higiénico-moral, conciliando o bem-estar social com o “bem-estar subjectivo”(º), ou procurando “estabelecer o justo meio entre o interesse individual e a obediência ao conjunto social”(”), para que a coesão democrática da sociedade se afirmasse, no quadro da concorrência vital. 342
- Moral (trad)
- para a sociologia teofiliana pouco importava que o neo-darwinismo weismanniano tivesse provado a intransmissibilidade à descendência dos caracteres adquiridos pelo corpo do indivíduo (soma), no decurso da sua existência. ... Na verdade,a sociologia de Teófilo Braga limita-se a reflectir a ideia darwiniana de evolução. Ora, esta ideia integrava o mecanismo evolucionário defendido por Lamarck(2) e, nessa medida, não era exclusiva: mente seleccionista; ela demarcava-se quer da ortodoxia seleccionista de A. Wallace(?), quer do seleccionismo germinal de Weismann(). Se Teófilo valoriza a higiene e a aprendizagem no quadro dum biologismo sociológico é porque reconhece que os hábitos e o uso dos órgãos podem produzir efeitos orgânicos de sentido evolucionário. Não é improvável que Teófilo (também) conhecesse Darwin, em francês, na tradução de Clémence Royer. Por essa via, Teófilo ficava plenamente familiarizado com o princípio de Lamarck, visto que a tradutora tomava a liberdade de corrigir o texto de Darwin com notas e comentários de sentido lamarckiano. O seu objectivo era, explicita e assumidamente, o seguinte, na conclusão da tradutora: “c'est donc comme disciple de Lamarck que j'ai traduit Ch. Darwin”
- O certo é que,o princípio lamarckiano da transmissão hereditária dos caracteres adquiridos era fundamental na economia sociológica de Teófilo Braga, porque garantia a possibilidade de moldar o telos histórico sem alienar a natureza biológica do processo evolutivo da humanidade(). De evolução caucionava o sucesso do voluntarismo ético-pedagógico e dispensava a via da disciplina eugénica, que não servia os intentos teofilianos. Masisto não significa que Teófilo se tenha distanciado da lógica darwiniana. O nosso autor conhecia bem a diferença entre Lamarck e Darwin e sabia que a selecção natural não excluía os mecanismos evolucionários lamarckianos(2). Assim, a defesa da universalização do ensino laico não contrariava a lei natural da luta pela vida, nem o critério darwiniano da sobrevivência dos mais aptos que, rigorosamente, era um critério numérico.
- Teófilo Braga nunca perdeu de vista a lição darwinianae, a essa luz, advogava que as classes numericamente superiores eram aquelas queapresentavam mais probabilidades de gerar uma descendência numerosa € de nela emergir um maior número de indivíduos altamente capazes. Assim sendo, o ideal demopédico(?), ao proporcionar uma igualdade de oportunidades na luta, colaborava com a ordem natural das coisas. Dizendo de outro modo: o pedagogismo teofiliano estava ao serviço da selecção natural, pois contribuia para que a luta pela vida se processasse de acordo com as desigualdades naturais. A escola era considerada um dos meios mais eficazes para combater as desigualdades artificiais e, simultaneamente, para favorecer a emergência das desigualdades naturais. Ora, a esta naturalização total da sociedade correspondia uma nova síntese afectiva, justamente, a síntese afectiva científica e laica, que velava pelo desenvolvimento natural do ser emotivo e ideativo do homem. Assim, o cientismo teofiliano eliminava do horizonte sociológico, não apenas a moral teológica(*), mas também a moral do perfectibilismo eugenista, que não era linearmente dedutível das premissas darwinianas(”).
- Se Teófilo julga que o ideal de perfectibilidade social (o progresso na ordem com paz e amor) não carece de mecanismos eliminatórios dos menos aptos, nem de mecanismos de selecção artificial dos melhores progenitores, então, é porque deposita umafé cientista nasleis naturais da luta pela vida e da selecção natural. Nem a evolução do instinto altruista no sentido da solidariedade social, nem a evolução do instinto de conser- vação no sentido da afirmação do indivíduo, nem um nem outro, implicam a anulação da luta pela vida, porque esta se prende originariamente com o instinto sexual e, nesse capítulo,a sociologia teofiliana pauta-se pelo abso- luto relativismo. Quer isto dizer que, a síntese afectiva científica não é umadisciplina da sexualidade, porque Teófilo pretende que os benefícios da normalização democrática-industrialista-científica da sociedade hão afectem as vantagens biológicas da selecção natural. Se o altruismoé algo que resultou do processo evolucionário, se, portanto, não é um dogmaarti- ficial e imposto, uma invenção estranha à natureza emotiva-afectiva. do homem, então, não faz sentido que ele anuncie o fim da lei natural: O mesmo é válido para o ideal de Paz civil internacional, cujas vantagens selectivas são óbvias. E, se a educação facultasse a todos iguais oportu- nidades de revelarem as suas aptidões e talentos, então, na democracia positivista, as desigualdades naturais afirmar-se-iam, o que seria útile benéfico, tanto para a realização do indivíduo, como para o “bem estar do maior número”(!). A luta pela vida não pode reduzir-se à fórmula hobbe- siana — homo homini lupus —(2), nem nas sociedades selvagens e menos ainda nas sociedades civilizadas que se preparavam para o regime normal da Paz, da Indústria e da Moral científica(?). 346-8
- O que é darwinismo social? 348-9
- Braga: Darwinismo social em otimismo liberal. Originalidade na conjugação com o positivismo. 349
- Positivismo
- Em França, apesar das divergências de exegese do sistema comtiano, entre os partidários da ortodoxia de Laffitte e os seguidores da heterodoxia de Littré, a teoria darwiniana não foi abordada em moldes substancialmente diferentes pelas duas correntes positivistas. É que, como demonstrou Yvette Conry, todos os positivistas leram e interpretaram Darwin à luz dum postulado fundamental do comtismo, segundo o qual, o progresso é o desenvolvimento da ordem. Este dogma do sistema comtiano levou-os a entender a evolução enquanto desenvolvimento. O caso de Émile Littré, crítico e dissidente de A. Comte, é muito significativo, atendendo a que se tratou de uma figura que imprimiu uma marca muito forte na França cultural da segunda metade do século XIX e que, além disso, se projectou internacionalmente. Como é sabido, a sua influência exerceu-se também na configuração do positivismo português(*), mas não foi tão dominadora ao ponto de condicionar a leitura que Teófilo Braga fez da revolução darwiniana(!). Emile Littré, embora menos dogmático do que P. Laffitte, foi considerado como paradigma das resistências epistemológicas do positivismo à teoria darwiniana(?). Guiado pelo espírito metodológico do comtismo não recusa a priori a teoria darwiniana: “je n'ai aucune répugnance dogmatique contre le transformisme. Il m'est absolument indifférent que nous descendions, animaux et végétaux, les uns des autres”(?). O eminente lexicógrafo e historiador da medicina aceita formalmente a teoria transformista como uma hipótese não verificada e rebate as suas implicações filosóficas e sociológicas(*). Na verdade, Littré permanece tão impermeável à teoria darwiniana como todos os restantes positivistas franceses. É que, a ideia de modificabilidade entendida enquanto desenvolvimento é comum a Littré, a Charles Robin, a P. Laffitte, a E. Jourdy, a JFE. Chardoillet, a F. Harrison, e outros(). À luz do estudo analítico realizado por Yvette Conry, conclui-se que, no fundo, os positivistas franceses julgaram que a teoria da descendência com modificações era redutível à evolução embriológica, no sentido pré-wolffiano de “desenvolvimento”(º), integrante da ideia pré-formacionista.
