Arruda Furtado Bibliografia Primária

 ARRUDA FURTADO 1880a

(1880), Indagações sobre a complicação das maxilas de alguns hélices naturalizados nos Açores com respeito às das mesmas espécies observadas por Moquin-Tandon em França. A Era Nova1: 135-144.

  • divergências nas caneluras de moluscos entre a frança e os açores 1-5
  • a maxila e a concha sofrem modificações do meio. Clima dos açores debilitador para a concha.
    • Os resultados da luta pela existência explicam porém esta contradição aparente. La sève réparatrice de l´aliment (résume excellemment Em. Ferrière (1 )) se fixe de préférence là où est le siége de l´activité. Il s´ensuit que l´organe en fonction continuel acquerra un développement supérieur, et que les autres, en vertu, de la loi du balancement des organes, s´atrophieront en proportion même de ce que le premier aura gagné. L´hérédité fixe les modifications acquises... Assim os vasos do manto, secretores da concha, protegidos pela humidade do clima e pelo húmus e folhagens essencialmente asiladores, deixando por isso de ser excitados, devem ter deixado de atrair a si de preferência os produtos úteis da alimentação. A maxila pelo contrário, encontrando abundantemente e facilmente em que ser empregada (as espessas camadas de musgos, as folhagens decompostas num ambiente amolecedor) deve ter desafiado mais a secreção, dos seus sucos reparadores, utilizando, até ao excesso, parte daqueles que o colar do manto não foi compelido a distribuir. O resto destes ter-se-á fixado nos outros órgãos, e muitas outras modificações terão nascido destes processos. Isto não é mera hipótese, parece-me um facto demonstrado, e que seria bom averiguar-se noutras localidades. 5
  • Varias outras consideração e testes a serem feitos, como como se forma a cncha, se isso ocorre no continente.
    •  Exista ela, ou não, poder-se-á começar, a deduzir, por mais qualquer desses factos, se o tipo normal do centro da Europa, é, perante a espécie, uma origem, ou uma degradação. 
    • Em todo o caso, a complicação nas espécies dos Açores, com relação às de França, ou a simplificação destas, com relação às primeiras, não são questões anómalas, individuais e principalmente de idade; são modificações fixadas na espécie pelas leis da hereditariedade, pois que são gerais e as vemos, como já dissemos, no mais tenro período de vida.  7
  • Clima dos açores mais propenso a moleza que o da frança. 7-8
  • Conclusão
    •  Resumindo: Em França temos uma concha sólida (très solide... opaque… diz Moq. Tandon) e uma maxila tendente a simplificar-se, em S. Miguel temos uma concha frágil e uma maxila tendente a complicar-se; logo, desenvolve-se na razão inversa da concha, aproveita o que esta não tomou para si. Este resultado, aparentemente contraditório, porque o que não há para um dos órgãos, não há para o outro, explica-se pelo exercício; as mesmas circunstâncias que diminuem a actividade da formação da concha aumentam a actividade da maxila, e, como vimos é plenamente demonstrado diariamente, la sève réparatrice de l´aliment se fixe de préférence la où est le siège de l´activité. 
    • Tratando de descobrir, sobre estes pontos, a linha provável das graduações de simplificação ou de complexidade, dar-se-á mais um pequeno passo para a divulgação da marcha distributiva das espécies. Aonde se reconhecer o perfeito equilíbrio de todos os órgãos (balancement des organes), aí estará a pátria. 
ARRUDA 1880b
(1880), Variedades – Ciência e Natureza. Era Nova1 : 83 – 88.
  • Antonio achava que história natural serviria bem na revista. FAF não tanto. Sem interesse sobre o assunto por estudantes da politécnica. Apenas Bocage e Capelo no Museu. 1
  • Bacharéis pouco profundos. Universidade não forma ninguém bom 2
  • Governo não estimula as ciências 3
  • Museu e a mostra de Camões 3
    • o que há, de verdadeiramente audacioso no projecto de fundação dum museu açoriano; o que há, de verdadeiramente glorioso, quando surge a realização desse projecto e como o vulto benemérito de quem mirou tão grandiosa ideia destaca nobremente do fundo pardacento, que eu julguei dever apontar, mais dorido do que revoltado (confesso-o agora, se o não tinha confessado já). O Dr. Carlos Maria Gomes Machado, no tri-centenário de Camões, apresentou ao público micaelense um gabinete de história natural no liceu de Ponta Delgada. Meses antes, um governo de mesquinhas vinganças pessoais privara aquele estabelecimento da sua direcção. É incrível! Tolher até a instrução espalhada gratuitamente, com o sacrifício dos particulares! Seguiu-se embora! Não podia morrer ali a dedicação que não afrouxara nunca, durante quatro anos. Foi um verdadeiro triunfo. A sala conservou-se cheia por três dias; ninguém acreditava bem no que estava vendo, tudo exultava. Havia porém uma classe que examinava mais cuidadosamente, apontando, discutindo, querendo saber tudo – era o povo. Enquanto alguém da alta escola que tinha ido somente para namorar as costureiras, me enojava por isso 3
  • 12 anos.
  • Coletas
    • Lembras-te duma manhã de sol ardente, em Agosto, haverá sete anos, quando nós regressávamos duma excursão puramente material, como todas as que então fazíamos, aos ombros, grandes sacas de minerais, os chapéus crivados de coleópteros? Íamos a dobrar o último cotovelo do caminho que sobe das Sete Cidades, e ouvíamos falar alto. Eu receei, cuido que por nos terem dito que o esperavam no vale e pela semelhança da voz, que fosse o Dr. Carlos Machado; envergonhava-me sobre modo o ter de lhe aparecer assim, carregado de pedregulhos! Pois foi exactamente a triste oferta, que depois lhe fiz daqueles calhaus rolados, coligidos com tanto analfabetismo, o que me deu entrada no nosso museu, e o que fez com que devesse ao Dr. Machado toda a minha educação intelectual, toda (devo dizê-lo). 
    • Eis como, muitas vezes, o futuro dum homem pode estar numa pedra que ele não saiba desprezar! 
    • Desde então o meu trabalho livre faz-se no meio das colecções e dos livros, quase todas as tardes e noites. Muitas vezes, quando o tempo é bom, meto na algibeira um frasco com álcool, algumas caixas e uma pinça, penduro ao pescoço uma triloupe e atiro-me às abas da montanha e à orla dos caminhos. Não há nenhuma outra distracção que me faça a vida tão feliz! Sem nada que se eleve entre mim e a natureza que eu apreendo e interrogo... esmago profundamente, a dor, e cada erva que se reergue depois de eu ter passado, é para mim o símbolo da coragem! 4
  • Darwin e a distribuição dos açores
    • Desejando ardentemente que as minhas observações mirem a um fim mais ou menos sintético, tomei a questão da origem das espécies como ponto principal de convergência. Iniciei-me no valor dos factos inerentes às ilhas, e, como as aranhas não fornecessem dados tão eloquentes nas leis naturais de distribuição, por serem de transporte fácil, quer nas mercadorias, quer por meio dos seus casulos, facilmente aderentes à plumagem das aves de arribada, os meus últimos estudos tem tido por objecto o organismo interno dos moluscos terrestres. Na introdução especial da série de trabalhos malacológicos que empreendo publicar, eu esforço-me em apresentar a organização inteira como verdadeiro ponto de discussão da origem provável daqueles animais, nos Açores, sobretudo no que respeita às espécies peculiares. 4
  • Prévia da visquenelia 
  • É o que pode fazer quem nunca pode bacharelar 5
  • O templo, para mim, naqueles dias ― é o nosso pequeno museu; o altar ― uma mesa de trabalho; o missal ― um livro de zoologia; a hóstia ― o campo iluminado do microscópio! 5
  • Ciência e Natureza é um livro de Buchner 5
  • Há apenas um incêndio a apagar; fica depois um prédio a reconstruir. Quem se julgar capaz de cortar um tabique, ou de colocar uma pedra, tem obrigação de apresentar-se. 5
  • Portugal atrasado. 5 
ARRUDA 1881a
(1881), A propósito da distribuição dos moluscos terrestres nos Açores. A Era Nova1: 267-283.
  • Curvas de Le Bon. L'homme e la societé 1880 1
    • Contra esta falta tivemos a ideia de aplicar o sistema excelente do Dr. Le Bon, logo que por nós foi visto e compreendido. Quem ler as notas da sua obra, nas páginas citadas, ficará compreendendo as inúmeras vantagens deste processo gráfico em todas as suas numerosas aplicações. 1
  • Em Morelet hpa falta de spintese clara da distribuição. 1
  • mais completo quadro catálogo dos moluscos terrestres e fluviais dos Açores 3-5
  • Darwin
    • Morelet nem pensou em admitir variedades. Vemos aqui perfeitamente comprovada a inconveniência de rejeitar o estudo do animal e quão pouca luz dão as observações da velha escola, privadas da orientação segura que nos é hoje trazida pela teoria da descendência. 5
    • A naturalização de qualquer destas espécies nas ilhas que a não possuem seria bastante proveitosa para, conhecidas as modificações que porventura ela sofresse, se tentar deduzir as bases da lei geral que presidiu à transformação da nossa natureza primordial. 6 
    • Hoje ninguém que deseja acompanhar o movimento da verdadeira ciência, deixa de ser transformista. A mim parece-me até que os escritores da Bíblia eram transformistas também, e acho a comprovação disto na invenção da Arca. Efectivamente, se eles não tivessem repugnância pela ideia das criações independentes, davam a Noé os elementos dum açougue, concordo; mas não uma tremenda ménagerie, encarregada de perpetuar a vida universal. Entre os conflitos da  ciência e da religião, ergue-se até este pitoresco argumento, em favor da teoria que defendemos. Quem julga poder admitir que Noé com o seu museu de vivos é quem perpetuou a criação, é transformista inconsciente, por dar assim origem a uma criação dependente, em que nada do que descende da Arca - as faunas e floras actuais, se parece com o que ela arrumou - os fosseis da época geológica mais recente; nem o mesmo homem, de 90 anos de vida em lugar de 900! 8-9
  • Flaal de introdução pr meios estranhos ao homem. Anatomia comparada ainda falta.
  • Suas descobertas contrariam Darwin. 6-7
  • Dispersão e formação de espécies.
    • Este maior número é tanto mais digno de atenção, quanto é verdade que dificilmente se explica os meios de transporte. Uma pequena parte dos moluscos terrestres dos Açores é de uma introdução recente, efectuada, segundo todas as probabilidades, pela mão do homem. Os H. aspersa, lactea e pisana foram, ao que parece, introduzidos por marinheiros portugueses (Woodward), os H. erubescens e paupercula, originários da Madeira, foram introduzidos, o primeiro talvez na cana de açúcar, o segundo com certeza no lastro dos navios. A maior parte porém deve ter vindo, segundo os meios naturais de dispersão. Pela imensa dificuldade com que estes meios se coroam de bom êxito, o nosso número subido é digno de notar-se e vê-se que, de um tal enriquecimento, deve ter sido factor um grande espaço de tempo. Darwin chega à conclusão de que só as aves podem ter transportado os moluscos terrestres para as ilhas oceânicas, trazendo os ovos, ou mesmo os recém-nascidos, agarrados aos pés; porque, por experiências próprias e de outros naturalistas, estes animais morrem na água salgada, e os seus ovos não sobrenadam e perdem o germe, o que supõe pouco admissível a dispersão por meio dos icebergs no período glaciário ( 17). Contudo uma vez introduzida uma espécie nas nossas ilhas, ainda que depois de alguma grande luta pela vida, capaz de produzir uma endemia, as condições vitais eminentemente próprias (humidade, vegetação abundante, húmus, folhagens) estabeleceram seguros meios de propagação, juntos à falta de aluviões que às ilhas não podem produzir com a sua extensão limitada, e que nos continentes são uma causa de destruição de muitas espécies. 
    • Há talvez nos Açores, e nos outros arquipélagos, outra ordem de meios conducentes à formação de espécies distintas. Refiro-me às cópulas adulterinas. Morelet cita um Bulimus intermediário entre o pruninus e o vulgaris, encontrado em S. Miguel e que ele considera como resultado de uma aliança adulterina entre os dois moluscos ( 18). Drouët fala de uma concha que se encontra em Santa Maria e que, habitando ao lado do Zonites velutela e do miguelinus, participa do primeiro pela coloração e do segundo pela forma (19). Nos primeiros tempos de uma colonização, quando apenas havia espécies diferentes, é bem de crer que muitos cruzamentos se dessem. 7
  • Cinco ordesn de fatos para a malacofauna: 1) dispersão durante o perído glaviário? transporte por aves; introdução consicente ou inconsciente; 4) moificação trazidas pelas condições do solo; 35) formação de mestiços ou híbridos 7-8
  • Contra centros de criação 8
    • Morelet, ao contrário de nós, vê na propriedade do clima a razão do subido número de espécies distintas! Le genre Vitrina... semble créé pour un climat... comme celui des Açores; aussi compte-t-il dans l´archipel un assez grand nombre d´ espèces, qui toutes sont propres á ce parage, ou qui du moins, n´ont pas été rencontrées ailleurs jusqu´ici ( 28). O que, pela teoria absurda dos centros de criação, pode estar perfeitamente lógico, mas que é inadmissível, submetido ao critério seguro da escola evolucionista. Quando o naturalista francês publicou a sua Histoire Naturelle des Açores em 1860 já o livro de Darwin contava duas edições. O estudo que poderia ter sido da parte mais importante da natureza açoriana, foi inspirado contudo pela aridez mais pura. 10
  • Introdução lenta com diferentes desafios forma a base da explicação dada por Darwin 9
  • Conclusão
    • tudo isto prova que a grande colonização quer por meio das migrações das aves, quer feita pelo homem, veio do oriente e se estabeleceu primeiramente naquele grupo de ilhas, e que as outras pela maior parte foram depois fornecidas à custa daquele stock. 11
ARRUDA 1881b
(1881), Pequenas contribuições para o estudo da origem das espécies malacológicas terrestres das ilhas dos Açores. Sobre alguns exemplares de Helix aspersa Müller recolhidas nas paragens elevadas e áridas da ilha de S. Miguel. A Era Nova, 12: 548-552.
  • Porblema da fauna malacológica açoriana. Gaba-se de Darwin. Vai seguindo suas orientações. Descreve coletas. 1-2
  • Conclusão
    • É evidente, pelo número de indivíduos que observámos, que se não trata aqui de uma simples variedade individual, mas de uma pequena variedade local, que, se pouco ou nada por enquanto nos diz, pois que o seu valor não é de nenhum modo morfológico, pode contudo, como aqui fica registada, vir a ser uma base de interpretação sobre possíveis e mais profundas modificações que de futuro possa constatar-se. 3
ARRUDA 1881c / 1882a
(1881), On Viquesnelia atlantica Morelet & Drouët. Annals and Magazine of Natural History , (5), 7, 39: 250-254.
(1882), Viquesnelia atlantica, Morelet & DrouëtJornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes, 32: 305-308.
  • Descrição anatômica de uma espécie.
ARRUDA 1881d
(1881), O homem e o macaco. (Uma questão puramente local). Ponta Delgada, Ed. do Autor.
  • Rev. Rogério 1
    • Realmente é para admirar que o padre Rogério não tivesse calculado este efeito. Dizer aquelas frases a um auditório dum simples sermão de Quaresma, numa terra em que é preciso importar um pregador, é o mesmo que dizer uma obscenidade diante duma criança — não há o perigo de sermos compreendidos, mas corre-se o risco dela ir perguntar. 1
    • Houve um tempo em que tudo nos vinha do padre, hoje tudo nos vem do homem de Ciência. O rev. Rogério não desconhece por certo este grande facto histórico, e por isso verá que ao mais ínfimo cultor da Ciência assiste o direito e o dever de a espalhar, do mesmo modo, ou ainda mais, que ao mais subido cultor da Religião assiste o direito de propagar as mistificações a Igreja. 1
  • Todo o altruísmo se move por uma dada proporção de egoísmo 3
  • Le Bon 3
  • Huxley 4
  • Darwinismo positivista
    • eles disseram, não que o homem e o macaco de hoje eram descendentes um do outro, mas somente que ambos deviam ter sido produzidos pela transformação dum animal perdido e mais caracterizado como macaco do que como homem. Eis o que se disse e o que se diz, e, se isto se não prova, o contrário também não. 4
  • Nada nasceu nem nasce perfeito e dum sopro, eis a crença nova. 5
  • Paleontologia e embriologia 5 
  •  Que Deus é esse vosso que se põe ao espelho para poder fazer um botocudo ou um hotentote? É um Deus que faz um selvagem hediondo à sua semelhança, tendo já feito um macaco menos hediondo do que esse selvagem! 6
  • Força e matéria 7, 9
  • Povo ignorante 7
  • Chamai-nos ateus, republiqueiros-darwinistas, tudo quanto vos vier à boca; se ele vir que a calúnia não tem presa em nós porque dizemos o que sentimos, porque provamos o que dizemos, porque temos um lar e uma família, e sabemos erguer a fronte serena após as grandes oscilações da vida; se ele vir tudo isto (e outra cousa não poderá ver), ele virá para nós e será o que nós somos. 7 
  • Uma espécie muda-se noutra espécie principalmente pela necessidade de se adaptar a um meio estranho. Lei do equlibrio dos órgãos. Leis da hereditariedade. Orgãos rudimentares 8-9
  • Celula > divisão do trabalho fisiológico 9-10
  • a necessidade chama a um novo uso; os órgãos modificam-se inevitavelmente para o satisfazer; a hereditariedade fixa e acumula essas modificações. ... Da grande luta pela vida que todo o ser é obrigado visivelmente a sustentar, resulta pois que ele ou há-de variar ou há-de morrer 11
  • Critica a Quatrefages 11
  • Descent of man 12-3
  • Conclusão
    • Se o homem devesse ter orgulho e ambição de glórias, nada haveria mais glorioso para ele do que ter vindo da funda eternidade por uma série imensa de transformações, libertando-se pouco a pouco das formas inferiores, até chegar ao seu estado presente, E ISTO APENAS À CUSTA DO SEU TRABALHO. Bem longe de nos envergonharmos, por sabermos que somos um macaco aperfeiçoado, como vulgarmente se costuma dizer, devemos ter nisso a maior glória, pois o nosso estado actual é uma saída vitoriosa do inferior para o superior, À CUSTA DA MAIOR SOMA DE LUTAS PELA EXISTÊNCIA QUE TEM PODIDO SUSTENTAR UMA ESPÉCIE. 
    • Só pela aquisição destas ideias precisas sobre a sua origem é que o homem aprende a não se fiar na sua imutabilidade como espécie, e a curar convenientemente da sua educação física, intelectual e moral, para não se degradar em vez de continuar a progredir. E é por isto que, tendo podido dizer esse pouco que aí fica, nós julgamos ter cumprido um duplo dever ― dar oportunamente um efeito salutar à insistência oca, com que se meteu nos sermões uma questão desta natureza; dizer aos críticos do porvir que houve uma missão rogeriana, que nem toda a sociedade micaelense deste século aceitou, como o poderia ter feito o povo da China ou do Japão. 13-4
  • Ilustração
  • Teor geral de vitriol antireligioso puro. Galileu, Bruno etc.
ARRUDA 1881e
  • A teoria de Darwin, posto que não seja uma doutrina positiva, baseia-se em factos positivos, e, por enquanto, nenhuma outra dá do encadeamento desses factos, uma explicação mais racional e que melhor satisfaça às necessidades do nosso espírito. 1
  • de parte as hipóteses vãs para explicarem o que pode estar além de Força e Matéria; conquistados estes graus elevadíssimos do pensamento moderno – o espírito tornou-se positivista e não mais se pode contentar com explicações pueris e ociosas. Ele busca hipóteses somente para não andar na treva por entre aquilo que é cognoscível, palpável, demonstrável. 1
  • A força principal dos darwinistas está na fraqueza dos seus adversários, como muito bem escreve Carlos Contejean; fraqueza que consiste em não dar explicação de coisa nenhuma. 1 
  • As hipóteses darwinistas ou evolucionistas, fornecem sobretudo um elevado critério, seguro e que se tem estendido a todos os conhecimentos humanos. As línguas, a política, os costumes, a poesia, as religiões ... ninguém hoje os estuda a fundo e com proveito, sem estar submetido ao critério da escola evolucionista. Vêemse então pela primeira vez as coisas como elas são, concatenadas, na cadeia eterna e fatal das dependências. Aplicado ao homem, esse critério é o que tem feito, em uma dúzia de anos, criar de novo a que vai sendo a primeira das ciências – a Antropologia, com toda a sua vastidão indispensável, espalhando a máxima luz sobre o passado e sobre o presente da humanidade, conhecendo, porque caminha sem preconceitos, os passos que ela deu para chegar até hoje, a fatalidade desses passos determinada pela concorrência simultânea das cousas universais, conhecendo o que foi impotente para lhe acelerar a marcha do progresso, o que lhe serviu, o que a prejudicou e deduzindo assim, não isolada e aereamente como outrora, o que é preciso fazer para o futuro humano. Tudo luta: tudo vive. 1
  • Conhecer a natureza e saber modificá-la, modificando-se vantajosamente; eis aí a GRANDE CIÊNCIA de hoje e o que será a RELIGIÃO DO FUTURO. 2
  • Camadas e seus fósseis cada vez mais complexos. Cita o eozoon e sua incerteza. 2-4
  • Determinismo geográfico no aperfeiçoamento da humanidade. Luta pela existência 4
  •  Distribuição
    • Assim a aclimação duma planta, pode determinar a aclimação dum insecto, e consequentemente a dum pássaro guloso daquele insecto e a de um carnívoro guloso daquele pássaro. É assim que se deve compreender largamente a actual distribuição geográfica dos animais e das plantas. 4
  • Viver é adaptar-se, e, para se adaptar é forçoso modificar-se. Variar ou morrer, eis a grande lei que rege a manifestação morfológica da Força e da Matéria, isto é, a única garantia da Forma. 5
ARRUDA 1881f
  • Lyell, Buchner e Perrier. 1-2
  • As formas de transição devem necessariamente ter existido, porque ainda hoje nós temos representantes retardatários dessas formas que até ligam as diversas classes entre si, ou apresentam o desenvolvimento isolado de tipos primitivos diversos e a que se dá o nome de séries paralelas 2
  • Ilhas oceânicas e continentais
    • Ao contrário do que se dá nas ilha continentais, as ilha oceânicas têm um todo de espécies peculiares que se não encontram nem em outros pontos do globo, nem nos continentes próximos. Assim os Açores e a Madeira possuem uma fauna especial de moluscos terrestres, e as Galápagos têm pássaros peculiares, ainda que submetidos ao tipo americano como as nossas conchas terrestres se vazam nos moldes europeus. 
    • Ora, como não se pode acreditar que mão oculta esteja à espera que uma ilha surja das ondas para fazer de lodo alguns caracóis mais ou menos transparentes e pintados, os transformistas não podem ver nas espécies particulares às ilhas oceânicas senão espécies emigradas ou trazidas acidentalmente dos continentes pelas aves de arribada e nos troncos que as ondas arrojam às praias, e que se transformaram mais ou menos rapidamente em virtude do clima insular, e vêem na particularidade actual dessas formas insulanas, do mesmo modo que nas criações dependentes, uma base fortíssima da teoria que abraçaram. 3 
ARRUDA 1881g
(1881), A ideia moderna em filosofia geológica, a sua origem histórica, a sua significação e o seu valor. A Republica Federal, ano II, n.° 9, 14 de Junho e ano II, n.° 11, 28 de Junho.
  • Carlos Darwin unindo indispensavelmente as ideias de Lamarck à sua teoria da «selecção natural», converte o Transformismo em Darwinismo, e compendiando no seu livro The Origin of Species (A origem das espécies) as ideias de Lyell, faz com esse livro uma revolução completa no modo de pensar dos filósofos naturalistas, e vê criada uma escola que vai sendo a base de toda a educação intelectual. 2
  • Buchner 2, 4
  • Lyell 3-4
  • Longa citação uniformitarista de Archaic 5-6
  • Conclusão
    • O modo infantil de compreender a vida do Universo como uma súcia de desgraças, olhando a humanidade como paradeiro último de todas elas; esse costume de chorar pela vida bestial do paraíso, chamando àquilo perfeição divina e julgando-se decaído do seu primitivo esplendor, sem ver que é precisamente o contrário aquilo que se deu: que o homem, saído da besta, se começou a distinguir dela exactamente quando se sentia incomodado sem uma folha que lhe tapasse a nudez, quando foi expulso; essas histórias só não serão consideradas hoje como estado patológico do cérebro, entre metafísicos, teólogos, ou beatos que nunca viram outra cousa, e que, em vez de porem a vista curta no que está perto deles e que apenas é cognoscível, intentam penetrar com ela aonde o telescópio ainda não pode chegar. Mas nada vêem, nada compreendem, nada provam e, apesar das suas pretensões, a vida para eles como para os evolucionistas, é o mesmo prémio do combate universal. Daqui a raiva que por vezes desabam contra quem estudou e conhece alguma cousa menos celestial, mas também menos duvidosa, e a verificação da frase de Campanella: - Os ignorantes injuriam aquilo que não podem refutar. 6
  • Força e matéria. Positivismo. 6
  • Principio único
    • Eles limitar-se-ão a negar, até os factos; mas a hora não vai cessando de bater, e em breve serão obrigados a convir em que é inútil fingir-se ignorantes das leis fatais e imutáveis que regem o Universo, e de que na vida dos organismos, como na vida das sociedades, como na vida das religiões, há um princípio único – EVOLUÇÃO.
  •  Nada é santo e imutável senão as leis universais 