- Este equívoco foi alimentado pelo postulado comtiano do progresso enquanto desenvolvimento da ordem. Na interpretação da historiadora francesa, aquele postulado impediu a inteligibilidade do sentido da evolu-ção darwiniana. Assim,o princípio darwiniano da variação é lido enquanto diferença de intensidade no desenvolvimento da ordem, “imitant en cela la différence de vitesse interne à la loi destrois états(1). Asvariações são reduzidas a variabilidades porque se supõe “qu'elles sont régiées dans Vordre d'un développement, faute de quoi Véquilibre céderait à la maladie ou à la révolution”(2). Por outro lado, o princípio da selecção foi contestado, sem ser compreendido. Por exemplo, E. Jourdy como F. Harrison não hesitaram em escrever que a selecção era estranha às grandes leis sociológicas porque não havia qualquer traço de selecção na lei dos três estados(2). Também Patrick Tort conclui que, em regra, todos os positivistas franceses “repoussent toute application des concepts et schémas darwiniens (sélection naturelle et modele malthusien) à Pétude des sociétés”(4) porque, apesar das suas divergências, a sua fidelidade dogmática aos traços fundamentais do comtismo,limitou radicalmente a sua avaliação da teoria darwiniana. 349-51
- Pereira acredita que o comtismo não era tão refratário ao darwinismo, se fosse não haveria teófilo. 351
- Darwin toma conhecimento de Comte em 1838. Darwin gostou e embora não pareça haver grtandes influencias ", é lícito afirmar, no mínimo, que o espírito de positividade laica do comtismo estimulou fortemente a elaboração da teoria darwiniana." Ou seja, não há contradição na gênese da coisa 352
- Mais perto de Darwin do que de Spencer devido a Comte. Síntese afetiva 352-3
- Fundação do relativismo sociológico ao determinismo biológico. 355-6 SN supera SAs no processo para o maior triunfo. Rumo a "desigualdade do talento".
- Psicosociologia de Julio de Matos.
- Ultraselecionismo. "a inteligibilidade darwinista do social sobrepôs-se à direcção positivista ... sob influência de Teófilo Braga" 359
- Critico de Littré, duplamente heterodoxo (materialimos evolucionista) 359-60
- propunha defender que o princípio evolucionário darwiniano devia ser integrado na filosofia positiva. Simultaneamente, Júlio de Matos procurava justificar a legitimidade das reservas de A. Comte, em relação ao transformismo lamarckiano. É que, segundo argumentava, a evolução na Filosofia zoológica (1809) de Lamarck era ainda de tipo metafísico, pois decorria de “uma força intrínseca predeterminada e preestabelecida, um impulso inicial, como o mais importante factor na explicação do transformismo das espécies”(2). Os princípios lamarckianos da adaptação e da hereditariedade não assentavam numa base positiva e, por isso, A. Comte não podia aceitar o transformismo do naturalista francês. Mas, como advogava Júlio de Matos, “a questão mudou de aspecto depois dos trabalhos de Darwin, Wallace e Hackel, etc., e eu creio que é impossível hoje a um positivista deixar de aceitar o transformismo como uma hipótese legítima”(). ... sua preocupação em justificar a rejeição comtiana da doutrina de Lamarck percorre toda a sua exposição, o que denota o seu empenho em se conservar fiel à disciplina positiva do pensamento e, também, a sua profunda ligação à obra de A, Comte, numaatitude epistemológica semelhante àquela que Teófilo Braga adoptara. 361
- SN em termos positivistas. Hipotese positiva. 362
- Seleção psíquica sobrepõe 362
- Contra o providencialismo que atrapalha o jogo, eugenia pura 362
- Não causa a menor surprésa à facto de Júlio de Matos, em 1880-1881(1), atribuir ao filósofo francês a autoria do princípio epistemológico que consistia em “fazer preceder o estudo da ciência social pelo estudo da ciência da vida”(2). Era dé ele. mentar justiça, reconhecê-lo. Mas, enquanto a filosofia biológica de Comte, exposta em seis lições, escritas em 1836 e 1837 (da 40º lição à. 45º lição do Cours (2), se saldava, na expressão de G. Canguilhem, “dans . Vidée de la Biocratie, condition de la Sociocratie”(*), Júlio de Matos, já então, tinha em mente uma outra ciência da vida. Tratava-se, precisamente da ciência darwiniana, que não se revia nas categorias biocráticas de Aierarquia, subordinação e unidades biotáxicas(*) da filosofia biológica comtiana. 364
- Tranfiguração do darwinismo pelos franceses 366
- Paralelo com o descent 367
- "É na resposta ao problema do mecanismo evolucionário que Júlio de Matos revela que compreendeu bem a diferença entre Lamarck e Darwin. Em lugar de proceder como os franceses que lamarckizaram Darwin, Júlio de Matos secunda o mecanismo evolucionário darwiniano." 369
- Ao contrario do que verificamos na sociologia teofiliana, o positivismo comtiano não exerceu em Júlio de Matos um efeito temperador dos corolários políticos que diversos sociólogos evolucionistas, particularmente Herbert Spencer, e mesmo zoólogos como Ernst Heckel, ou juristas e criminalistas como Garofalo, extraíram da doutrina darwiniana. Se Teófilo Braga, possuidor duma inteligência política invulgar, não resvalou para o seleccionismo conflitualista, já o mesmo não ocorreu com o seu condiscípulo republicano. 370 > Ultraselecionismo via Spencer e principalmente Garofalo.
- Contra o socialismo > Darwinismo social indicidualista 373.
- Comparação com darwin
- A divisão da sociedade em classes superiores é inferiores, segundo um critério ético, era corrente na literatura sociológica e política de cariz liberal, produzida na época. O próprio Darwin também utiliza as categorias de homem prudente-superior (prudent-better) versus homem imprudente-inferior (reckless-inferior), sendo este identificado com o maior número. Mas, na matriz darwiniana, esta desproporção numérica entre o homem superior e o homem inferior não constituía um obstáculo à evolução civilizacional por selecção natural, porque, naquelas condições, a luta pela vida tornava-se mais dura. Todavia, pela lógica darwiniana, o estado-providência podia criar dificuldades artificiais à selecção natural, embora esta dispusesse de meios que garantiam: o sucesso dos mais qualificados(3). 374 .... De modo algo diferente, Júlio de Matos temia que o intervencionismo estatal tivesse poder para inverter o sentido progressivo da evolução". 375
- Não enfatiza a descendência com modificação não teleológica, mas a luta pela vida. "Desigualdade biológica e social entre os indivíduos"376 Não teleologia vem na enfase ao individualismo 377
- Ferri, em oposição, italiano socialista darwinista (há ainda outros 383 (prestar atenção em Woltmann)). Garofalo ia com Haeckel contra o socialismo. 381
- Socialismo como involução civilizacional impossível 394 e como sistema de pedagogia infantil, anormal-patológicaa 400 sempre amoral.
- Matos é mais rígido que Le Bon e Spencer. 403
- "na concepção matosiana, a sociologia é uma disciplina subordinada à psicologia normal e patológica que, por seu turno, mantém relações de dependência estrutural com a biologia filogenética e ontogenética. Note-se que, este tipo de relação inter-disciplinar não é basicamente diferente da concepção comtiana," 406 também semelhante a spencer 410
- Eugenia hard anti-pedagógico, não tomava a força do meio e a herança adquirida de lamarck mas a SN bruta e endogenia individual. 412-15
- Eça também não gostava de socialismo, mas era mais manso 418
- Resposta dos socialistas n'A canalha 428 tambem com matiz darwiniana 433
- Anarquismo
- Kropotkine fala da redfução do darwinisms pela burguesia em spencer 436
- Campos Lima
- aceita a selecção natural como sendo a lei científica da evolução das espécies vegetais e animais. Por outro lado, considera que a história da espécie humana não se processa rigorosamente em conformidade com o mecanismo evolutivo darwiniano, na medida em que a luta (inter-individual, inter-classista e inter-racial) não se resolve sempre pelo triunfo dos mais aptos ao nível orgânico, como era norma na luta natural. O autor verificava que, no tempo pretérito e presente do evolver civilizacional, a selecção natural era dominada por alguma forma de selecção artificial. Com frequência, os detentores dos melhores dotes físicos e psicológicos eram subjugados por aqueles que possuíam meios exteriores de triunfo, como o poder económico, o poder militar, o poder político, o poder cultural, etc.. 437
- Na anarquia sim que não há artificialidades que atrapalhem a seleção natural 439
- Ângelo Vaz e Ajuda recípocra de Kropotkine 439-441 Contra apropriedade privada 445
- Ressaltam Lamarck. 446, 449 Força pedagógica lamarckista 450-51, 461
- Kropotkine contra Malthus 452-3 mas Angelo Vaz abraça um neo malthusianismo em seu anarquismo 455, 459-61
- Conclusão
- Como vimos, o pensamento libertário defendia que o sucesso da revolução social era garantido pelas leis científicas da história natural, tanto pelas leis lamarckianas que sobreviveram no interior da teoria de Darwin(2), como pelo mecanismo evolucionário propriamente darwiniano, isto é, a selecção natural. Ora, uma parte significativa do darwinismo social, que os anarquistas consideravam “burguês”, não se escudava apenas no núcleo duro da teoria darwiniana, mas recorria às leis de Lamarck para identificar os mais capazes com os detentores do poder económico, político, cultural e militar. Nada há de surpreendente no facto de doutrinas sociais tão diferentes, como o neo-liberalismo de H. Spencer ou o anarquismo de Kropotkine, se justificarem pelos mesmos mecanismos evolucionários(), pois, sendo estes abstractos, podiam ser preenchidos com os valores preferidos por cada doutrinador. Mas, quando uma ideologia quer afirmar a sua diferença radical, ela abre brechas na sua identidade ao recorrer a modelos cientistas vinculados a outros ideários sociais.
- Gauthier e o darwinismo social verdadeiro e falso. "seu ideário acrata defendia a selecção artificial da igualdade, da liberdade e da solidariedade contra a selecção artificial dos privilégios, dos direitos e das vantagens das classes possidentes." 465 Leitura um tanto abusiva 468
- Haeckelismo neo lamarckiano recapitulacionista por parte de Campos Lima.
- Sobre Haeckel
- à semelhança da posição hackeliana, não era exactamente a teoria de Darwin que o autor [campos lima ou bombarda?] recusava, mas sim o neo-darwinismo exclusivamente seleccionista de A. Weismann(!). Este não convinha a Hackel porque significava a ruína da sua antropogenia, fundada na lei biogenética fundamental que, por seu turno, se alicerçava noprincípio lamarckiano da transmissão hereditária dos caracteres adquiridos. Para defender a integridade do seu sistema monista, Haeckel colocou-se ao lado de Spencer(?) na longa controvérsia que o filósoio inglês travou com Weismann, entre 1893 e 18970), precisamente sobre a hereditariedade dos caracteres adquiridos. Hackel recusava o determinismo germinal e advogava o poder modelador do meio e da educação sobre o indivíduo e a sua descendência. Contra o seleccionismo weismanniano, Hackel permanecia “lamarckien et sélectionniste, ainsi que Vétait le nom moins énorme Spencer”(*) e, entre nós, Miguel Bombarda(”).