ARRUDA 1881h
(1881), Nada nasceu nem nasce perfeito. A Republica Federal, ano II, n.° 12, 5 de Julho; ano II, n.° 13, 12 de Julho; ano 11, n.° 14, 19 de Julho e ano II, n.° 15, 26 de Julho.
  • Epígrafe de Büchner 1
  • e é sempre gostoso tirar a bengala da mão do agressor e dar-lhe com ela 2
  • Comte e littré 5-6
  • Le Bon e buchner 7
  • Frases racistíssimas em Le Bon 9-11
  • Comentários bíblicos variados
  • Concluindo
    • s, tereis compreendido que admitir um Deus que fez uma humanidade perfeita, para a deixar cair no bestial dos selvagens de hoje, é atribuir a essa divindade uma imperfeição tão monstruosa quanto seria elevada a criação dum ente imperfeito, mas sempre dotado de perfectibilidade. 11 
ARRUDA 1881i
(1881), Ecos açorianos da questão da espécie. A Vanguarda, ano II, n.° 81, 20 de Novembro; ano II, n.° 82, 27 de Novembro.
  • Resposta ao jornal do Faial que diz  «a hipótese de Darwin é cientificamente falsa, insustentável com referência aos factos, ilógica nas suas demonstrações, inconsequente nos seus resultados», 1
  •  O argumento consiste em protestar, em dizer que não foi, nem é, nem pode ser, porque desagrada, porque é aviltante. Isto porém não admira: é um sentimento de desconsolo pouco científico 2
  • Le Bon e Buchner. Darwinistas. 3-4
  • ódio
    • Darwin, com a sua teoria, pôs um ponto na questão das causas primárias e finais, e ensinou a estudar os fenómenos sobre bases de indução verificáveis pela experiência, como o não tinha feito ainda nenhum dos seus precursores. Ele baniu a explicação dos ignorantes – o Deus-oleiro, apresentando a melhor explicação dos sábios. Querem-lhe mal os ignorantes! Roja-se na lama do insulto, comparando os darwinistas aos jesuítas, chamando a ambos «elementos de desordem social» e «inimigos encarniçados do progresso» que pretendem abrir os alicerces das sociedades novas nesse materialismo brutal e selvagem»; diz tudo isto, quase sempre, quem julga ainda cada um dos nossos órgãos feito duma só peça, quem não sabe, talvez, o que vale um escalpelo e um microscópio! 4
  • Mais Le bon e positivismo 4-5 
  • Huxley e o macaco e mais antireligião 5

ARRUDA 1881j

(1881), Como e aonde devem ter nascido os primeiros seres. A Republica Federal, ano II, nº 2, 26 de Abril.