- Neolamarckismo em conjunto com darwin em oposição a Weissman no Origem do homem 1898, [talvez só na 3ed] 473-4
- Alfredo Pimenta. Pedagogo anti clerical meio anarquista. Traduziu Buchner e apoiva-se no lamarckismo de Dantec e Haeckel mas "Sobre o ideal higienista e eugenista de Hackel e sobre a moral natural do egoismo físico-químico de Félix Le Dantec, o silêncio é regra." 475
- Ciência burguesa como ficção social a ser destruída pelo anarquismo. 476-7
- Eugenia
- Haeckel no enigma: "que vantagem tem a humanidade em conservar a vida e educar milhares de enfermos, de surdos-mudos, de cretinos? Que utilidade tiram estes miseráveis da própria existência? Não será melhor cortar logo no começo o mal que os atinge a eles e às famílias?" 480
- Porém, o pensamento eugenista que é detectável na obra darwiniana, situa-se exclusivamente ao nível da reprodução(*), e de modo algum comporta ideias de selecção espartana, de eutanásia e outras práticas criminosas como é manifesto nas reflexões hackelianas. Neste domínio, se bem julgamos, Galton está mais próximo de Darwin do que o zoólogo alemão. 480
- Não houve eugenia hard em portugal 482 mais influência do meio e da higiene, menos racial 484-6
- Bombarda e questão meio/inato. 494-5 Educação ajuda 497
- "O que é um degenerado?" Em seu entender, toda a solução radical do problema da degenerescência é insustentável e, em caso algum, pode ser legitimada cientificamente, porque“a ciência hoje não permite senão cortar às cegas” 499
- O fracasso da proposta de lei, da autoria de Roboredo Sampaio e Melo, apresentada à Câmara dos Deputados, em inícios de 1910, sobre “proibição do casamento aos degenerados”, em concreto, “aossifilíticos, aos alcoólicos crónicos, aos tuberculosos e aos afectados de quaisquer doenças mentais e nervosas graves”(*), é uma boa prova das resistências mentais ao cientismo eugenista e, simultaneamente, da persistência de valores humanistas de fundo cristão, assumidos ou recalcados, nas frentes ideo-políticas da época. 508
- Castelo Branco lê o descent diretamente para justificar sua lei de seleção negativa. 508-9
- Descent of man eugenia positiva não negativa 521
- Questões de gênero
- No entanto, a sugestão eugénica de Darwin não foi minimamente estudada. De facto, os protagonistas da questão feminina privilegiaram o problema da educaçãoinstrução das mulheres(*), porque ele era prioritário e fundamental na dinâmica (auto)-emancipatória da mulher(!) e porquese reflectia directamente na luta pelos direitos de igualdade jurídica e política(2). Convém ter presente que a indicação eugénica de Darwin não implicava necessariamente a democratização da educação intelectual, moral e física da mulher; não tinha como pressuposto a conquista da igualdade de direitos, nem postulava a igualdade biológica de poder cerebral entre os dois sexos. O argumento de Darwin poucotinha a ver com as questões “femininas” e “feministas” mas, indirectamente, facultava-lhes um valiosotrunfo científico ao afirmar a relação directa entre a descendência feminina e masculina das mulheres educadas e a evolução moral e intelectual de toda a espécie. Os benefícios hereditários resultantes do desenvolvimento mental da mulher não eram exclusivamente femininos mas estendiam-se à sua progenitura masculina. E, essas vantagens evolucionárias tinham uma consistência orgânica, inscreviam-se na constituição hereditária da descendência. 526-7
- Darwinismos polítipico (La Vergata). 531
- Trad
- Por outro lado, as primeiras traduções da Origem das espécies (1913) e da Origem do homem (1910), bem como os estudos e as notícias publicadas em 1882 e em 1909, expressamente para homenagear o sábio inglês, encerram, só por si, uma ideia (obviamente, imperfeita e lacunar) do acolhimento da teoria darwiniana, entre nós. 532
- Sobre antero
- cuidou de distinguir a teoria científica da evolução (Darwin) da Weltanschauung cientista (0 monismo evolucionista hackeliano), é da ideia filosófica de evolução no seu devir histórico. A teoria de Darwin apresentava a evolução enquanto descendência com modificações, sem um sentido progressivo e teleológico, mas apenasfilogenético. A visão hackeliana do mundo subordinava a teoria de Darwin a um monismo materialista, assente numa ideia determinista-mecanicista (físico-química) de causalidade evolucionária: A sua pretensa filosofia era uma “falsa filosofia” porque consistia na simples generalização das leis científicas. A “verdadeira filosofia” da evolução tinha de resultar dum diálogo criador entre a ciência (teoria da evolução) e a metafísica (a ideia de evolução teleológica, intrinsecamente espontânea). 532-3
- Os cientistas que tentaram fazer filosofia limitaram- -se a sacralizar a ciência (Hackel, por exemplo) e revelaram uma profunda inconsciência àcerca dos problemas da raíz do ser. As questões metafísicas não podem ser abolidas; elas brotam espontaneamente no espírito do filósofo, mas exigem respostas atentas ao progresso do conhecimento científico. Na verdade, Antero valoriza a ciência, fazendo-a partilhar a ideia de que a liberdade não é uma ilusão inconsequente, mas é a aspiração íntima de todo o ser. Assim, dentro do determinismo natural (struggle for life) reside um determinismo superior: a vontade que todo o ser tem de aumentar o seu próprio ser, de se ultrapassar a si mesmo, de se libertar dos condicionalismos que travam a sua (aspiração à) plena espontaneidade. Ao abrir a ciência à ideia de que a evolução é irredutível ao resultado mecânico da selecção natural, Antero concebeu uma filosofia teleológica da evolução que tem no horizonte a superação integradora da animalidade do homem, pela aspiração da consciência à liberdade e pela luta da vontade pelo Bem. ... Para Antero, a evolução moral é mais do que possível, é necessária, embora não seja mecânica, quer se trate da vida individual, quer no que concerne à vida da espécie humana que, tendo já ascendido à categoria de humanidade, preparava-se para se volver em humanidade livre, auto-determinada. ... no juízo anteriano, os cientistas que se arvoravam em filósofos, como Ernst Heackel, animalizavam o homem e entificavam a natureza, elevando o determinismo mecanicista a medida de todas as coisas. 534-5
- TB
- Teoria de história panbiologista.
- Com efeito, a evolução é entendida enquanto progresso no sentido positivista de desenvolvimento teleológico da ordem,e, portanto, o jogo dos possíveis, O acaso € a imprevisibilidade, que singularizam a teoria darwiniana da evolução, estão ausentes da teoria teofiliana da história. No entanto, a sua abordagem do protagonismo histórico das raças semitas e arianas revela que Teófilo soube adaptar a lógica darwínica da selecção natural e da selecção sexual à lei comtiana dos três estados históricos. 535 ... defendemos que foi a sua fidelidade ao positivismo francês que acautelou a sua teoria da história do fundamentalismo ariano- -germanista. 536
- TB supera o positivismo comtiano em sua aplicação do darwinismo à sociedade, que não ocorreu na frança:
- tanto os ortodoxos como os heterodoxos, não aplicaram os conceitos darwinianos (princípio biológico da população, luta , variação e selecção) ao estudo da sociedade. “A grande sombra de Comte tornou-se o túmulo de Darwin” (Yvette Conry), na medida em que a teoria da evolução darwiniana (descendência com modificações) foi identificada com o princípio comtiano do progresso enquanto desenvolvimento da ordem e, em última análise, foi confundida com o préformismo embriológico. Este equívoco impediu a compreensão e alimentou a contestação dos conceitos darwinianos de variação, modificabilidade e selecção natural. Embora “a grande sombra de Comte” também percorra a construção sociológica teofiliana, julgamos que esta representa a possibilidade de conjugação do positivismo heterodoxo com a teoria darwiniana. 543
- Dispensa eugenia, foco numa seleção natural positiva, " ideal teofiliano de reorganização social procura articular os benefícios da normalização demo-sociocrática da sociedade com as vantagens biológicas da selecção natural." 544
- Oliveira Martins
- A sua teoria é estruturada em torno do princípio da selecção natural da raça ariana na luta inter-racial pela existência histórica. A universalização arianocêntrica da história recebe a cobertura do mecanismo evolucionário das espécies, defendido por Darwin. A raça ariana é elevada a primeira e última autora da civilização universal, à luz da “lei zoológica da selecção” (Oliveira Martins), lei que serve igualmente para justificar a exclusão das raças não arianas do processo universalista da história. Com efeito, para Oliveira Martins, a entrada destas raças na história só tinha sentido em função do seu relacionamento com a raça ariana. Assim, a história universal é a história daquela raça que numérica e territorialmente se foi expandindo pelo globo, revelando uma “capacidade ingénita” para exterminar ou submeter as restantes raças, e para assimilar e recriar a cultura religiosa, técnica, etc., de outras raças, como a semita. À lógica da submissão, da absorção ou do extermínio das raças menos favorecidas, pela raça superiormente dotada, é traduzida por Oliveira Martins numa linguagem fria e implacável, pretensamente científica.
- Portugal deve resolver seu drama racial
- a ideia martiniana de evolução não é concebida em termos de desenvolvimento essencialista, segundo um plano pré-determinado, pois ela comporta a ideia naturalista de acaso, mas também a ideia de inovação, ou de emergência do novo, como resultante duma acumulação regular de variações e da acção de factores acidentais diversos, mas sempre imanentes aos elementos constitutivos da dinâmica histórica. .... o facto de o ariano ter triunfado sempre sobre a contingência, o acaso ou o acidente, não significa que o mesmo ocorra no tempo futuro.
- Adversário do do darwinismo social individualista spenceriano. 538-40
- Ramalho ortigão
- Raça portuguesa em evolução regressiva influenciada pelo meio e pelas artificialidades religiosas. 541
- Evita a eugenia e germanomania de chamberlain. 542
- Augusto coelho
- História é um ramo da árvore da vida 543
- Júlio de Matos
- Se TB se aproximava do otimismo liberal de darwin, Matos o fazia do darwinismo social individualista de Spencer. Elitista, antisocialista. 545
- Adoptando o “princípio da continuidade doutrinal” entre a biologia, a psicologia e a sociologia (Comte e Spencer), e perfilhando uma leitura antropogénica da mente normal e patológica (Ernst Heckel), Júlio de Matos renovou o conteúdo do modelo comtiano de cientismo. Comte transitava da biologiafixista e essencialista para a sociologia, através da fisiologia cerebral (Gall), caucionando, deste modo, a precisão sociocrática do futuro da humanidade. Júlio de Matos transita da biologia transformista para a sociologia, através da psicologia evolucionista e, assim, funda a previsão sociológica do endurecimento da luta pela vida, da competição mental, da selecção dos mais qualificados e da afirmação progressiva das desigualdades inter-individuais. 547
- Oposição por Bombarda. Questão meio/raça 547
- Anarquismo
- Várias coisas, mas o que gostei mais foi isso: O anarquismo considerava que a ciência era uma instituição burguesa, uma fábrica de ficções mas, julgava vencê-la, subjugando-a ao ideal acrata. Tão bem comooutros ideários, o anarquismo testemunha o impacto cultural da biologia na época, mas melhor do que outros põe a nu a fragilidade dos enunciados biológicos, quando subtraídos do seu contexto originário. 550
- Final
- Não houve religião eugência em portugal. 550
- Dada a hegemonia do neo-lamarckismo (influência do meio exterior sobre a hereditariedade) na cultura bio-médica francesa, a eugenia foi, em regra, subordinada ao vasto campo da higiene científica, e o mesmo ocorreu entre nós. À valorização do meio moldou a eugenia francesa a uma ética humanista, prudente em matéria de imposições legislativas e moderada no plano da educação eugénica, tanto seleccionista como racialista. Deste modo,a trilogia eugenista (determinismo biológico, desigualdade orgânica, social e rácica, selecção artificial) não substituiu a secular trilogia da liberdade, igualdade e fraternidade (Jacques Léonard). Entre nós, desde finais do século XIX, ganhou corpo um pensamento eugénico (hereditariedade/factores internos) no contexto do higienismo (meio/factores externos) que se limitou a defender a boa descendência, segundoocritério da robustez física e mental, tout court. 551
- Em regra, esta elite pensante conservava no horizonte o ideal de eugenia preventiva, segundo o qual nenhuma lei teria a eficácia da decisão individual, ... Esta normatraduzia-se na renúncia ao casamento e à descendência e na abstenção da paternidade 551-2
- Por outro lado, entre nós, a eugenia permaneceu entalada entre a prudência jurídica e o optimismo higienista, o que pode ser interpretado como sendo sintomático da persistência de valores humanistas, de fundo cristão, na cultura portuguesa, apesar da força dos seus sinais de acolhimento do cientismo, ou agnóstico ou ateu, no período considerado. 552
- Esterilização não colou. Refutada por Bombarda e apoiada por Moniz.
- Catroga "A ideia de evolução em antero de quental" 1985;
- Sacarrão,
- “O darwinismo em Portugal”, Prelo, Lisboa, (1, Abr.-Jun. 1985, p. 10.
- Vide, também, Idem, “Pedagogia da evolução e museus de história natural. O caso português”, Prelo, Lisboa, (16), Jul.-Set. 1987, sobretudo p. 19;
- Carvalho ?. 17;
- Teófilo Braga, “Carlos Darwin”, O Occidente, Lisboa, 5 (123) 21 Maio 1882, p. 118.
- Teófilo Braga, Historia universal: Esboço de sociologia descriptiva, 1878-1882
- Teófilo Braga in 'O que são raças sociológicas”(1908),
- Teófilo Braga, Systema de sociologia, ob. cit., pp.159 e ss. Esta edição é igual à primeira edição ( Lisboa, Typ. de Castro Irmão, 1884).
- Teófilo Braga, Povo Portugues 1885
- Teófilo Braga, Patria Portuguesa 1894
- Teófilo Braga, Visão dos tempos 1894-5
- Autobiographia mental de um pensador isolado, pp. XXXIX e ss. In: Teófilo Braga, Quarenta annos de vida litteraria (1860-1900), ob.cit., 1902.
- Amadeu “Carvalho Homem, A ideia republicana em Portugal: o contributo de Teófilo Braga, 1989
- Antonello La Vergata, “Enrico Ferri 1856-1929”. In: Dictionnaire du darwinisme et de Pévolution, vol. 2, ob. cit., pp. 1644-1645.
- Greta Jones, Social darwinism and english thought. The interaction between biological and social theory. Sussex-New Jersey, The Harvester Press Limited- -Humanities Press Ínc., 1980, p. 72 e ss.
- Yves Christen, Le grand affrontement — Marx et Darwin, Paris, Albin Michel, 1981, p. 155.
- Paul Weindling, Health, race and german politics between national unification and nazism 1870-1945, ob. cit., p. 118 e ss.
- Britta Rupp-Eisenreich, “Le darwinisme social en Allemagne”. In: Darwinisme et société. Direction de Patrick Tort, Paris, Presses Universitaires de France 1992, pp. 169-236.