  • Moneras de Haeckel ancestrais universais. Vogt e Férriere.
ARRUDA 1881k
(1881), Littré e o que pesa na balança. Morreu Littré! A Republica Federal, ano II, nº 10, 21 de Junho.
  • Littré morreu convertido, mas não lúcido. Enquanto estava lúcido serviu à ciência. E isso é o que importa. "Sua alma são seus livros, e eles são nossos".
ARRUDA 1881l
(1881), A Filosofia positiva vai sendo a religião mais forte. A República Federal, ano II, n.º 11, 28 de Junho.
  • Os católicos no mesmo cartaz em que anunciam com bombas e charamelas a conservação de Littré, penduram o padre António Cândido, renegado desprezível, pelas ideias positivistas que usa expor nos seus discursos parlamentares. 1 
ARRUDA 1882b
(1882), On a case of complete abortion of the reproductive organs of Vitrina. Annals and Magazine of Natural History, (5), 9, 53: 397-399.
  • Vitrina sem órgãos sexuais.
    • I am therefore inclined to think that these Vitrinae are hybrids. Possibly the conditions of life in the Azores may be favourable to hybridity among terrestrial gastropods ..... Probably they were sterile hybrids and have left no descendants. 1
    • LCM > The complete aborting of the parts in the remarkable case described by Mr. Furtado distinguishes it at once from the many cases of real or supposed functional defect met with in hybrids. 2
ARRUDA 1882c
  • Epígrafes de Darwin e Trouessart. 1
  • Linguagem proseletista antireligosa. Inspiração haeckeliana.
  • Le bon 2-3 Toda a embiologia de haeckel parece vir de Le Bon 4-5, 10, 11-2, 13
  • Buchner lido em frances 3, 8-9, 17-8 (força e matéria)
  • Prova material celular 3
  • trechos do origin 4, 5-6
  • Fixismo vs transformismo 6, 9-10
  • Imaginar pois que o homem teve sempre a forma que hoje tem, é como se admitisse que a simplicidade forçada do primeiro relógio inventado, da primeira tenaz, ou da primeira tesoura, podia apenas consistir em diferenças de tamanho. 7
  • O homem e o macaco
    • Destas formas actuais, a mais próxima do homem é a dos grandes macacos; são eles que têm com o homem o máximo número de comunidades anatómicas. O aparecimento dos macacos fósseis precede imediatamente o do homem fóssil e a penúltima fase embrionária do homem é uma fase simiana. Se entre o embrião do homem e o do cão, por exemplo, há apenas uma semelhança periódica, entre o embrião do homem e o do macaco há uma semelhança contínua que se estende pela infância até à velhice, clara revelação da consanguinidade próxima dos dois. Esta harmonia dos factos embriológicos e paleontológicos que logo veremos mais extensivamente, dá o critério. O homem deve ter sido necessariamente um macaco, e é risível deixar de o afirmar, ou, ao menos, de o crer, contra todas as induções lógicas dos factos científicos para não desfazer a sombra das teorias impotentes da religião. 7
    • Os dois animais que o despeito humano mais intenta separar por um abismo insondável são justamente aqueles aonde menos se pode descriminar os processos evolutivos. Seguindo exactamente os mesmos passos que a mão quase omnipotente do homem, uma coisa se forma que o exalta em desvantagem de aplicação, mas que o humilha profundamente no seu nascimento como espécie ― a mão do gorila. A mão e o pé do gorila, desde que as suas células primordiais fizeram saliência no corpo do embrião até à formação completa do adulto, são perfeitamente semelhantes aos do homem, tanto no seu conjunto geral como se os formos comparar célula a célula, osso a osso, músculo a músculo. Os embriões do gorila e do homem aparentam-se numa ultra continuidade que não se constata entre os macacos antropóides o os macacos inferiores: ― apesar dum gorila e um sagui serem ambos macacos, entre os seus embriões há já cem vezes mais diferença do que na anatomia fundamental do gorila e do homem adultos. 8
  • Critica a Quatrefages
    • De certo que nenhum darwinista admite que o gorila e o chimpanzé precederam o homem na evolução; mas todos porém admitem que o tipo fundamental não consiste na questão muitíssimo secundária de marchar ou de trepar, e que, se isto assim fosse, para que o gorila e o chimpanzé se pudessem tornar os semelhantes dos homens, era necessário que eles fossem macacos marchadores e não homens trepadores. .... Não há distinção radical, há transição. 8
  • Preeminência individual
    • Na natureza não há mais do que o indivíduo. São os indivíduos que constituem aquilo a que chamamos espécie; são eles que lutam pela vida, cada um sobre si; não é a espécie que luta. Quando os indivíduos não podem sustentar vantajosamente a luta pela existência, a espécie morre com eles; quando os indivíduos podem modificar ou transformar a sua organização para se adaptarem às novas condições de vida, é que a espécie pode considerar-se como não extinta: ela vive transformada, mas vive. Podemos mesmo afirmar dum modo geral que a conservação duma espécie está na razão directa da sua mutabilidade. Chegam novas condições de vida: se os indivíduos poderem modificar-se, a espécie persistirá; se eles não poderem modificar-se, a espécie extinguir-se-á. «Variar ou morrer». A conservarão prolongada duma espécie por meio de transformações vem por fim a determinar uma série de espécies filiadas umas nas outras 10
  • Surgimento indepentente impossível. Recapitulacionismo. 10
  • Inutilidade
    • Não há nada na natureza que seja ou tenha sido inútil. Se o processo de formação da espécie humana não tivesse sido o mesmo que o do indivíduo humano através de formas e estruturas de espécies e de classes diferentes ― que vinham cá fazer as fases tão características do embrião? 10
  • Pangenese 10-1
    • E não só no embrião, ainda mesmo no estado adulto existem moléculas primitivas apenas dissimuladas por manifestações inteiramente diversas. Qualquer de nós conserva até ao túmulo unidades fisiológicas das espécies que nos precederam. Essas unidades, em estado latente da fase humana do nosso embrião em diante, pelo que respeita à questão da forma, lá vão patentear-se novamente nos futuros embriões, e, pelo que respeita à questão psicológica, têm elas pelo contrário, no estado adulto, uma manifestação e às vezes uma predominância considerável: todo o lado bestial dos sentimentos da espécie humana, não pequeno mesmo nas raças superiores, é formado à custa dessas moléculas das espécies irracionais que nos vieram elaborando através dos séculos, moléculas conservadas por nós. Se o homem e a mulher as não possuíssem no estado adulto, a célula espermática e o óvulo não teriam donde as levar para que, no embrião formado por elas, se pudesse ver novamente reproduzidas formas gerais e órgãos de importância capital que é impossível deixar de atribuir àquelas espécies 10-1
  • Transmissão
    • É admirável o modo por que essa transmissão se opera nos tecidos renovados do mesmo indivíduo, para que as forças latentes não deixem de se tornar vivas sempre na mesma proporção e nos mesmos períodos da vida embrionária, e a Ciência, ao menos no seu estado actual, tem de se confessar impotente para tentar descobrir a razão destas operações maravilhosas. Contudo elas não parecem por isto menos verdadeiras: se um embrião humano evoluciona por manifestações de forças perfeitamente idênticas àquelas que determinaram a evolução histórica da animalidade, é porque as diversas modulações destas mesmas últimas forças, herdadas e preciosamente arquivadas, vão ali passando oportunamente vivas nesse cosmorama da Criação que se chama a vida embrionária do homem. .... Os factos embriológicos e os factos da geologia assim interpretados uns pelos outros, harmonizando e convergindo em provas, parecem dar à ciência moderna a posse desejada daquele critério da verdade, por cuja causa tantos conflitos se tem dado entre a ciência e a religião. 11
  • Finalmente haeckel 13
  • Lei da compensação de crescimento de darwin 13
  • Intermaxilar de Ferrier. Repteis vindo de Trouessart e Perrier 14
  • "A origem darwiniana documenta-se a cada nova descoberta. " 14
  • "Dissecando embriões, a Ciência demonstrou-nos que as espécies animais é que fizeram o homem; dissecando as religiões, ela vai demonstrar-nos que os homens é que fizeram os Deuses. ....... O darwinismo é a única teoria científica que o vulgo escuta com desprezo, muitas vezes. Em compensação, ela é talvez aquela sobre que mais se tem escrito e a que conta maior número de vulgarizadores dedicados. Não fosse a questão do homem, e tudo seria diverso. Combatida apenas por causa dos absurdos religiosos, é inevitável que, por causa dessa teoria, todos estes absurdos sejam combatidos. " 15
  • Cita Draper 15, 17, 19, 20-1
    • Se, na vulgarização dos factos embriológicos, devíamos recorrer à síntese bela da obra de Le Bon; agora visto que estamos no conflito, somos obrigados a amparar-nos à autoridade do ilustre professor da Universidade de NewYork 19
  • Fuegino como o mais hediondo selvagem, mais bestial. 15
  • Religião também confirma o darwinismo 15
  • Mais proseletismo
    • Os homens da religião vêem a Humanidade decaída do seu primitivo esplendor; os homens da Ciência vêem-na libertada da sua primitiva bestialidade. A Ciência dá provas; a religião não dá prova nenhuma. As imperfeições humanas são atribuídas pela Ciência a uma selecção ainda incompleta; de harmonia com os princípios religiosos, teríamos de considerar essas imperfeições como provas de uma degeneração crescente. O que porém apenas se demonstra, é que, quanto mais para trás interrogamos, mais imperfeita vemos a Humanidade .... apesar desta origem em si pouco gloriosa, a ciência glorifica-nos melhor do que a religião 15-6
  • Missing link 16
  • Não há mais milagres. Ciência como nova religião 18-9
    • Tudo atesta, pois, que o catolicismo entrou definitivamente na sua última fase. 19 
ARRUDA 1882c
(1882), À memória de Carlos Darwin. A Republica Federal, ano III, nº 109, 23 de Maio.
  • Büchner 1 Topinard 2
  • Biografia de Darwin.
  • Malthus e luta pela vida como essencia do darwinismo
    • Neste caminho das induções lógicas, resolvido a não atacar princípio nenhum religioso e acreditando num Criador mas banindo completamente da argumentação a ideia de causas sobrenaturais fora das próprias coisas e intervindo no encadeamento dos fenómenos, Carlos Darwin fortificava a sua filosofia natural, empreendendo as suas admiráveis experiências sobre os animais domésticos, especialmente sobre os pombos, e buscando assim interpretar as causas de variabilidade natural pelas da variabilidade artificial. A selecção artificial por meio da qual os criadores chegavam ao aperfeiçoamento das raças, demonstrava-lhe a existência de uma selecção natural, mas as causas desta selecção Darwin não podia vê-las na teoria de Lamarck, e é aqui que começa a novidade e o mérito incontestável da teoria que ele reformou e que de transformismo, se ficou chamando darwinismo. O naturalista inglês chegado a este ponto, encontrou-se um dia com o livro de Malthus, A População, e isto foi o grande raio de luz. 3
    • ...
    • A ciência restituía ao homem, e sobre bases mais sérias, a origem simiana que Lamarck lhe dera. O conflito foi gigantesco, mas a teoria não encontrava um argumento que pudesse destruí-la. Ela tinha o que as outras não possuíam – satisfazia às necessidades do verdadeiros espírito humano. A época dos milagres tinha passado Carlos Lyell tinha feito recuar poderosamente a idade bíblica do género humano. Sábios como Huxley e Hæckel levavam as aplicações da hipótese até ao final. Seguiu-se então um trabalho de reforma radical. As classificações zoológicas e botânicas começaram a ter um critério admissível; a sociologia e a linguística buscaram no darwinismo a orientação segura que lhes faltava; a palavra evolução entrou na política com aquela força que regenera por meio da ciência. Tal foi a obra de Carlos Darwin. Ao ver passar o cadáver do Mestre, o humilde discípulo tem o dever de se curvar respeitoso sobre essa obra colossal. 

ARRUDA 1882d
(1882), Darwin e as suas teorias. (A propósito do artigo do mesmo título do Sr. Sanches de Gusman). A Republica Federal, ano III, n.º 114, 27 de Junho.
  • Selecção natural é uma força atractiva (?!) que une corpos orgânicos para produzir (procriar?!) um terceiro. Não pode dar-se maior confusão de ideias, mais crassa ignorância do assunto! 1
  • Responsabilizar um sábio pelas consequências das suas descobertas, seria o mesmo que responsabilizar a polícia pelos roubos e assassinos que ela descobrisse. 2 
ARRUDA 1882e
(1882), A propósito da questão das vivissecções. Encyclopedia Republicana, Revista de Ciências e Literatura: 73 – 79.
  • Deveria ir pra era nova, mas ela acabou. Em diálogo com Alexandre da Conceição.
  • Contra a proibição da vivisecção na inglaterra por motivos religiosos. 1
  • Menciona Darwin 2
  • Graças a esta maneira de proceder, estas sociedades, protegendo assim os animais, embora sem a consciência do que fazem, tornam-se perseguidoras dos homens e são corpos estranhos no meio da humanidade. O sofrimento dos cães é-lhes mais digno de respeito do que o presente e sobretudo o futuro de uma ciência cujas práticas, inevitáveis e não cruéis, têm por fim único o desempenho da missão mais respeitável ― abolir os sofrimentos dos homens. 3
  • Apenas dissecção não serve. 4 .... Não há princípio nenhum moral ou religioso que autorize ninguém a experimentar em si uma substância desconhecida (que pode vir a ser um medicamento dos mais preciosos), para não pôr em risco a vida dum cão ou de um gato. 4
  • Há males que servem de bem. O interesse dos fisiologistas pela sua ciência redobra, como era de esperar; a questão agita-se e muita gente que até aqui não tinha ouvido falar em vivissecção, fica convencida de que ela, no estado presente da ciência, é inseparável dos alicerces sociais; a opinião pública que tinha sempre considerado as sociedades protectoras como cousas inocentes e da moda, passa a odiá-las como a uma liga jesuítica, e elas, no arrefecimento de verem deferidas as suas petições, talvez tenham tempo de se envergonharem e de se converterem. 4 
ARRUDA 1882f

(1882), Ainda a propósito da questão das vivissecções. Encyclopedia Republicana, Revista de Ciências e Literatura: 138 – 142.