- Marcel Prenant, Darwin y el darvinismo, México, Editorial Grijaldo, S.A., 1969, pp. 137-158;
- Gabriel Gohau “La descendance de Darwin”, Raison Présente, Paris, 66, 1983, pp. 5-16;
- Dominique Lecourt, “A propos du rapport Marx-Darwin. Dune correspondance fictive”, Raison Présente, Paris, 66, 1983, pp. 51-58;
- Dominique Lecourt, “Marx au cribe de Darwin”. In: De Darwin au darwinisme: science et idéologie. Congrês International pour le Centenaire de la mort de Darwin. Paris-Chantilly 13-16 Septembre 1982, ob. cit., pp. 227-249;
- Pierre Thuillier, Darwin & €Cº., ob. cit., sobretudo o capítulo intitulado “La correspondance Darwin-Marx: fin d'une légende”, pp. 73-93.
- Karl Marx; F. Engels, Lettres sur les sciences de la nature(et les mathe: matiques), Paris, Éditions Sociales, 1974, pp. 19-87,
- especialmente as cartas de Engels à Marx (Manchester, 11 ou 12/12/1859); Marx a Engels (Londres, 19/12/1860); Marx à Ferdinand Lassalle (Londres, 16/01/1861); Marx a Engels (Londres, 18/06/1862); Marx à Engels (Londres, 7/08/1866): Marx a Engels (Londres, 13/08/1866); Marx a Engels (Londres, 18/11/1868); Marx a Laura e Paul Lafargue (Londres, 15/02/1869); Engels à Marx (Manchester, 18/03/1869); Engels a Piotr Lavrov (Londres, 24/09/1875); Engels à Piotr Lavrov (Londres, 12-17/11/1875).
- La Vergata, “Les bases biologiques de la solidarité”. In: Darwinisme et société,
PEREIRA (2010)
- A recepção de Darwin em Portugal (1865-1914).
- A autora inicia falando que na época do debate evolutivo, a ciência portuguesa se encontrava em um estágio descritivo ou indutivo e se apoiva largamente nos fixistas Lineu e Cuvier, estando "as margens dos problemas genealógicos (origens, afinidades, descendencia, etc.) do código evolutivo".
- Portugueses notáveis no darwinismo:
- Júlio Augusto Henriques: Aplicou a teoria da seleção natural a seres humanos em 1866, cinco anos antes de Descent of Man;
- Francisco de Arruda Furtado: Correspondente de Darwin (clique aqui para ver suas cartas no DCP);
- Luís Wittnich Carisso: Manuscrito com influência darwinista de 1910;
- Bernardo Aires: Compendium de 1911;
- Armando Cortesão: Estudo de 1913;
- Pereira da Costa, Nero Delgado, Carlos Ribeiro, Bernardino Machado: Grandes antropólogos portugueses;
- Meireles Garrido: Tese (1878);
- Silva Basto: Tese (1897).
- Teófilo de Braga: Pioneiro Darwinista em Portugal;
- Oliveira Martins: Pioneiro Darwinista em Portugal;
- Sobre o francesismo português:
- The fact that Darwin's work from 1871 was translated before the fundamental work from 1859 is significant. The translation of the former was published in 1910 and the translation of the latter in 1913. Late undoubtedly, but we must not forget the Portuguese 'Frenchism' of that time. There were French translations of the 1859 and 1871's work available since 1862 and 1872, respectively. (p. 649-650)
FONSECA 2015
Intro
- Sacarrão e Almaça discordam quanto a penetração do darwinismo em portugal. O primeiro diz que teve pouco. 3
- Active passive model glick 3
- Inventário de traduções 10
- Bowler no eclipse (41) também fala da identificação do darwinismo apenas com SN, assim como Moore. 53
- Nesse processo, tivemos em consideração a necessidade de não adotarmos uma definição ideal do darwinismo, corpo teórico que, como vimos, conheceu várias interpretações desde a época de Darwin até à entrada do último quartel do século XX 96
- 1959 teve um evento mas não resultou em nada e uns outros fora de PT. Parecido com o caso aqui. Mas teve artigo de 1959 de Serra e de BP. 99
- Alguns artigos nos anos 80. Há um sentimento de insuficiencia 106-7.
- Trads
- I am anxious to have the Origin translated 108
- Tabelas interessantes de Fonseca:
- A Origem das Espécies foi traduzida para 11 idiomas até a morte do autor, e para mais 33 até 2009. 109
- Com efeito, Ana Leonor Pereira verificou que as primeiras traduções portuguesas de trabalhos do naturalista inglês apenas surgiram durante a segunda década do século XX2 . A autora sublinhou ainda que o primeiro trabalho a ser traduzido não foi A origem das espécies, mas sim A descendência do homem, e que as primeiras traduções do trabalho de 1871 de Darwin omitiam completamente a parte sobre a seleção sexual3 . .... É certo que as primeiras traduções portuguesas surgiram relativamente tarde em comparação com outros países europeus. No entanto, a ausência prolongada de traduções portuguesas de trabalhos da autoria de Darwin não constituiu um obstáculo ao contacto do público português com os trabalhos e as ideias do naturalista inglês. Alguns autores portugueses possuíam, ou pelo menos tinham acesso, a edições originais inglesas de trabalhos de Darwin. 109
- Como mostrou Ana Leonor Pereira, os leitores portugueses tiveram acesso às primeiras traduções francesas de A origem das espécies (de 1862) e A descendência do homem (de 1872)3 . De resto, o nosso estudo bibliométrico tem vindo a confirmar a presença de um grande número de traduções francesas de trabalhos da autoria de Darwin em bibliotecas públicas portuguesas durante os séculos XIX e XX. Por fim, como sublinhou Ana Leonor Pereira, alguns autores incluíram excertos de trabalhos de Darwin nas suas próprias publicações. [as citações de pereira 2001 são das pp 75-6 e 78] 110
- TB traduz o geometrical ratio of increase no traços geraes. Arruda Furtado traduz trechos do Descent em 1886. 110
- Seleção sexual falta na trad de Correia de Oliveira do descent. Pretendia traduzir depois mas não rolou. (tbm menciona vilela) 110
- Hemus distribuída em Portugal pelo Centro do Livro Brasileiro. 111
- Correções a Freeman. 111, 114
- Resumindo
- a tradução de A origem das espécies e de outros trabalhos da autoria de Darwin para a Língua Portuguesa foi tardia. No entanto, os leitores portugueses não deixaram de ter acesso aos seus trabalhos e às suas ideias, fosse através de edições originais inglesas, de traduções em outras línguas (sobretudo em Língua Francesa), ou de passagens dos seus trabalhos (traduzidos para a Língua Portuguesa) incluídos em publicações de autores portugueses. Nas décadas iniciais do século XX, iniciou-se a tradução dos trabalhos principais do naturalista inglês para a Língua Portuguesa, com as traduções de A descendência do homem (1910) e de A origem das espécies (1913). Desde então, outros dos trabalhos principais de Darwin têm vindo a ser vertidos para a nossa língua. 111-2
- Tips para Biblioteca: conjução qualiquantitativa dos livros. Problemas pra identificar data de entrada :/. Dados: Titulo; Edição; Tradução; Número de exemplares. Data de entrada. 114-5
- constatámos a existência de um grande número de traduções de Darwin, sobretudo em Língua Francesa, na segunda metade do século XIX ... Por outro lado, o nosso estudo mostra que o surgimento das primeiras traduções portuguesas não parece ter afetado de forma significativa a entrada de edições originais inglesas e de traduções em outras línguas estrangeiras no nosso País. 115
- Iconografia.