  • Alexandre da Conceição escreveu uma tréplica. 1
  • Traduz carta de Darwin sobre o assunto que concorda com FAF.1-2
  • FAF revoltado
    •  «modesto divulgador do espírito científico do seu tempo, que junta a nulidade da sua opinião às vozes autorizadas dos primeiros homens da ciência contemporânea». O Sr. Alexandre da Conceição entendeu que, sem aqueles epítetos formosos, o carácter inglês não podia ser «cordialmente abominado» e fez mais alguma coisa: ― escreveu-os, sobre aquele assunto que ainda lhe parece sem rival para uma «troça» e para uma «descompostura» com todo o peso da autoridade portuguesa! Ao ver isto, eu pensei em que era dever de nós todos irmo-nos revoltando contra as «liberdades de adjectivação pouco parlamentares e menos académicas». 2 
ARRUDA 1883a
(1883), Antropologia. Gazeta Açoriana, n. ° 1, 10 de Janeiro; n.° 4, 10 de Fevereiro; n.° 11, 2 de Abril.
  • Os antropólogos modernos, homens de gabinete, indagadores ardentes e conscienciosos, mas por isto mesmo que estão absorvidos nos trabalhos práticos, absolutamente privados de um espírito perfeitamente filosófico, não dão no conjunto das suas definições, nem das memórias que publicam, uma importância bem acentuada ao moral ou ao físico. Uns, é verdade, não se ocupam senão do físico e outros do moral, e o máximo número de estudos versa sobre o primeiro; mas o espírito filosófico que os guia a todos (refiro-me principalmente aos membros e professores da sociedade e escola de antropologia de Paris onde sob a orientação do ilustre Paulo Broca, se desenvolveu a máxima actividade), o espírito filosófico que os guia não cria uma precisão desejável. Topinard, autor do manual antropológico correntemente estimado (1 ), diz-nos logo nas primeiras linhas que a Antropologia hoje compreende ambos, o homem moral e o homem físico 1
  • Wyrouboff
    • Não há definição. Wyrouboff prefere a de Quatrefages. Funções sociais ausentes em outros animais. Não pode ser separada da zoologia 3-4
  • Le Bof
    • Nesse artigo são sucessivamente examinados – o estado actual da antropologia; o acanhado campo prático de observação que, na verdade, forma um perfeito contraste com a extensão ilimitada que se lhe confere nas definições; a falta de direcção precisa dos trabalhos; a necessidade de completar na prática o estudo físico das raças por indicações psicológicas e sociológicas; a urgência de se proceder ao estudo das raças inferiores antes que elas continuem a desaparecer ao contacto da civilização; e sobretudo o pouco ou nenhum partido que os antropologistas tem sabido tirar dos factos observados pela falta dum método conveniente. 6
    • Medição dos crânios não convence muita gente. 6
    • Várias linhas de fatos. 6 
  • Conclusão
    • Com a memória importantíssima do Dr. Le Bon, a antropologia quer instalarse definitivamente no estudo das raças humanas, consideradas no conjunto dos seus caracteres físicos, intelectuais e morais, e no estudo ou consideração de todos os fenómenos julgados como factores da sua evolução. Não admitindo margem alguma para um programa indefinido, é por isso que dizemos no estudo ou consideração daqueles factores. Julgados como factores da evolução das raças, há fenómenos que são de origem biológica, outros que o não são, que são de ordem sociológica, climatológica, etc. Os primeiros o antropologista estuda-os, são da sua competência, eles ligam-se aos problemas gerais da sua ciência, da ciência abstracta superior de que faz parte do seu ramo; os segundos o antropologista não os estuda, considera-os apenas debaixo dum limitado ponto de vista também concreto, eles não são da sua competência, o seu ponto de vista geral forma o objecto doutras ciências abstractas superiores. O antropologista vê por exemplo no movimento da população, ou no estado da propriedade, um dos factores da evolução física das raças; estudando esta, considera-o como tal e é ao sociologista que compete estudá-lo, compará-lo em si e ligado a outros fenómenos sociais nos povos e no tempo. 7 
    • .... a antropologia satisfaça a uma necessidade científica nova realmente existente ― contribuir tanto quanto possível para o conhecimento completo das causas de formação, transformação ou permanência das raças humanas, com o elevado fim de esclarecer os problemas da civilização. 7
ARRUDA 1883b
  • Sem signicância individual. Apenas estatística. 1
  • Biologia metafísica 1
  • Le Bon. Dados craniométricos usados depois no Materiais. 1-2
  • Mulheres muito abaixo em suas séries. 2
  • Mulheres
    • Quando a mulher nos vem de um longo passado histórico, maltratada pelas religiões, tratada como besta de carga pelas civilizações primitivas e ainda hoje pelos selvagens (e quantas nos lares domésticos que nos rodeiam!), compreendemos sem custo que esse profundo abismo intelectual que a separa do homem não é mais do que uma consequência necessária. 
    •  Nas escolas vemos efectivamente que enquanto dura a primeira infância, fase que recorda esse estado passado da humanidade em que a mulher ainda não diferia sensivelmente do homem pelas condições iguais de existência em que ambos viviam, vemos que os rapazes e as raparigas aprendem tudo com a mesma facilidade; mas, uma vez passada essa primeira fase e entrados uns e outros naquela em que se começa a desenvolver a herança das profundas diferenças que condições de existência cada vez mais opostas têm vindo a acumular durante séculos, uma vez entrados neste ponto, as cousas mudam inteiramente e é impossível prolongar a educação de verdadeiras ideias numa menina com aproveitamento sensível. Seriam precisos séculos e séculos para elevar a inteligência feminina, por séculos e séculos abaixada, ao nível da inteligência do homem, e mesmo assim seria preciso que este, sempre indomável na conquista do saber, estivesse disposto a esperar. 
    •  Sem dúvida, no século actual, a educação intelectual da mulher tem frutificado consideravelmente; mas em que século também foi nunca tão prodigiosamente fecunda a educação intelectual do homem? Acrescentaremos que é quase exclusivamente nas artes, na poesia, na literatura, na música e no drama, em tudo aquilo que verdadeiramente mais depende dos sentimentos, que as mulheres têm conseguido fazer alguma coisa fora do comum, e que, mesmo assim, comparados com os do homem, os exemplos de mulheres assim consideradas excepcionalmente inteligentes, são das maiores raridades que se conhece. Podem citar-se Staëls e Rosas Bonheur em abundância; não se cita senão uma Clémence Royer. A insistência com que se aponta, para contradizer estas ideias, os raros génios femininos, não é, de resto e no fundo, senão uma veneração profunda por um acontecimento quase incrível. 2 
  • Mulher é dona de casa 3
  • Prévia do Materiais. 4

ARRUDA 1884a

Prefácio de 10/05/1883
  • Epígrafes de Le Bon e Morelet.
  • Importância dos pontos isolados para a antropologia 1
  • O homem está diferenciado nas ilhas também.
    • Fornecer os materiais para se ir seguindo a marcha da diferenciação antropológica que se produzirá; estudar o meio, o movimento essencial da população, as condições económicas e sociais de existência, os sentimentos e a inteligência, os elementos antropológicos de que é formado o grupo micaelense actual, isto é, estudar aonde vivemos, como crescemos, como vivemos, como sentimos e pensamos, e quais os nossos caracteres físicos, tal é o objectivo, despretensioso todavia, deste trabalho. 2
  • Camponês representativo. 2
  • Fazer agora para o desfrute futuro 2.
  • Le Bon e cia.
    • O plano deste trabalho é inteiramente moldado no do estudo sobre a formação actual duma raça nos montes Tatras pelo Dr. Gustavo Le Bon – De Moscou aux monts Tatras, – Bull. de la Soc. de géogr. de Paris. Pelo que respeita ao espírito filosófico que tanto falta na antropologia, devemos acrescentar que o artigo de Wyrouboff publicado na revista La philosophie positive - L’influence métaphysique en biologie. L’anthropologie, ce qu’elle est, ce qu’elle doit être, nos deu a mais indispensável luz sobre o campo perfeitamente limitado deste «ramo duma ciência positiva, a biologia concreta, cuja independência se move entre a mamalogia e a história».
    • ...
    •  O Dr. Gustavo Le Bon, que, além do que devo à leitura das suas excelentes obras antropológicas, se dignou de acolher com aquela bondade que caracteriza os homens eminentes da ciência, a notícia do meu arrojado empreendimento, fazendo-me a obsequiosa oferta de um exemplar do seu estudo sobre a raça dos Tatras, criticando a adaptação que fizera do seu plano e exprimindo o desejo de ver em breve o resultado das minhas investigações, factos que nunca esquecerei; O meu bom amigo Henrique das Neves, digníssimo capitão do nosso exército, sem cuja intervenção tão obsequiadora, me seria impossível medir seriamente e com a maior facilidade os 83 recrutas que formam quase toda a minha série de camponeses micaelenses, isto é, o fundo deste trabalho; O meu ilustre patrício e amigo, o Sr. Francisco de Paula e Oliveira, conhecido pelos seus trabalhos antropológicos lidos no Congresso de Lisboa, a quem devo as séries de camponeses de Portugal, sem as quais nenhuma comparação me seria possível, e portanto nenhuma utilidade capital teria o meu estudo; Os ilustres etnologistas portugueses, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos e Teófilo Braga, a quem devo importantes comunicações linguísticas e etnológicas. 2-3
I O Meio. 
Geografia da ilha de S. Miguel. – Geologia e mineralogia. – Botânica e zoologia. Clima – Paisagem.
  • Pequena extensão e profundo isolamento. 4
  • Fauna menor que a de Madeira. Menciona águas minerais. Cupressus fósseis nas montanhas. Bosques nativos destruídos. 4
  • Fauna ainda mais pobre. Só Morcegos e um lagarto originalmente. Peixes menos gosotosos. Clima benigno. 5
  • Morelet e Thomson 5-6
II A População. 
Movimento da população. – Grau de mortalidade nas crianças e fala de selecção. – Doenças predominantes. – Emigração.
  • Densidade muito alta para uma ilha que só tem milho. 7
  • Seleção
    • É evidente que a benignidade do clima tem entre nós o primeiro lugar, podendo dizer-se que tudo quanto nasce escapa. Ao atravessar-se certas aldeias ninguém vê senão crianças. Isto que, para os nossos sentimentos de filantropia, é excelente, não o é da mesma sorte para as condições económicas de existência e para o aperfeiçoamento de raça pois que nenhuma selecção se produz pela eliminação dos fracos. A diminuição da força física faz-se mesmo rapidamente, duma geração para outra, os fortes camponeses do norte de Portugal não tem hoje aqui nenhum representante. Além disso os camponeses parecem fecundos de si, e os casamentos fazem-se no vigor da idade. 7
  •  Saúde
    • O litoral é pois um povoado contínuo, e esta disposição é certamente das mais higiénicas. Contudo as epidemias vêm diversas vezes compensar a grande fecundidade dos habitantes roubando alguns centos deles..... Os esforços gerais, para combater essas doenças excepcionais, são prontos e eficazes tanto quanto possível; a cidade e as principais vilas possuem hospitais muito razoáveis.  8
III - Condições Económicas e Sociais de Existência. 
Antigas condições de existência. – Aptidões que elas puderam criar. Condições actuais de existência. – Estado de propriedade rural e da agricultura. – Extrema fertilidade do solo. – Estado do comércio e da indústria. – Salários. – Alimentação dos camponeses micaelenses. – Habitação, mobília, vestuário. – A família.
  • Antigamente havia sobriedade e parcimonia. Sem desigualdade entre proprietários e trabalhadores. Mulheres trabalhavam "com inteligência". "Tudo isso mudou radicalmente". 9
  • Ilha pertence a uma dúzia de grandes proprietários. Nota critica dos especuladores. Decadência da Laranja 9-10
  • Terreno muito fértil. Milho sobre para exportar 10
  • Critica a quem deixa a terra aos caseiros 11
  • Situação ruim para os camponeses. Salário. Pouca indústria e tino comercial 12-3
  • Alimentação, moradia e vestimenta 13-5
  • Casamento de interesse pecuniário. Mulher trabalhadora e dá ensino religioso. Sem ensino formal. 16
IV Psicologia do Grupo. 
Principais factores da constituição mental do povo micaelense. – Influência do passado. – Estado psicológico actual. – Conservação de sentimentos muito primitivos. – Falta de actividade, do amor da independência, da impressionabilidade. – Sentimento literário e artístico. – Danças e cantos populares dos micaelenses. – Sentimento religioso. – Superstições. – Inteligência. – Moral.
  • Torpor do clima, vulcões e capitães. Consequência estabilizadora, sobrevivência das tradições pela separação. Comunicação com T Braga 18
  • Povo mais bruto das ilhas. Pouco patriotas e orgulhos 18-9
  • Azorean Torpor
    • Bullar descobriu até o «Azorean torpor». Isto parece ser com efeito um resultado da insularidade quando nos lembramos de que todos os que vão ao continente dizem que lhes pareceu terem mudado de organização, sentindo-se ágeis, inteiramente outros, ao contacto do ar seco e à vista do céu mais vezes limpo e sempre mais profundo. Somos ronceiros no falar e nos movimentos e não temos impressionabilidade nem rapidez de decisão características. Os nossos camponeses possuem porém grande tenacidade que os torna impertinentes nas suas pretensões, e possuem também geralmente grande coragem e energia. 19
  • Falta de sentimento maravilhos na poesia popular. Excesso de diminutivo 19-21 Desenhos, prédios feio mas com jardinagem 25
  • Leitura e educação
    • O gosto pela literatura e pela instrução começa apenas agora a aparecer no povo, e o avultado número de jornais nada significa, pois é apenas um simples produto do estado da nossa política. O povo não lê senão alguma pequena obra religiosa, livros de orações, novelas de cavalaria, e faz isto muito imperfeitamente e raras vezes, o que não admira num país aonde o professorado popular é tão mal e tão atrasadamente pago, e numa ilha cujo passado foi duma ignorância monumental em todas as classes, mal sabendo ler e escrever a maior parte dos nossos morgados e não sendo mesmo costume mandar ensinar isto aos filhos segundos em muitas famílias abastadas. 25
  • Muito religiosos 26 mas não fanáticos 29
  • Muito supersticiosos 29-31
  • Mulheres parecem mais inteligentes 31
  • Crimes e moral. Inteligência aumentando com contato exterior 32
V Antropologia do Grupo. 
Estudo antropológico dos micaelenses. – Resultado das nossas medições. – Frequência e associação dos caracteres. – Principais tipos fisionómicos dos camponeses micaelenses. – Diferenças entre o homem e a mulher, o camponês e a classe cultivada. – Diversas outras qualidades físicas dos micaelenses. – O grupo de raça vivendo actualmente em S. Miguel está ainda longe de ser inteiramente hemogéneo. – Notáveis particularidades dos indivíduos subbraquicéfalos e braquicéfalos.
  • 17 camponeses e 83 recrutas 33
  • Método 33
  • "Começaremos por declarar que este trabalho não nos apresenta resultados bem acentuados, sendo geral a indiferença da associação" 35
  • Tipo distinto para cada freguesia 35
  • Certa nuance 
    • De todos os resultados obtidos tem o primeiro lugar a circunferência craniana. Estes resultados comprovam dum modo eloquente a existência da lei fisiológica, de que o crânio se desenvolve com o desenvolvimento da inteligência, lei evidente, mas de que ainda agora se descreu com a capacidade craniana de Gambetta. Sobre este ponto, como sobre muitos outros, há infelizmente ainda grande confusão de ideias, não se querendo distinguir o valor dos meros casos individuais do valor, incomparavelmente maior e mesmo único, dos factos obtidos, quando se opera sobre uma série conveniente. Certamente não se pode afirmar que um homem é inteligente, porque tem uma cabeça grande; mas, se uma população nos apresentar um notável número de crânios volumosos que outra população não possui, nós temos o direito de afirmar que a primeira é mais inteligente do que a segunda. É este facto essencial e não fracas oscilações na capacidade média dos seus crânios, como diz o Dr. Le Bon, o que distingue as raças superiores das inferiores. A antropologia não carece de certo das nossas observações para a comprovação destas verdades essenciais; contudo julgamos dever apresentar o que descobrimos, ao menos como factos particulares do grupo humano que estudamos. 37
  •  Curvas de Le Bon. Camponesas micalenses > Camponeses galicianos > Camponezes mic > mic mais ou menos ilustrados > Letras > Sábios 38
  • Contra médias 39
  • Feios 42
  • Não homogêneos. 42
  • Cita tropinard 45
  • Elemento celta 45
VI Diferenciação do Grupo
Elementos de que se formou a população micaelense actual. – Falta do documento histórico da colonização popular. – Época da colonização. – Documentos fornecidos pela linguística, intonação da voz, costumes étnicos. – Origem dos povoadores de que se ocupam as genealogias. – Influência do sangue estrangeiro. – Antropologia e psicologia comparadas dos camponeses micaelenses e de diversos camponeses de Portugal. – Resultado destas comparações. 
  • Chegados ao fim do nosso trabalho difícil, resta-nos torná-lo interessante ..... 46
  • . Querer achar uma origem predominante no meio desta diversidade de tipo fisionómico, de costumes, de pronúncia, de intonação de voz, que há de freguesia para freguesia, não é certamente uma investigação muito digna de tentar-se. Contudo, por mais heterogénea que seja a população micaelense, ela possui um conjunto de caracteres comuns que a distinguem à primeira vista de todas as outras ilhas do arquipélago. 46
  • Não há registro de quem colonizou S Miguel 46-7
  • Elementos folclóricos são inúteis nesse caso 47
  • T Braga é pelo Minho. Coelho não se pronuncia. Leite de Vasconcelos é pelo sul. E. do Canto e outros documentos históricos também sugerem o sul. Contudo não há como responder a pergunta e nem merece ser respondida. O povo é de origem heterogênea. Pouca influência estrangeira 46-9
  • Paula e Oliveira manda os dados de Portugal para comparação 49 Não se constata diferença, mas não há dados do sul. 51
  • Conclusão
    • O facto essencial que resulta destas comparações, é que as diferenças de ordem antropológica que separam os camponeses micaelenses dos camponeses de Portugal, são incomparavelmente maiores do que aquelas que separam estes últimos entre si. 57
  • Questão da Bretanha 59-60
  • Conclusão
    • O resultado das nossas comparações já o resumimos neste facto essencial, que, diferindo antropologicamente entre si os camponeses micaelenses e os de Portugal apenas por pequenas diferenças do micaelense e os de Portugal apenas por pequenas diferenças do mesmo grau, eles diferem pelo contrário uns dos outros por diferenças dum grau incomparavelmente maior. 
    • Estudando atentamente a constituição mental do povo micaelense, achamo-nos em face dum grupo inferior cujo estado intelectual não é desmentido pela generalidade da expressão e incorrecção do seu tipo fisionómico e pela pouca elevação da sua circunferência craniana
    • .......... . Uma selecção repetida durante séculos sobre as crianças e sobre os adultos deve ter contribuído para formar, por meio da acumulação lenta das qualidades adquiridas em cada geração, a raça vigorosa e inteligente que ele observou. Ora é precisamente o contrário o que podemos dizer a respeito dos camponeses micaelenses. 61
  • Cartas com os antropólogos são citadas em algumas partes do texto. 
ARRUDA 1884b
(1884), Revue scientifique – Les Açores au point de vue scientifique. Gazette française du Portugal, nº 2, 2 de Dezembro.
  • Morelet. Wollaston. Simon. Perrier. Milne Edwards.
  • Biogeografa dos açores
  • Museu.
ARRUDA 1884c
(1884), Biografias de homens célebres dos tempos antigos e modernos. A Época, ano III, nº 105, 5 de Janeiro.
  • Resenha publicitária de biografia de Cuvier da editora de David Corazzi.
ARRUDA 1884d
  • 7 anos. 1
  • Em abril de 1877 o sr. Jose do Canto fez a meu Pai a honra de uma visita para lhe proper que consentisse em eu ser seu empregado, substiluindo o sen Procurador o sr. Antonio Bernardos d’Abreu e Lima cuja perda acabara de sofl'rer. Eu era entao urn obscuro amanuense da Kepartigao dc Fazenda do District © e aquella escolba surprehendeu meu Pai. 0 sr. Jose do Canto explicou que ouvira dizer a uma pessoa, cujonome disse, umas cousas boas a meu respeilo, que tinha marcado aquillo e que agora se offerecia a occasiao para me avaliar pessoalmente. Meu Pai communicou-me a proposta que lhe acabavam de fazer, sem me impor opiniao, mas fazendo-me ver que o logar da Repartigao era mais estavel e com garantias de reforma ainda que muito menos vantajoso, e oulras consideragoes a respeito do maior trabalho e da responsabilidade que eu ia ter. 1
  • Docilidade. 2
  • Dinheiro some. 2-3
  • Problemas de saúde não resolvidos 3-4
  • Mais dinheiro some. Grande briga. 5-7
  • aos desgostos que eu soUVera e taes em tao pouco tempo, e a minhas velhas Tias para quern sou o unico amparo, pedia a s.a ex.a que me desse algum tempo para buscar uma collocacao sufficiente. S.a ex.a deu-me ale ao fim do anno e eu acceilei. Foi o grande sacrificio que fiz por aquellas velliinhas que me criaram; mas foi muilo bem feito. 8
  • Concl
    • (pego tambem a maior attengao para est’outro ponto que mostra bem a tremenda fixidez da idea) ainda depois de saber isto, que eu o nao roubara, segundo a propria declaragao do negociante, s.a ex.a, nao so nunca quiz dar o seubrago a torcere descer nobremenle do seu orgulho; mas vem ainda dizer que nao confia de mim 10$000 rs. que me deve, sem o recibosinho primeiro! 
    • E ficamos completamente lines um do outro. 
    • Sc s.a ex.1 acba quc nao sao estes os molivos unicos de todas as nossas scenas < inacreditaveis, » e que ba outros sufficientes para um desfeche d’estes, ao fim de sete annos e meio de uma docilidade quasi idiota da minha parte, alii fica, lealmente aberto, o campo para que s.a ex. o venha declarar. 8
ARRUDA 1886a
(1886), Sur la dénomination de l’Helix torrefacta Lowe, des Canaries. Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes42: 86-87.
  • Nome correto de um espécime. Crosse concorda.
ARRUDA 1886b
(1886), Sobre o lugar que devem ocupar nas respectivas famílias os moluscos nus. Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes42: 88-94
  • A simples noção da concha faz com que alguns malacologistas considerem ainda como géneros malacológicos superiores, aqueles cuja concha tem o desenvolvimento mais perfeito. Por esta razão, colocam no princípio das suas listas (querendo significar que começam do inferior para o superior) os moluscos nus da respectiva classe ou família. Ora é precisamente o contrário: se se adopta o sistema de começar do inferior para o superior, são os moluscos nus de cada família que devem ser colocados no fim, porque não só a perfeição da concha nada tem com a formação do molusco que a segregou, mas a superioridade dele está mesmo na razão inversa da perfeição dela. 1
  •   Hoje é malacologia que se estuda, e não mera Conquiliologia. 3
ARRUDA 1886c
(1886), Catálogo geral das colecções de moluscos e conchas da secção zoológica do Museu de Lisboa. Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes43: 105-150.
  • Inventário anotado do Museu. Só da familia Muricidae por causa de Tryon.
  • História
    • Em Fevereiro de 1885 fui encarregado da revisão e catalogação das colecções de moluscos e conchas da Secção Zoológica do Museu de Lisboa. As colecções compunham-se de dois grandes núcleos - a chamada Colecção Antiga, e a chamada do Museu Real. Ambas estas colecções se achavam expostas ao público, cada uma em sua respectiva sala, e ambas, na minha entrada para a Secção, se achavam cuidadosamente guardadas, mas dispostas segundo o antigo sistema de classificação, actualmente inadmissível, e havendo mesmo muitas denominações visivelmente incorrectas. Havia além disto, em depósito, uma enorme quantidade de conchas de todas as proveniências, talvez igual ou maior do que a que estava exposta. 1
  • Coleção típica e geral. 
    • A Colecção Típica, tal como compreendo, isto é, podendo servir de atlas vivo ao melhor manual até hoje publicado, o do Dr. Paulo Fischer, contendo pois não só representantes de todos os géneros e subgéneros, recentes e fósseis, mencionados nesse manual, mas, além dessa parte sistemática, contendo também uma parte taxinómica, esta muito adiantada e tem-se conservado sempre exposta ao público, em todas as suas fases, nas carteiras da chamada 1.ª Sala, ou da Colecção Antiga; mas, requerendo a parte taxinómica, móveis especiais e havendo numerosíssimos tipos difíceis de obter, não é possível afirmar que essa Colecção Típica esteja concluída em breve. Mal que o esteja porém, estará também concluído o seu respectivo catálogo, ou Guia Popular que inquestionavelmente lhe compete e cuja redacção temos inteiramente planeada 1
  • A coleção geral oferece mais desafgios. Segue o manual de tryon meio à contragosto. 1-2
ARRUDA 1886d
(1886), Coquilles terrestres et fluviatiles de l'exploration africaine de MM. Capello et Ivens (1884-1885). Journal de Conchyliologie34, 2 : 138 – 152.
  • Este trabalho divulga os primeiros resultados do estudo que o autor fez da colecção de conchas colhidas durante a exploração africana de Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens. Regista a lista dos géneros que incluem 39 espécies encontradas das quais 5 eram, provavelmente, novas. Duas receberam o epíteto específico Capelloi (Helicarion (?) Capelloi e Achatina Capelloi), em homenagem ao primeiro daqueles exploradores, e uma outra o epíteto Ivensi (Achatina Ivensi) em homenagem ao segundo daqueles exploradores.
ARRUDA 1886e
(1886), Notas psicológicas e etnológicas sobre o povo português. I. Nomes vulgares de peixes. Jornal de Sciencias Mathematicas, Physicas e Naturaes, 42: 49-64.
  • convencendo-me cada vez mais de que as minhas apreciações do povo micaelense não tiveram muito de exageradas quando consideradas, ao menos, nas suas linhas gerais. Pesquisa com peixes em Lisboa. Açores deve esperar. 1
  • Importância da linguagem
    • Todos sabem que o estado da língua de um povo é a imagem fiel do seu estado mental e social, e, como diz um notável escritor moderno, se nos não restasse dum povo mais que o seu vocabulário poderíamos seguramente traçar toda a história da sua civilização. Por isso indiquei sumariamente, como me permitia o ponto de vista em que me colocara, o modo de construção da frase do povo micaelense, e a influência que teria sobre o seu fundo de ideias a pobreza da fauna e da flora, as quais, não apresentando em que se exercesse numa importante parte do vocabulário trazido pelos colonizadores, teria feito esquecê-la em poucas gerações, e com ela ter-se-iam ido todas as ideias correspondentes. 1
  • Nomes de peixes como estudo de caso.
    • No Catálogo dos Peixes de Portugal, por Félix de Brito Capelo, Lisboa, 1880, é raro encontrar-se uma espécie, nas 267 indicadas, que não tenha o seu nome vulgar e às vezes dois e três na mesma localidade. Este facto é por si só muito eloquente e lisonjeiro para um povo que assim possui um vocabulário quase tão completo em número como o dos homens da ciência, e denota imediatamente um poder de observação enorme. 1
    • vendo isto, vemos que a incapacidade popular não é tão grande como se supunha, e que há, para esta ordem de factos, uma grande esfera de desenvolvimento fora do estímulo científico. 2
  • Nos açores
    • Os peixes dos Açores não estão ainda estudados; no gabinete zoológico do Liceu de Ponta Delgada acha-se já um bom núcleo, mas tudo leva a crer que o número das espécies seja avultado; ora os nomes vulgares recolhidos até hoje da boca dos pescadores açorianos não chegam a 100; alguns, muito poucos, não existem na lista do continente. De duas, uma: ou a fauna ictiológica dos Açores é menos rica do que a de Portugal, e então deuse o que na nossa memória antropológica sumariamente indicámos: os vocábulos levados do continente perderam-se por não terem a que se aplicar – o que é defeito do meio; ou a fauna é tanto ou mais rica do que a de Portugal e os povos açorianos contentaram-se em aplicar denominações genéricas, chamando simplesmente chicharro a todos os chicharros, bodião a todos os bodiões, porque a importância culinária dada às diferentes espécies, o saber aproveitá-las, era lá muito menor (o que actualmente é um facto) e não tornava necessária a miúda distinção do intuito comercial – o que é defeito de raça… Mas deixemos para depois a questão particular 2
  • Importância culinária-comercial 2.
  • Classificação psicológica em Lisboa 3. Resultados discutidos em 11. Classificações comparadas seriam bem vindas.11
  • Tenciona fazer o mesmo com plantas com a ajuda de Daveau que são ainda mais promissores 11-2
ARRUDA 1886f
(1886), O macho e a fêmea no reino animal. Biblioteca do Povo e das Escolas, 128. Lisboa, David Corazzi – Editor.