- Julio Henriques inaugurou a defesa de Darwin em PT em 1864. Supriu o povo portugues com uma síntese de Darwin. 119
- 1866, teoria aplicada ao homem. Progressão não necessária, aversão ao catastrofismo. 120.
- SA em horticultura 1889 123
- Textos pedagógicos ao longo da vida. Recomendava conhecimento de relações de parentesco para classificação. Fala de outros conceitos darwinianaos. No entanto, admitia um criador distante e centros de criação. 125-6
- Trad. Era tradutor. Traduziu Hooker (de quem era mais próximo) e Baker. Sobre uma trad de de candolle disse
- Tem uma importancia de primeira ordem tudo quanto diz respeito a Darwin, inquestionavelmente um dos naturalistas de maior vulto da epocha actual: por isso me dei ao trabalho de verter para a nossa linguagem o artigo muito notavel que na Revista Scientifica de Genebra publicou o sr. A. de Candolle, nome respeitabilissimo para quantos cultivam as sciencias naturaes. D’esta forma o nosso jornal presta culto á memoria do sabio inglez»1 .132
- Participou de outros artigos de divulgação e homenagem a outros amigos de Darwin 132
- Aulas bem lembradas opor Teixeira Bastos 137
- Biblioteca com títulos de Darwin 137
- Darwinista maduro. Mas
- admissão de outros mecanismos evolutivos para além da seleção natural, nomeadamente as variações bruscas (mutações) e a hereditariedade dos caracteres adquiridos. Com efeito, o autor insistiu na ideia de que o próprio Darwin aceitou o referido princípio lamarckista2 . Na mesma linha, Luís W. Carrisso sublinhou que o naturalista inglês admitiu a possibilidade de variações bruscas darem origem a novas formas de vida3 . Com efeito, neste último domínio, Luís W. Carrisso sobrevalorizou a importância que Darwin atribuía às variações bruscas 141
- SN destrutiva não criativa. 141 Mutações como força criativa. Parece préadaptação de Cuenot 143
- Lamarck e Darwin não diferiam tanto. Seu Darwinismo flexível versus neodarwinismo de Weismann 141
- Eclipse 145
- Estrangeirismo portugues. 146
- Doutorado em ecologia em 1911 citando Haeckel. 148
- Classificação filogenética e ecologia. 149
- Agronomia e seleção de variedades. 209
- Coutinho criticava a enxertia de Lysenko. 210
- Questão dos quercus 212
- Não necessariamente darwinista
- Por um lado, sabemos que Pereira Coutinho foi um “botânico da velha escola”, adverso à abordagem dos problemas filosóficos subjacentes às ciências naturais da época, como, por exemplo, a evolução 213
- Produziu vários manuais pedagógicos de botânica onde darwin aparece. Classificação mais natural das plantas. 216
- Dissertação sobre origem da vidas. 222
- não alinhou com a hipótese da existência de um reino intermédio entre animais e plantas (o reino dos protistas) avançada por Hæckel4 . O botânico português concluiu a sua exposição sobre a unidade do reino vegetal e do reino animal, sublinhando o antagonismo existente entre a tendência para classificar e dividir do cérebro humano e a continuidade que se verifica no mundo vivo 223
- Criticou o vitalismo 223 e panspermia 224
- «Para todo aquelle que crê convicto na theoria da descendencia, a hypothese da apparição da vida por via natural é uma necessidade logica, ainda que seja impossivel demonstrar experimentalmente o começo repentino da vida» 225
- Outra crítica a Haeckel
- criticou a sua orientação tendencialmente finalista da maioria delas5 . Para substanciar o seu ponto de vista, o autor introduziu dois exemplos de teorias finalistas, da autoria de Goethe e Hæckel, sublinhando a centralidade ocupada pela ação do meio em ambas6 . Para o botânico português, o sucesso conhecido pela teoria deste último não se deveu ao seu valor científico, uma vez que o seu princípio fundamental, a hereditariedade dos caracteres adquiridos por influência do meio, carecia de demonstração, mas sim à sua capacidade para satisfazer a necessidade finalista da mente humana7 . De resto, Rui T. Palhinha fez questão de partilhar a sua surpresa face à aceitação de que as teorias de natureza teleológica continuavam a gozar na época, incluindo por parte de biólogos 228
- E ao uso e desuso de lamarck 229 e a Darwin:
- destacando a ausência de validação científica de dois dos seus postulados: «[…] a existência duma série de variações no mesmo sentido, cuja origem se desconhece e a declaração da utilidade ou vantagem dum determinado funcionamento […]»5 . O botânico português também introduziu dois exemplos com o objetivo de substanciar a sua crítica à teoria da evolução de Darwin. Nesses exemplos, indicou as dúvidas existentes quanto ao agente beneficiado nos casos de parasitismo e ao mimetismo enquanto processo de defesa de certos animais6 . Em seguida, Rui T. Palhinha apontou como consequência negativa da “verdadeira fascinação” que muitas pessoas nutriam pela explicação selecionista do darwinismo: a produção e aceitação de “interpretações verdadeiramente extraordinárias” num esforço para coadunarem a teoria com os factos conhecidos7 . Com efeito, para o botânico português, o postulado de base do darwinismo não diferia do das outras teorias vitalistas, uma vez que admitia que os seres vivos eram capazes de se adaptarem por si próprios a novas condições do meio e partilhava o mesmo ponto de partida: «[…] a existência de alguma coisa essencialmente diferente entre matéria desprovida de vida e matéria viva» 229-30
- Para ele, a evolução se dava por adaptações fisiológicas. 230
- Dedicou-se a sistemática botânica.