I Origem dos Elementos Reprodutores.
Forma primitiva da reprodução. Moneras. ― As diversas formas de reprodução – Localização da função reprodutora. – Formação definitiva de órgãos genitais; criação da função sexual.
  • Moneras de Haeckel e sua reprodução agâmica. 1
  • Vários termos explicados 1-4
II Formação de Aparelhos Reprodutores
Aparelho hermafrodita dos moluscos. – Passagem gradual para a separação dos sexos; separação do canal vector comum; separação da glândula hermafrodita, em testículo e ovário. – Constituição de dois aparelhos reprodutores distintos, masculino e feminino, num mesmo indivíduo. 
  • Anatomia comparada dos moluscos.
III Separação dos Sexos
Mecanismo da sua realização. – Falta de uso e atrofia consequente de uma das espécies de órgãos genitais nos animais hermafroditas. – Aparecimento do indivíduo masculino e do indivíduo feminino. – Influência geral da separação dos sexos; novas necessidades criadas. – A causa única dessas necessidades e a sua explicação científica.  
  • A separação, num mesmo indivíduo, da glândula hermafrodita em testículo e ovário, entra na ordem dos fenómenos gerais da especialização das funções, e explica-se pelas leis gerais da divisão do trabalho fisiológico. ..... Essa porção, primitivamente separada pela divisão do trabalho fisiológico, ― desde o momento em que tivesse sido menos usada pelo indivíduo hermafrodita, poderia vir a atrofiar-se por essa falta de uso (são conhecidos estes princípios gerais da modificação dos órgãos), e viria facilmente a desaparecer de todo. 7
  • órgãos rudimentares como prova 8
  • Anatomias comparada dos macacos. 8
  • aquilo em que cada um menos pensa antes de se ligar sexualmente, nestas condições, é precisamente o ter filhos. 9
  • Reprodução
    • Desde muito que as estranhas explicações dos teleologistas não são admissíveis; e hoje só podemos explicar esta atracção sexual como primitivamente ocasionada em animais muito simples (nadando e encontrando-se casualmente) pela sombra das atracções moleculares dos seus elementos reprodutores (sabemos que na fecundação os dois elementos se atraem, e o feminino se impregna do outro). Quer dizer: ― os indivíduos dos dois sexos (o macho e a fêmea), ligando-se sexualmente, realizam apenas em ponto grande, por uma soma de atracções moleculares feita por acumulações hereditárias, o que os dois elementos reprodutores (o espermatozoário e o óvulo) realizam em ponto pequeno, por um fenómeno unitário daquelas atracções. 9
  • Sistema nervoso não pode ser a causa fundamental. 9-10
IV O macho e a fêmea
Caracteres sexuais primários e caracteres sexuais secundários. – O aparelho reprodutor na série animal. – Natureza dos caracteres sexuais secundários – Onde começam eles a aparecer na série animal. – Em que sentido se faz na mesma série a evolução das diferenças produzidas por esses caracteres. – Verdadeiro sentido dessa evolução. – Proporções numéricas dos dois sexos. – Monogamia e poligamia.
  • Cita CD quanto aos caracteres sexuais primários e secundários. 11
  • Mais anatomia comparada.
  • ....o verdadeiro sentido dessa evolução é sempre o mesmo: ― quer o macho seja o mais forte e bonito, quer não, é geralmente ele o que sofreu as maiores modificações. Sob a epígrafe de Modificações geralmente maiores no macho do que na fêmea, escreveu Darwin na sua Descendência do Homem as seguintes palavras: «No conjunto do reino animal, logo que os sexos diferem pela sua aparência exterior, é, com raras excepções, o macho que mormente se modifica, ficando a fêmea mais semelhante aos novos da sua espécie ou aos outros membros do mesmo grupo.». 16
  • Proporção numérica > Monogamia e poligamia 16-7
V O Macho e a Fêmea na Série Animal
Caracteres sexuais secundários nas diversas classes de animais. – Caracteres de ordem anatómica: Vermes, artrópodes, moluscos, vertebrados. – Caracteres de ordem psicológica. – Amor conjugal. – Monogamia e poligamia. – Explicação darwiniana dos caracteres sexuais secundários. – Selecção sexual. – Lei do combate. – Atractivos: canto, paradas de amor, e danças.
  • Anatomia comparada. Verificar o quanto é derivativo do Descent "e são pela maior parte extraídos do livro de Darwin)" 32.
  • Cirrípedes segundo darwin 20 Anfíbios 26 Cavalos e recusa a mestiços 31 
  • Fueginos 31
  • Nada há de fixo, de invariável, em cada classe de animais a respeito da monogamia e da poligamia 31
  • Nos machos dos animais superiores as faculdades intelectuais acham-se mais desenvolvidas e as paixões são mais fortes do que nas fêmeas, o que está em harmonia com a actividade dos elementos sexuais que eles produzem e é também necessariamente correlativo das funções e actos ordinários da vida derivados da especialização desses elementos. 32
  • Total Darwin > SS 32
    • Lei do combate pelas fêmeas. Longos trechos traduzidos 33-4.
    • Escolha do Belo. 34-8
VI O Homem e a Mulher, ou o Macho e a Fêmea nas Raças Humanas
Caracteres sexuais secundários. – Selecção sexual. Lei do combate. Influência da beleza nos casamentos humanos. O tipo de beleza diverso para cada raça. 
  • Começa com um longo trecho traduzido de Darwin resumindo os caracteres secundários humanos. 39-40 e segue com a Lei do combate 40-1
  • Na "Influência da Beleza", "tipo de beleza diverso para cada raça" usa suas próprias palavras. 41-2
ARRUDA 1886g
(1886), [0] - Observações préviasJornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9815, 20 de Agosto.
  • Explicas o que é uma revista conforme Larousse 1
  • Como representam ordinariamente grandes partidos políticos, elas têm uma poderosa influência sobre o espírito público e os escritores que as redigem gozam por isso mesmo de grande consideração que lhes facilita o acesso ao poder. 1
  • Divulgação científica
    • São revistas científicas o que aqui vamos fazer, vamos tratar da ciência; mas que interesse pode despertar isso que escrevermos? Que utilidade imediata pode ter? Para que pode servir? Conta-se por aí que num dia que já lá vai, um ministro português visitando os nossos museus de História Natural e achando-se nas galerias de zoologia rodeado de bocais com peixes, para ele apenas grandes e pequenos, se voltou para o director como quem gracejava mas no fundo positivamente à míngua dos conhecimentos indispensáveis: «Ó fulano! Isto para que serve? Este peixe assim já se não come... esta aguardente já não se bebe!... para que serve isto?!...». O espírito filosófico do director respondeu-lhe com admirável serenidade e também em tom de graça, mas com o verdadeiro sentimento da ciência: «É para se não fazerem perguntas dessas». 2
  • O que é a ciência
    •   «A ciência, escreveu Paulo Bert na sua introdução, é já hoje a libertadora do pensamento, e aspira a ser a reguladora das sociedades; só ela pode substituir a fé e a resignação, hoje quase de todo decomposta, sobre que assentavam exclusivamente as organizações sociais; a educação científica, a que ensina as condições da prova é que deve, na evolução intelectual da criança, preceder e preparar a educação literária, toda de forma e de afirmação e com o método científico que devem ser abordados os problemas sociais; é a ciência que tornará precisos os limites das responsabilidades humanas, que fundará a higiene pública, essa moral das sociedades que marcará aos diversos povos o papel que lhes impõem as suas aptidões e as suas origens étnicas; pelos seus métodos, pelas suas descobertas, pela sua aplicação, a ciência conquista a direcção intelectual da sociedade.». 
    • Mas, devemos nós acrescentar com o ilustre professor, não há uma parte da ciência que pode realizar tudo isto e uma que o não pode; não há uma ciência que serve e outra que não serve; e o ministro a que acima aludimos tinha razão, visitando o museu de zoologia, para perguntar de que servem os peixes em álcool nos bocais de vidro como para perguntar, visitando uma fábrica de conservas, de que servem eles em escabeche nas latas hermeticamente fechadas. A par do nosso corpo insaciável de comodidades materiais para o qual é a ciência desinteressada que ensina a fabricar as molas dos sofás e dos coches, as finas conservas alimentares, as lãs higiénicas; a ciência encontra o nosso espírito sequioso de investigações e de saber. ... Como disse Pasteur, não há ciências aplicadas, não há senão aplicações da ciência .... As expressões de ciência pura e de ciência aplicada podem bem ficar como comodidades de linguagem, mas não como determinada no nosso espírito a concepção de dois campos da ciência, um mais fértil e mais digno de atenção do que o outro, espécie de lirismo de pequena importância. 2-3
    • ....
    • A ciência conservando, como a religião, o seu ideal e as suas necessidades espirituais deu-lhe uma forma inteiramente diversa; ela não crê na realização desse ideal senão neste mundo e as hipóteses metafísicas, espirituais e materialistas, ela substituiu a hipótese científica, a psicologia experimental criou enfim uma concepção positiva do Universo. O espírito científico satisfaz-se do que se conhece ou daquilo cujo conhecimento lhe é permitido esperar somente do que é cognoscível, ele quer tudo conhecer, ele mostra assim ter um melhor conhecimento da natureza humana e do fim da humanidade. Esta positividade, esta orientação segura, esta nova compreensão do dever, as novas bases da moral, não lhe são dadas [...] pelas maiores ou menores comodidades materiais nascidas das estimáveis aplicações da ciência. É a hipótese científica o que há-de mais pura ciência, que lhe ensina a concatenar os factos dispersos a que imprime e aos trabalhos mais práticos uma direcção precisa. É sobretudo a filosofia positiva, que, substituindo definitivamente a resignação científica à resignação mística, realizou esse grande prodígio de manter o espírito humano satisfeito dentro do estreito cárcere fechado pelo incognoscível. 4
  • Comte. Ordem matemática > astronomia > físdica > química > biologia > sociologia 4
  • Metafísica
    • Se chegámos ao estado positivo dos espíritos, não foi ainda completamente. A influência metafísica é ainda grande em todas as ciências; e ainda grande a significação errada dada às hipóteses científicas. Como diz Wyrouboff, elas «vão-se gastando no contacto dos factos, perdendo assim o carácter de doutrina para assumirem o de processo de investigação que devem ter»; mas isso vai-se fazendo lentamente. As nebulosas de Laplace, o éter, a atomicidade ainda não desapareceram de todo, e, não se encarando já muito a sério a ciência lá vai ainda lançando mão delas nas suas explicações. Uma das mais fecundas hipóteses científicas, a teoria da evolução, domina hoje todos os espíritos e caracteriza todo o movimento biológico deste século; muitos positivistas eminentes concordam mesmo na sua plausibilidade e em que, conquanto não possa vir a ser nunca uma certeza, nenhuma outra explicação é admissível mas as bases dessa teoria já se acham um pouco substituídas (ainda que com mais garantias), e ninguém poderá dizer o que ela será amanhã. 5 
  • Profissão de Fé. 5
ARRUDA 1886h
(1886), I – Classificação das ciências, como deve ser considerada a geografiaJornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9821, 27 de Agosto.
  • Afinal, qual é o assunto da geografia?
  • Littré já tratou do assunto. 2 O que Wyrouboff escreveu sobre antropologia se aplica a geografia 3
  • Propõe uma fisiografia e as funções da geografia ali 4
  • Comentários de huxley sobre a monstrificação da geografia 5
ARRUDA 1886i
(1886), II - Biografias científicas. Chevreul. Jornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9827, 3 de Setembro.
  • Biografia de Chevreul.
ARRUDA 1886j
  • Longo trecho do olho no Origin 1
  • Evolução da visão com foco nos moluscos.
ARRUDA 1886k
(1886), IV – Antropologia. Os cingaleses e os do Jardim de Aclimação de Paris. Jornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9839, 17 de Setembro.
  • Zoológicos humanos
    • Em 1881 foi uma troupe de 11 habitantes da Terra-do-Fogo, que andavam acocorados a imitar os movimentos e o grasnar dos patos, que bebiam água como os cães, com a língua, pondo as mãos no chão por não saberem erguer a escudela. O espectáculo que estes naturais deram à população parisiense, foi dos mais instrutivos; ela pôde estudar na natureza o homem primitivo e completar as suas ideias sobre a aurora da humanidade, porque, de todas as raças mais inferiores, os fueguinos são, com razão, considerados os mais puros representantes do homem quaternário. 
    • Em 1883 e agora, são os cingaleses, ou naturais de Ceilão, que constituem o objecto de maior curiosidade do Jardim de Aclimação de Paris, conquanto o seu estado físico e mental não possa comparar-se ao dos hóspedes de 1881. 1
    • ...
    • A nova troupe de cingaleses que está presentemente em Paris, é muito mais completa que a de 1883, e tem um interesse particular devido ao número de objectos curiosos que a acompanham e aos exercícios que pratica. São ao todo setenta, 57 homens e 13 mulheres, e entre eles há sacerdotes de Buda, médicos, dançarinos e domesticadores de serpentes e de leopardos. Doze elefantes, entre os quais uma fêmea amamentando o filho, catorze zebus e diversos outros animais do país, completam esta notável exposição. Os elefantes fazem os conhecidos trabalhos domésticos de força e destreza, e os zebus trotadores constituem também um curioso espectáculo. 5  
  • Tamis extinguirão os cingaleses 3
  • Poliandria. Inferioridade e Fartura 4
  • Menciona muito Haeckel.
ARRUDA 1886l
(1886), V – Demografia. A infecundidade NacionalJornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9845, 24 de Setembro.
  • Eita
    • Considerando que o sentimento religioso e os decretos da Bíblia podem ser excelentes, mas que nada nos garantem no sustento e educação material de mulher e filhos, passemos à segunda classe de causas, a nosso ver, bem mais importantes e verdadeiras. Na prostituição em geral não vemos nenhuma falta de sentimento religioso, mas simplesmente uma questão económica, uma questão de fome; as uniões ilegítimas parecem-nos devidas, em grande parte ao menos, às exigências da sociedade que não aprova que demos o nome de esposa a uma mulher de classe inferior, mas que (e pode bem ser isto devido aos nossos sentimentos religiosos) não podemos deixar porque a amamos; e, quanto à limitação voluntária da fecundidade nas uniões legítimas, ela pode ser devida a outra ordem de exigências da sociedade que fazem de um filho um embaraço constante; mas não é fácil de imaginar um casal que se prive, na força da vida e do amor, só para ter o prazer de demonstrar a sua irreligiosidade! 2-3 .... Poder-se-ia objectar a esta religiosidade de M. Legoyt, perguntando-lhe para que quereria ele os filhos de uma nação, sem o bem-estar, e como, sem o bem-estar, compreende ele a grandeza e a influência política! 4
    • Outras causas: econômicas, políticas, e fisiológicas.
  • Mas, quando estará descoberta, sem contestação, uma só dessas leis, e quando se poderá fazer dela uma aplicação prática?