- Deu aulas sobre evolução humana, sendo favorável a Huxley e Darwin. 237
- Mostrou-se darwnista em um esboço histórico de um manual de botância de 1939. 240-1
- A atividade de tradução e de revisão bibliográfica de Carlos Tavares constitui um indicador seguro de que o botânico português se manteve um espetador atento dos avanços dos estudos de evolução no panorama internacional. Por exemplo, nos finais da década de 1950, Carlos Tavares procedeu à tradução para a Língua Portuguesa do código internacional de nomenclatura botânica. Tratou-se de uma tradução adaptada com finalidade didática, da qual destacamos a inclusão de uma citação de Variation and evolution in plants (1950) de Stebbins, sobre a tendência dos taxonomistas modernos para reduzir o número de grupos infraespecíficos, numa das notas da responsabilidade do botânico português1 . Carlos Tavares também procedeu à tradução da obra Cryptogamic botany da autoria de Gilbert Morgan Smith (1885-1959) 282
- Sistemática botânica citando Darwin. 299-300
- Num manual admitia uso e desuso. 304
- Evolução do transformismo (1913): Lamarck > Darwin > NeoD vs NeoL > Vries. 307
- Lamarck válido. Não incompatível 307 Integrador. 309
- Em suma, a preferência que Pires de Lima revelou pelo lamarckismo deveu-se, em grande medida, à capacidade que reconhecia a esta teoria da evolução para explicar a origem da variação, através da ação combinada do uso e desuso de órgãos e da hereditariedade dos caracteres adquiridos na resposta dos organismos às exigências do meio exterior. O darwinismo e a teoria da mutação eram teorias mais recentes e davam contribuições importantes a alguns pontos relevantes (as causas da evolução, no caso da primeira, o ritmo do processo evolutivo, no caso da segunda), mas não apresentavam qualquer explicação para o início de todo o processo: a variação. Esta explicação ajuda a entender, em parte, porque é que Pires de Lima enveredou por uma perspetiva de evolução integradora e se absteve de abraçar as ideias de teleologia e de progressão necessária, frequentemente associadas ao lamarckismo. 312
- Problema com o tempo necessário. Apego a herança de carac adquiridos 309
- Ceticismo quanto a Mendel e a genética 309
- Eugenia 310
- Enfase na luta pela vida. SN criativa e destrutiva. 316-7
- Critica a Lysenko 320
- Em 1958 tem reservas a herança lamarckista 326
- Transformismo teísta. Não pode ser contestada nem demonstrada. Certa excepcionalidade humana 329
- Foi principalmente divulgador 330
- tivemos em consideração uma das lições fundamentais da história internacional do darwinismo sobre as dificuldades inerentes a uma tentativa de definição ideal da teoria (e. g. a flexibilidade da teoria, as particularidades da sua apropriação por parte de diferentes autores e as vicissitudes inerentes ao seu percurso histórico) que aconselha a adoção de um critério flexível na análise da sua influência. 362
- Em suma: a relação dos botânicos portugueses estudados com o darwinismo, corpo teórico não estático, pautou-se pela diversidade e pela originalidade. 378
- as ideias-chave da teoria da evolução de Darwin conheceram níveis de aceitação diferenciados. As ideias da evolução e da descendência a partir de ancestrais comuns foram aceites pela generalidade da comunidade científica nas décadas que se seguiram à publicação de 1859, enquanto a seleção natural enfrentou uma série de dificuldades (científicas e não científicas) e teve de lidar com a concorrência de mecanismos da evolução alternativos até às décadas iniciais do século XX. Foi nessa altura que se processou a harmonização entre o darwinismo e a genética mendeliana, uma união que promoveu uma maior aproximação entre investigadores de laboratório e naturalistas de campo e permitiu a elaboração de um novo consenso teórico sobre a evolução: a síntese moderna. ... Com a afirmação da síntese moderna, em meados do século XX, as ideias-chave da teoria da evolução de Darwin (seleção natural, descendência comum e gradualismo) passaram a ocupar um lugar central na biologia evolutiva moderna. 362-3
- Seguido de súmulas dos personagens estudados.
- Conclusões finais
- A nossa dissertação mostrou que o darwinismo penetrou no meio universitário português, no período compreendido entre 1910 e 1974, influenciando a produção científica de alguns dos botânicos mais conceituados do País que exerceram a sua atividade nas Universidades de Coimbra, Lisboa e Porto. O nosso trabalho mostrou também que a penetração da teoria darwinista se manifestou a dois níveis: o seu acolhimento e discussão no plano teórico e a sua influência na realização de investigações científicas originais. 376
- Essas dissertações baseavam-se em publicações de terceiros, usualmente investigadores estrangeiros conceituados, e quase nunca incluíam resultados de investigações científicas originais realizadas pelo candidato. Verificámos também que algumas delas partilhavam pontos em comum no que diz respeito à temática darwinista: o reconhecimento do contributo de Charles Darwin para a aceitação generalizada da teoria da evolução; uma aversão em relação ao exclusivismo do neodarwinismo de August Weismann; a promoção de um darwinismo flexível que admitia outros mecanismos evolutivos para além da seleção natural; e a necessidade de uma abordagem pluridisciplinar ao processo evolutivo para esclarecer alguns dos seus pontos escuros, sobretudo ao nível das causas da evolução. 377
- A partir das primeira décadas do século XX inicia-se uma consonância em torno da síntese moderna.
- Trad
- aprofundar-se a análise das traduções dos seus trabalhos para a Língua Portuguesa, através do estudo do perfil dos seus tradutores e da identificação das edições a partir das quais foram traduzidas nos casos ainda não determinados. 379
Refs
SACARRÃO, Germano da F. – Apontamentos sobre o darwinismo 1. Naturália. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais. Nova série, N.º 2, Janeiro 1982, p. 30-32.
SACARRÃO, Germano da F. – Apontamentos sobre o darwinismo 2. Naturália. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais. Nova série, N.º 3, Maio 1982, p. 29-31.
SACARRÃO, Germano da F. – Biologia e sociedade I. Crítica da razão dogmática. MemMartins: Publicações Europa-América, 1989, 382 p. (Biblioteca Universitária, 49). ISBN 9721026948.
SACARRÃO, Germano da F. – Pedagogia da evolução e museus de história natural. O caso português. Prelo. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda. ISSN 0871-0430. N.º 16, Jul.- Set. de 1987, p. 17-37.
SACARRÃO, Germano da F. – Sobre o método em Darwin e a episódica relação com Arruda Furtado. Prelo. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda. ISSN 0871-0430. N.º 11, Abr.- Jun. 1986, p. 81-88
Carlos Almaça – O darwinismo e a Universidade Portuguesa
- Não me pareceu muito útil, mas aqui vai o abstract.
- This article discusses the conditions that lead to the autonomy of scientific disciplines by analyzing the case of zoology in the nineteenth century. The specialization of knowledge and its institutionalization in higher education in the nineteenth century were important processes for the autonomy of scientific disciplines, such as zoology. The article argues that autonomy only arises after social and political power is mobilized by specific groups to acquire appropriate conceptual, physical, and institutional spaces for a discipline. This is illustrated through the case study of the Lisbon Polytechnic School, a higher education establishment that was created in 1837, in Portugal. The case shows that autonomy in zoology can arise before the consolidation of a community of experts in the discipline, which may have been a common feature of the discipline in other countries.
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