ARRUDA 1886m
(1886), VI – As idades pré-históricas as Espanha e de PortugalJornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9851, 1 de Outubro.
  • Resenha do livro de cartilhac
  • Mr. Cartailhac é transformista como ele próprio declara. Todavia ele reconhece que o estudo do desenvolvimento deve fazer repelir toda a ideia de um parentesco directo entre o homem e os antropóides, abandonando assim a escola de Hœckel pela de Carlos Vogt. 1
  • kjœkkenmœddings 2-3
ARRUDA 1886n
(1886), VII – Instrução superior. A instrução superior da mulher. .Jornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9857, 8 de Outubro.
  • Toda a mulher romântica que, numa discussão a propósito do nível intelectual do seu sexo, vem por fim a concordar em que há uma grande diferença, explica-a acusando o homem – fomos nós que as fizemos assim, porque usurpámos todos os direitos, porque só nós é que fizemos as leis e não as havíamos de fazer contra nós. 
  • Mas o que é que vos impediu de reagir logo ao princípio contra os nossos «sentimentos escravizadores», senão um facto de explicação mais científica. É que as diferenças que nos separam de vós, amáveis leitoras, podem, é verdade, ter-se acumulado por efeito das instituições sociais, pelas quais nós outros somos responsáveis; mas essas instituições assentam sobre uma base que não é sociológica, uma base zoológica, anatómica, que está no vosso ventre e no vosso seio, como nas fêmeas dos outros mamíferos! 2
  • ...
  • Para explicar isto, há sem dúvida, não só a questão biológica, mas também a evolução da moral que considerou a mulher como um ente melindroso, frágil como o vidro. Foi decerto mais para a honrar e a proteger do que para a escravizar, que o homem a fez dona da casa, enquanto, forte e invulnerável, ele se fazia senhor do mundo… para lho ir pôr depois aos pés! Mas nem tudo se passou assim; a mulher, maltratada pelas religiões, personificando a tentação e todo o pecado, foi, no lar doméstico, por muitas vezes uma escrava tratada como um simples móvel da casa, como uma verdadeira besta de carga. Isto contribui poderosamente, sem dúvida, para torná-la mais astuta do que inteligente; mesmo quando ela pudesse empregar a força da razão, a força física do marido seria sempre mais decisiva. Não havia senão pôr de parte toda a ideia de raciocinar, como uma coisa não só inútil, mas que agravava ainda mais a situação, e fazer «com jeito» o que não era questão de força 3
  • Medida do cranio 2
    • A mulher está mais perto da criança e do selvagem do que do homem adulto, dizem e provam os antropologistas. .... Há sem dúvida mulheres inteligentes, como também há homens que o não são; mas é preciso não confundir a verdadeira inteligência (aptidão para associar um grande número de ideias) com aquilo que caracteriza a chamada inteligência da mulher, e que consiste quase exclusivamente em ter graça e espírito, boa memória e nada mais. 2
  • Não é possível educar a mulher igual se educa um homem.
    • todos os homens eminentes que se têm ocupado do assunto, Spencer, Duncan, Brodie, Clark, Emmel, Looms, Lawson, Goodall, têm observado que as funções particulares da economia animal das mulheres se alteram com o trabalho intelectual: há uma diminuição ou irregularidade das regras, vem a esclerose e as nevroses, a atrofia dos ovários. 4
  •  Darwin produziu Origem das espécies mas foi a mãe de Darwin (e outra não poderia ser) que produziu Darwin! 4
  • O leitor, e sobretudo a leitora, achará bem pouca simpática esta nossa revista. ....... Somos pela educação científica da mulher; a ciência, já o dissemos, vai sendo a única sanção da moral do futuro. Julgamos que a mulher pode saber muito mais coisas do que aquelas que lhe ensinam, e a nossa tese reduz-se unicamente à questão de saber se é possível educá-la e instruí-la como se educa e instrui o homem. É isto o que julgamos impossível, e a experiência tem-no já demonstrado. 4-5
  • Hereditariedade 5
  • Cientificismo
    • Esta questão zoológica parece brutal. «O quê?! Dizem os partidários da instrução masculina da mulher, a mulher pode lá enobrecer-se, metida para sempre nessa eterna vida puramente animal, de ser fecundada e de ter filhos? Fazer simplesmente o mesmo que fazem as fêmeas dos outros animais?!». 
    • Eis o que chamamos sentimentalismo pouco digno de discussão e o que explica o tom, por vezes irónico, deste nosso artigo. Já há muito que a hipótese da origem das espécies nos ensina a aceitar, sem nos irritarmos, o nosso parentesco simiano; já há muito que ela nos fez mudar de ideias a respeito do que deve ser considerado como o verdadeiro enobrecimento do espírito humano. 
    • Se a fatalidade das leis zoológicas parece brutal para o estado intelectual da mulher, que pensará o homem deste círculo de ferro em que vive? Ele tem a inteligência, o monopólio das leis, o domínio da mulher (?!); mas ignorará para sempre a causa primordial dos fenómenos e a essência das coisas! Ele soube, porém, criar a filosofia positiva que o faz pôr de parte todas essas coisas – ele é o que é; e hoje, que pode encarar impassivelmente, com a resignação científica, a inflexibilidade das leis naturais, o homem acha-se mais enobrecido do que nunca! 
    • Porque não há-de pois a educação intelectual da mulher tender exclusivamente para a fazer também feliz, dentro da sua animalidade iniludível e inexorável, dandolhe apenas a intelectualidade própria e possível, e não uma ilusória e estéril; para a fazer compreender que nada há mais sábio e nobre do que resignarmo-nos cientificamente perante as leis universais, e que a mulher não está mais brutalmente subjugada por essas leis, tendo filhos e criando-os, do que o homem o não está pelo atractivo sexual? De contrário, não se mataria mesmo na educação, esse princípio da divisão do trabalho, que é a causa única de todo o progresso fisiológico e social? 5-6
ARRUDA 1886o
(1886), VIII – Psicologia. O desenvolvimento dos sentidos na criança. Jornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9863, 15 de Outubro.
  • Resumo dos resultados de Preyer.
  • Dá notícias de seu filho
    • O meu primeiro filho, um robusto rapaz, nasceu numa bela manhã de Julho, e livre das más impressões de toda a sorte que deve produzir numa criança um parto laborioso. 
    • Eu e a minha mulher passamos por fracos e somos na verdade pouco fortes. Contudo minha mulher, que é como eu natural dos Açores, lucrou bastante com a mudança de clima, e estava relativamente bastante robusta na ocasião da concepção e nos primeiros meses da gravidez. Residimos fora de Lisboa, numa casa vasta, e todo o período da gravidez foi favorecido com a respiração de muito ar e do mais puro. Além disto nenhum de nós tem felizmente nenhum vício de sangue, e nos nossos avó há organizações verdadeiramente hercúleas, criadas à larga, pelos montes e vales açorianos. Um dos meus tios, irmão de meu avô materno, foi (quase toda a gente o ignora) o ilustre micaelense companheiro de José Estêvão, Manuel António de Vasconcelos, cuja têmpera moral e intelectual valia tanto como a têmpera física. 
    • Com estes precedentes, o meu filho nasceu com uma aparência tal de robustez, e com tão boas proporções que fui imediatamente medi-lo e pesá-lo. 
    • Meia hora depois de nascer pesava 3 quilos, tinha 35,5 centímetros de circunferência craniana, ½ metro de estatura e 12,5 centímetros de largura nos ombros, números que, segundo os registos que pude consultar, estão um pouco acima da média geral, e talvez muito acima da média das cidades. O peito era alto e cheio, o deltóide já acusado, as feições, à excepção do nariz, muito regulares e parecendo definitivas; os vagidos denotavam a posse de um pulmão valente.
    • .....
    • A causa deste engano, de se não poder crer que aquele retrato seja de uma criança de mês e meio, não é só a conformação hercúlea, a espinha direita, a posição livre e graciosa do braço, mas principalmente a expressão da fisionomia e sobretudo a fixidez do olhar. Com efeito, o retrato apresenta exactamente a expressão de quem presta a maior atenção a um discurso ou a uma representação dramática. 4-5
  • Várias outras observações
    •  
ARRUDA 1886p
(1886), IX – Ensino das ciências. O ensino prático da Zoologia. Jornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9870, 23 de Outubro.
  • As ilhas do Atlântico, sobretudo os Açores, oferecem ao naturalista os mais bem caracterizados fenómenos, os mais interessantes problemas das ilhas oceânicas, a mais bela página do estudo da distribuição geográfica. Quais são os animais que habitam essas ilhas distantes? São eles iguais em todo o arquipélago? Variam de ilha para ilha? Que relações têm esses animais com os do arquipélago vizinho e com os dos continentes vizinhos? Como foram eles transportados para lá, ou os seus gérmens? Os animais comuns à Europa e à América encontram-se eles também nos Açores? Provará isto a existência de um continente atlântico (a Atlântida) hoje submergido? 1
  • Scientist Directory 2
  • Criticas
    • Em Portugal pode dizer-se que não há uma só tese (tenho grande número à vista), que não seja um mero trabalho de vulgarização, e é a vulgarização banal da teoria de Darwin, que tem servido mais largamente as nossas teses. 
    • Se examinarmos os trabalhos práticos dos nossos poucos zoólogos, vemos um outro facto característico, que as suas observações, conquanto de grande valor, têm por objectivo exclusivamente a zoologia descritiva e sistemática, havendo uma falta completa de trabalhos anatómicos ou fisiológicos. 2
    • Morelet 3
  • História da zoo
    • A história da zoologia dos tempos modernos, isto é, passada a Idade Média, ou época de Alberto, o Grande, pode dividir-se em três períodos: o período enciclopédico, que durou um século (1520-1620), e é caracterizado pelos trabalhos de Belon, Rondelet, Gesner, Wotton, Aldrovandi, Fabricius; o período da sistemática, que durou dois séculos (1620-1820), terminando-se pela aurora apenas da anatomia comparada, e cujos grandes vultos foram Ray, Klein, Lineu, Pallas; e o período da morfologia, que dura há sessenta anos, e no qual a zoologia empreendeu, finalmente, o conhecimento seguro das leis da organização animal, estudando as correlações das duas firmas, externa e interna, e o seu desenvolvimento; os vultos colossais deste período são Cuvier, Lamarck, Owen, Darwin. Ora toda a nossa zoologia prática tem exclusivamente o carácter do segundo período; não penetrámos ainda no campo da morfologia, não trabalhámos ainda na «solução definitiva do problema». 2-3
  • Nota-se em camões a falta de interesse do português pela natureza. 3-4 e histórico de desinteresse 4
  • Biologia prática contra os filósofos de papel de Huxley 4-5
  • Comte
    • Com efeito a biologia ocupa, na classificação de Comte, na classificação natural das ciências, uma posição central e o seu estudo prático não é portanto um complemento simplesmente bonito da nossa educação científica; o estudo prático da botânica, e sobretudo da zoologia, é indispensável para o conhecimento sólido das outras ciências, da que está antes, e da que está depois. É no íntimo dos tecidos anatómicos de determinadas espécies animais que se produzem os grandes fenómenos da química orgânica; é indispensável saber descobrir, identificar e dissecar essas espécies. Não se pode estudar e resolver nenhum problema de sociologia sem considerar a base biológica (veja-se a nossa penúltima revista sobre a instrução superior da mulher); sem conhecimentos antropológicos bastante vastos não é permitido hoje a ninguém ocupar-se a sério do estudo da evolução das sociedades humanas, e esses conhecimentos antropológicos não se adquirem sem o conhecimento prévio das leis gerais da biologia, e não se adquirem simplesmente, porque as leis particulares não se compreendem; e as leis gerais da biologia só podem estudar-se e fixar-se com os exemplares à vista, manejando-os, apalpando-os e cortando-os convenientemente. 5
  • Importância para formação de médicos 6
  • Línguas
    • Criar-se-ia o sentimento geral das ciências naturais e dos trabalhos práticos, algumas vocações se poderiam aproveitar melhor, muitas se formariam, e, se isto se tivesse já feito, não teria sido milagre que um dia tivéssemos podido, nós também, impor a nossa língua, pelo número dos nossos trabalhos originais de zoologia prática, sobre a fauna do país e das nossas possessões, como o conseguiu a Alemanha, que também, apesar de ter sido sempre um grande país, não impôs a sua língua nem pelo comércio, como a Inglaterra, nem pela literatura, como a França, mas a vai impondo pelo número e pela qualidade dos seus trabalhos práticos de ciência pura. Este facto seria bastante para demonstrar a importância do ensino prático da zoologia. 6-7 
ARRUDA 1886q
(1886), X – História das ciências. O elemento francês na ciência alemã. Jornal do Commercio, ano XXXIII, nº 9875, 29 de Outubro.
  • Alemanha, Inglaterra e França nas ccs
    • A Alemanha possui qualidades verdadeiramente particulares: as investigações do sábio alemão têm um fim elevado, e os seus trabalhos têm cunho de uma obra toda profissional e são admiravelmente feitos para agradarem às grandes inteligências. O sábio alemão é sobretudo um investigador, um chercheur. 
    • E esta condição é-lhe rigorosamente imposta, pois que a sua posição na ciência ele não a deve senão às suas descobertas originais. Para entrar na carreira, ele deve ter feito alguma descoberta útil, e para isso, deve conhecer a fundo tudo quanto se tem feito sobre a matéria. Para exceder os que lhe são iguais, ele deve estar senhor de todos os métodos, conhecer todos os factos novos, todos os aperfeiçoamentos. O tipo do sábio alemão conhece a fundo o estado da ciência, os problemas que são a ordem do dia, as questões a resolver, as descobertas a tentar, as lacunas a preencher. 
    • A Inglaterra possui uma ciência mais de amadores que de professores. Até quase aos nossos dias, o chercheur não teve uma posição bem definida na organização social inglesa; as investigações e as descobertas eram um acessório. Os trabalhos dos sábios ingleses, não têm o cunho da profissão: tendo terminado a sua instrução nas Universidades, os ingleses deixam-nas para nunca mais aí voltarem. O traço característico da ciência inglesa é o gosto pelas generalizações, que falta na Alemanha a qual não produziu nem Lineu, nem Darwin, nem Lyell, nem Lavoisier, nem Descartes. Esse traço característico da ciência inglesa é o resultado de qualidades especiais daquela raça. Um simples mestre chega a uma conclusão geral por um processo de esforço individual, que é inteiramente diferente do método democrático dos alemães, os quais generalizam acumulando os esforços de todos. 
    • A ciência da França é essencialmente uma ciência confinada ao seu país; ela coloca-se à parte, e tem apenas um conhecimento imperfeito, incerto, do que se faz no estrangeiro; as descobertas originais de além da fronteira não a interessam. Os franceses estão muito aquém do grande movimento científico destes últimos anos. 1
  • Grande quantidade de traduções de obras alemães na frança. 1, 2-3
  • Nota-se, em muitos trabalhos de crítica bibliográfica, que os sábios franceses da actualidade consomem bastante tempo em questões patrióticas de reivindicação da prioridade de descobertas que só na mão dos sábios estrangeiros tomaram o devido desenvolvimento, em vez de tratarem de fazer outras de igual valor, levando-as a melhor fim. 2 exemplo de quatrefages e cd e wallace. O transformismo, contudo, tem origem na frança
  • França fatigada 2
  • França na alemanha segundo Bois-Reymond 3-4
  • Conclusão
    • Se a Alemanha tem hoje o primeiro lugar no movimento científico da Europa, e se tenta rebaixar também politicamente a França, não lhe deve pouco; e se, como dissemos no fim da nossa última revista, ela nos dá o exemplo raro de uma língua difícil que se impõe pelos trabalhos de ciência pura, teve primeiro que expulsar do seio das suas academias a língua francesa, de uso oficialmente decretado e aí dominante há apenas um século. 
ARRUDA 1886r
(1886), XI – Fisiologia. Os jejuns experimentais. Jornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9880, 5 de Novembro.
  • Jejum de succi
  • Conclusão
    • «M. Succi – conclui M. Bernheim – é, portanto, um crente. Convencido do poder do seu licor, fanatizado pela sua fé na eficácia dessa bebida, ele neutraliza a sensação de fome por auto-sugestão, como os histéricos podem neutralizá-la por sugestão, vinda doutra pessoa. Ele não morre de fome, porque não tem fome, e sofre apenas os efeitos da inanição, que, por si só, não mata em 80 dias.». 
    • Acreditando provisoriamente no que nos diz a ciência, pela boca destes dois fisiologistas eminentes, aguardemos com curiosidade o resultado do novo jejum que vai brevemente ter lugar em Paris. 
ARRUDA 1886s
(1886), [XII] – História da zoologia. Exploradores zoológicos portugueses, Alexandre Rodrigues Ferreira. Jornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9886, 12 de Novembro.
  • Reclama de Portugal não ter feito viagens de exploração. 1
  • Alexandre Rodriques Ferreira. Biografia e viagem ao grão-pará 2-3
  • Manuscritos 3-4
  • Estando neste momento ocupado com o minucioso estudo de alguns dos seus desenhos e trabalhos zoológicos, quisemos apenas dar a conhecer suficientemente aos nossos leitores esse português tão ilustre quão ignorado, verdadeiro precursor dos Spix, dos Martins, dos Humboldt e Bonpland, cujo nome poderia ter ficado para sempre inscrito ao lado de D. Félix de Azara e que se acha inteiramente apagado na História da Zoologia! 4
ARRUDA 1886t
(1886), XIII – Fisiologia. As mutilações espontâneas ou a autotomia. Jornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9892, 19 de Novembro.
  • E eis as condições precisas em que se dá a amputação espontânea ou autotomia das patas dos caranguejos. Ela depende de uma pressão forte ou mesmo do esmagamento do membro e de condições especiais da sua organização interna e estrutura, e não é pois uma faculdade consciente de escapar ao perigo favorecida pela fragilidade das articulações, pois que tal fragilidade não existe, que a ruptura não se dá na articulação, mas sim no próprio corpo de um determinado artigo da sua pata, e numa determinada região, e que, sentindo-se preso mas não particularmente apertado, o animal não tem a faculdade de se libertar autotomizando-se. 3 
  • E assim vão caindo, ao estudo profundo de cada fenómeno, as concepções maravilhadas e ideológicas da origem e do funcionamento da vida 4
  • Teste com lagarto também 5
ARRUDA 1886u
(1886), XIV – Biografias científicas. Paulo Bert. Jornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9898, 26 de Novembro.
  • Revista inspirada no République Française de Bert. 1
  • Le Bon e a cientificização do mundo 1
  • Bert não separava cc de política 2
  • Biografia e apreciação da obra 2-5
ARRUDA 1886v
XV – Zoologia. Os cefalópodes e uma espécie julgada nova das costas de Portugal. Jornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9907, 7 de Dezembro.
  • Explica o O. carolis e o que são moluscos com enfase nos cefalópodes.
  • Cita o macho e a femea 2
  • Questão da unidade de plano entre cuvier e st hilaire 2-3
  • Michelet e Crosse contra Hugo 3
  •  ela será uma das mais interessantes na interessantíssima classe de moluscos a que pertence. 5 
ARRUDA 1886w

(1886), XVI – Higiene. Os esgotos e o aproveitamento das suas águasJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9910, 11 de Dezembro.

  • Uso do esgoto como fertilizante. 2
  • Schloesing e Munts e as bactérias nitrificantes. 2
  • Microbios 3 
ARRUDA 1886x

(1886), XVII – Higiene. Os cemitérios, a sua vizinhança, o seu ar, a sua águaJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9915, 17 de Dezembro.

  • Cremação 1
  • Repete a coisa do solo limpar os eflúvios contaminados.
    • É por isto que dissemos, na segunda parte desta revista, que a porosidade do solo dos cemitérios, longe de ser, como vulgarmente se julga, uma porta aberta para a saída de emanações pútridas era, pelo contrário, a melhor condição que eles podem ter: o ar e a água penetram fácil, alternativa e uniformemente, apressam a dissolução, estabelecem do modo mais proveitoso a divisibilidade e difundibilidade das matérias solúveis, pondo-as assim em contacto, molécula por molécula, com o ar atmosférico espalhado nos interstícios do solo e com os fermentos nítricos, e tudo isso se queima lá dentro, sem ter tido tempo de chegar até nós. 4
    • [umidade impede poeira e] É escusado acrescentar que, não só os micróbios, mas também nenhuma emanação fétida, dadas estas condições, se espalharia no ar. O ácido sulfídrico é o infectante mais conhecido dos produtos da fermentação pútrida; mas é também o mais fácil de destruir: o oxigénio do ar queima-o rapidamente, e os sais de ferro ou de zinco apoderam-se dele e fixam-no; nas águas dos esgotos ele é raro e vai sendo queimado pelo oxigénio do ar e das próprias águas, à maneira que vai sendo produzido. Mais sérios, na verdade, são os outros produtos da fermentação pútrida, os amoníacos sulfurados; mas o meio aconselhado, como o mais seguro, de os tornar inofensivos, é precisamente o solo com as suas condições especiais de purificação. Portanto esses compostos mais temíveis não podem desenvolver-se em lugar mais próprio para serem atacados do que nas sepulturas, onde, do mesmo modo que iguais produtos dos campos de Gennevilliers, os fermentos nítricos, descobertos por Schlœsing e Müntz, «têm como resultado final a transformação completa das substâncias azotadas ou amoniacais em compostos nítricos que ficam inofensivos». 5 
ARRUDA 1886y
(1886), XVIII – Etnografia. A missão científica de M. Maurel no CambojaJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9921, 24 de Dezembro.
  • Le Bon 1
  • M. Maurel demonstra também que a França possui uma grande ciência de colonização, citando o Canadá, a Argélia, a Reunião, a Cochinchina, e a Nova Caledónia, e espera pois que o Camboja e o Tonquim forneçam disto novas provas. 5 
  • De resto, fala de coisas do camboja
ARRUDA 1886z
  • Fósseis e geologia da áfrica comparada a portugal.
  • Tradução?
ARRUDA 1887e
(1887), XX – Fisiologia. A propósito da evolução do sentido das coresJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9933, 11 de Janeiro.
  • A não querermos dar como quimera, como actos inteiramente nulos a observação, a experiência, o raciocínio e o saber, somos obrigados a admitir a realidade do mundo exterior. Este mundo, como diz Letourneau, «existe independentemente da nossa vida de consciência; existia quando nós não existíamos ainda; existirá quando nós já não existirmos». Pois bem: nem por isso vemos esse mundo que existe, que existiu e que existirá, senão por meio dos nossos sentidos, e esses sentidos variam; se é já difícil que dois homens concordem exactamente no que vêem, que apreciem as cores e as formas igualmente, o que nos diria um gato, ou uma coruja, do valor dos nossos sentidos, do nosso modo de apreciar os fenómenos que estão ao alcance dos sentidos deles?! O «acto de fé que as ciências de observação exigem de quem quer cultivá-las», deve pois reduzir-se a crer na existência do objectivo, do não-eu dos psicólogos, sem obrigação de tomar exageradamente os nossos sentidos como «honradas e sinceras testemunhas». O contrário é não já um resto inevitável de antropomorfismo, mas, no fundo, a pura concepção antropomórfica, e são precisamente essas ciências de observação que nos exigem primeiro que tudo que acreditemos na realidade do que apalpamos e do que vemos, que nos não deixem já persuadir de que vemos as coisas como elas são realmente. Os objectos são uma realidade cósmica, as impressões que eles produzem nos nossos sentidos não são realidade senão para nós ou para o que tiver órgãos dos sentidos iguais. 2
  • Exerimentos de Bert e Lubbock e outros. Bert contra Huxley. 3-6
  • Darwin 5
  • Concl
    • Não se poderá pois negar a existência do sentido das cores em animais mesmo muito inferiores, mas indicar qual o valor preciso dessas sensações cromáticas, será por muito tempo ou mesmo para sempre um problema insolúvel e onde um modo de ver antropomórfico terá sempre grande influência 6

ARRUDA 1887f
(1887), XXI - Trabalhos da Sociedade Helvética das Ciências Naturais. Zoologia e FisiologiaJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9936, 14 de Janeiro.
  • Fol estuda a epidemiologia da raiva e como tratá-la 1-2
  • Forel estudaa percepção ultravioleta das formigas. Lubbock concorda, mas tem embate com Graber 2-4
ARRUDA 1887g
(1887), XXII – Física aplicada. Os progressos da fotografiaJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9942, 21 de Janeiro.
  • História da fotografia e suas descobertas técnicas.
  • Dando notícia desta bela descoberta, escreve, em La Nature, M. G. Marshal: «Uma coisa notável na história das invenções, é que ao princípio os aparelhos mais simples dão geralmente maus resultados, e se é obrigado a complicá-los para que funcionem dum modo satisfatório, e que mais tarde, quando os princípios sobre que eles assentam são mais bem estudados, quando a ciência a que esses princípios se referem faz sensíveis progressos, olha-se para trás perguntando se não seria preferível voltar ao ponto de partida, se os aparelhos primitivos não são os melhores, ao menos para certas aplicações.». É curioso notar que este é um processo geral na Evolução: segundo Ed. Hœckel, o segundo período da evolução dos organismos, tanto vegetais, como animais, é de complicação, o último dos três em que essa evolução se pode resumir é de simplificação, redução do número de certos órgãos, soldadura de outros, etc. 5
  • Para que resultado maravilhoso convergirão todas estas descobertas e onde parará o progresso das ciências? 5
ARRUDA 1887h
(1887), XXIII – Medicina. Profilaxia da febre amarelaJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9947, 28 de Janeiro.
  • Importância de domingos freire. 2
  • Vários experimentos epidemiológicos e desenvolvimento da vacina. 4
ARRUDA 1887i
(1887), XXIV – Biologia. Os meios de defesa das plantas e dos animaisJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9952, 4 de Fevereiro.
  • Darwin (esse homem prodigioso, que compulsou a natureza inteira) 1
  • Artigo de Errera.
  • Critica
    • As plantas vassalas, colocando-se sob a protecção de certos animais, ou de outras plantas mais bem protegidas, ficariam sem exemplo, se tomássemos ao pé da letra a frase do autor. É, porém, evidente, que se não trata aqui de plantas colocandose, mas colocadas, acidental e inconscientemente, como inconscientes e inactivos são todos os meios de defesa classificados por Mr. Errera. Feita esta observação, que não é tão pouco importante como se julgaria, pois esta linguagem metafísica aparece, do modo mais estranho, nas considerações finais do autor, é então fácil achar por si os numerosos exemplos daqueles curiosos factos, a que Mr. Errera chama vassalagem, mas a que seria possível talvez dar uma denominação mais apropriada 2
    • A imagem pode ser bonita; mas M. Errera poderia ter achado melhores mestres do género humano nos meios de defesa do próprio reino animal; entre os vegetais e os nossos métodos há alguma diferença: nós canforamos as nossas gavetas, e as plantas, usando largamente da faculdade que M. Errera lhes concede, não se tem sabido canforar senão a si próprias, coisa que, por outro lado, nós ainda não pudemos aprender com elas a fazer do mesmo modo. 3 
  • Le Bon 2
  • Depois passa para Morris e os animais que usam sua faculdade de locomoção. 3-4
  • o único fim possível destas nossas revistas é chamar a atenção para o assunto, e com isto julgamos ter já feito alguma coisa útil. 4 
ARRUDA 1887j
(1887), XXV – Colonização. As colónias alemãs na ÁfricaJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9958, 11 de Fevereiro.
  • O artigo, cuja exposição vai ser o objecto da presente revista, vem publicado na Revue Scientifique, sob o título de classe – GEOGRAFIA. Fieis aos princípios estabelecidos na nossa primeira revista, Como deve ser considerada a Geografia, não podemos publicar a exposição desse artigo sob aquele mesmo título. Colónias e interesses coloniais podem tratar-se, com toda a vantagem, nas sociedades geográficas, mas são problemas sociológicos; há uma ciência superior abstracta, a sociologia, com um ramo onde a política carece de modo mais especial do estudo da influência dos meios e da aptidão para lhes resistir, do estudo das raças inferiores, dos seus costumes, dos seus sentimentos – a ciência de colonizar. É isto muito complexo e superior, para, na sistematização dos conhecimentos humanos ir, sem o carecer, colocar-se sob a rubrica de miscelâneas descritivas. Supondo, pois, que a ciência de colonizar é um ramo da sociologia, cuja realidade estão hoje vendo, como nunca, e algumas mesmo perto de mais, todas as potências da Europa – é sob essa rubrica que preferimos expor o artigo em questão. 1
  •  Revue scientifique. Colônias alemãs.
ARRUDA 1887k
(1887), XXVI – Fisiologia. Os sentidos antes do nascimentoJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9964, 18 de Fevereiro.
  • Resultados experimentais de Preyer.
ARRUDA 1887l
(1887), [XXVII] – Piscicultura e pescas. História da comissão de pescarias dos Estados UnidosJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9969, 25 de Fevereiro.
  • Congratulações à instituição
ARRUDA 1887m
(1887), XXVIII – A água potávelJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9975, 4 de Março.
  • Envenemanetos diversos da água potável 1-2
  • Snow e a bomba 2
  • Ferver e filtrar a água 3
  • Conferência de Brouardel
ARRUDA 1887m
(1887), XXIX – Biologia. HereditariedadeJornal do Commercio, ano XXXIV, nº 9998, 1 de Abril.
  • Biografia de Darwin por Grant Allen. 1
  • A influência individual, o grande homem, é uma realidade tão inquestionável quanto o é a profunda desigualdade das nossas aptidões. 1
  • Essas aptidões especiais de Carlos Darwin provêm principalmente dos seus antepassados, são devidas às leis da hereditariedade 2
  • Tem uma biografia de candolle também. 2
  • Linhagem materna para além de Erasmus. 2-3
  • Le Bon 3
    • E assim, ao tomarmos conhecimento da outra, pareceu-nos que os filhos haviam de predominar quando a robustez da mãe fosse, em absoluto ou relativamente, superior à do pai, e que predominariam as filhas no caso contrário. Esta hipótese permitiu-nos fazer algumas previsões que se realizaram e pondo-nos em busca de factos eloquentes, encontrámos imediatamente na sociedade em que vivíamos os seguintes casos que aqui deixamos registados, e que nos parecem dar uma certa demonstração 3-4

ARRUDA 1887a
(1887), Sur une nouvelle espèce de Céphalopode appartenant au genre Ommatostrephes. Memórias da Academia Real das Scienceas de Lisboa6, 2: 16 pp.
  • Conta a história de como descobriu a nova espécie de lula. Capelo? > D. Luís > D. Carlos > Bocage > Hoyle > Fisher > Steenstrup 1-2
  • Segue uma descriçã detalhada dos espécimes e porque devem ser uma nova espécie.
  • Crosse tece comentário elogioso.
ARRUDA 1887b
(1887), A ostra portuguesa. Revista Intelectual Contemporânea, ano I, nº 13: 97-98.
  • Comentários sobre a ostra portuguesa e tensões comerciais com a frança.
ARRUDA 1887c
(1887), A triquina. Revista Intelectual Contemporânea, ano I, nº 13: 100-101.
  • Descrição da triquina, seu ciclo de vida, problemas para o homem e como se livrar dela pela higiene.
    • Se a terapêutica da triquinose é difícil e mesmo impossível, a higiene é, pelo contrário, facílima. Em primeiro lugar, a triquinose não é uma epidemia: é preciso que os porcos comam os cadáveres dos ratos ou de outros animais que estejam infestados pela triquina; em segundo lugar, logo que a carne de porco foi bem cozida não há perigo algum: segundo as experiências de Bouley e Gibier, confirmando as de Livon, Boninom e Calliot de Poncy, as baixas temperaturas de 20º e mesmo de 15º são suficientes para fazer morrer as triquinas contidas nas carnes destinadas à alimentação. 2-3 
ARRUDA 1887d
(1887), Inteligência dos animais. Revista Intelectual Contemporânea, ano I, nº 13: 101 - 102.
  • Finda a revista científica. Gostaria de começar outra.
  • Anedota de um gato caçando pombas.

ARRUDA 1888
(1888), Sur le Bulimus exaratus, Müller. Journal de Conchyliologie, (3), 28: 5 – 10 (1 er janvier).
  • Furtado apresenta os resultados do seu estudo de três exemplares de B. exaratus recebidos do explorador Francisco Newton, provenientes da ilha de São Tomé. Considerada a dificuldade de atribuir o género Bulimus a partir da concha, Furtado estudou a anatomia dos seus exemplares, que descreve e compara com os de outros autores. Estes resultados sublinham a insuficiência da concha para a classificação sistemática e provam que, neste caso, só a anatomia pode resolver certas dificuldades.
NOTÍCIAS DA MORTE
  • República Federal 28/06/1887 - Francisco d’Arruda Furtado fez-se a si próprio; pois ao encetar os estudos de história natural, ele nenhuma preparação científica tinha: sabia a sua língua, a francesa e a inglesa e possuía alguns conhecimentos de desenho.
  • RF, 02/08 Diário de Notícias - Museu e revistas. Menciona a lula.
  • RF 09/08 Século - HN e Museu. Irmaõ de Antonio.
    • Jornal do Commercio - Maior. "tendo constituído família, a luta pela existência tornava-se-lhe ultimamente mais cara." Orgulho do filho. "Arruda Furtado era um homem exemplarmente honrado"
  • RF 16/08 Jornal da Noite - Cita o materiais, o macho e agemea e estudos de conquilogia. "Foi ele que nos Açores levantou pela primeira vez a questão da descendência do homem, segundo a aplicação da teoria de Carlos Darwin, que algumas vezes o honrou, com animadoras palavras, como ainda ultimamente, o sábio Dr. Gustavo Le Bon."
    • Folha do Povo - Materiais. "possuía cartas muito honrosas de Gustavo Le Bon e de Darwin, pedindo-lhe indicações antropológicas e outras com respeito aos Açores e a Portugal". Antonio.
  • RF 23/08 Povo d'Aveiro. "obreiro corajoso na derrocada dos velhos preconceitos e das más doutrinas". Homem e o macaco.
    • O Combate - Antonio.
    • O Açoriano - Concheologia. "correspondia-se com sábios do estofo de Darwin, Gustavo Le Bon e outros."
  • Crosse Journal de Conchyliologie, 36: 120-1, 1888. Teria um muito mais contribuições.

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